tag:blogger.com,1999:blog-34469279433943256792024-03-12T21:02:47.488-07:00A Força Que Nunca SecaRaphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.comBlogger87125tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-1158087299345080722012-05-21T19:40:00.001-07:002012-05-21T19:41:03.010-07:00Esquina Musical<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEDnsSaWieeQ9Csi9tGoxewaiDUooYkpuP1RsThEOtQmdUOa9SMGbOtgfOmee8jc2niWzT6v_z0tdJDvUcCruovmT51vCua5FFSUD0z73BJmJ5L_ggEDW5JVBn7rtLfLh-lV5u4oTVx7AM/s1600/Esquina_Musical.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="72" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEDnsSaWieeQ9Csi9tGoxewaiDUooYkpuP1RsThEOtQmdUOa9SMGbOtgfOmee8jc2niWzT6v_z0tdJDvUcCruovmT51vCua5FFSUD0z73BJmJ5L_ggEDW5JVBn7rtLfLh-lV5u4oTVx7AM/s320/Esquina_Musical.jpg" width="320" /></a></div>
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Na Esquina Musical você encontra sons, letras, ruídos, palavras. Tudo que rima e flui. Do Funk à Música Clássica. Poesia, Cinema e Teatro. Jornalismo e Literatura. Cultura.
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<span style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif;"><span style="font-size: 11px; line-height: 14px;"><br /></span></span></div>
<a href="http://www.esquinamusical.com.br/"><span style="color: black;">http://www.esquinamusical.com.br/</span></a><br />
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Espero vocês lá! Atualizações diárias =)<br />
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Abraços,<br />
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Raphael VidigalRaphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-72134250039839593452012-02-15T05:57:00.012-08:002012-02-15T06:14:01.002-08:00Wando (1945 - 2012)<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrJnwvbsEwit8l3ua7apcd0shrRxXj85OAdsc7pakQcNMKH2Hu_vf5MqcGGVAeS2GzspPrSlJ0GYA-o5eygAFexEV-QQS2oOqXH_Fn1fASd_CY8zO3GQoRHwXo1yGzay8IkV732rqwkTd_/s1600/Wando+3+%25281%2529.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 234px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrJnwvbsEwit8l3ua7apcd0shrRxXj85OAdsc7pakQcNMKH2Hu_vf5MqcGGVAeS2GzspPrSlJ0GYA-o5eygAFexEV-QQS2oOqXH_Fn1fASd_CY8zO3GQoRHwXo1yGzay8IkV732rqwkTd_/s320/Wando+3+%25281%2529.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5709363608253535346" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=0893851" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object><br /><br />O artista popular alimenta-se das carícias do público. Numa tenda de frutas, debaixo de um sol de meio dia, o menino criado no interior de Minas Gerais, vendia seu peixe.<br /><br />Quando apareceu num belo dia um ilustre cliente: Jair Rodrigues era seu nome. Alto, esbelto, sensual, cantava sambas ao lado de Elis Regina na televisão, e decidiu levar aos palcos a música do menino das frutas.<br /><br />Wando imediatamente estourou nas paradas de sucesso, mas à distância, assistindo embevecido ao êxito de sua composição através das repetições radiofônicas. Logo, quis conhecer ele próprio o afago do público.<br /><br />Investiu-se de uma sensualidade consentida, num acordo tácito entre ele e a platéia ficaria provado que para se conseguir carinhos não eram necessárias mais do que meias palavras, cantadas ao pé do ouvido, com charme e saliência.<br /><br />Wando atestou que mesmo desfeito dos traços de Jair Rodrigues, tanto corporais quanto vocais, havia possibilidade de conquista no horizonte da música brasileira. Romântico, brega, apelativo, sambista, compositor de verve confessional, Wando foi tudo isso e muito mais. Reduzido ao rótulo de ‘cantor das calcinhas’, ele se mostrou imenso em seu traquejo com o povo.<br /><br /><iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/Woze-wo9030" frameborder="0" allowfullscreen=""></iframe><br /><br />Um artista popular. Freqüente nas rodas de violão em interpretações confraternizadas de “Moça” (<span style="font-weight:bold;">Eu quero me enrolar nos seus cabelos, abraçar teu corpo inteiro, morrer de amor, de amor me perder, eu quero, eu quero...</span>), “Fogo e Paixão” (<span style="font-weight:bold;">Você é luz, é raio, estrela e luar, manhã de sol, meu Iaiá, meu ioiô, você é sim, e nunca meu não, e quando tão louca me beija na boca, me ama no chão...</span>), e outras pérolas enternecidas por refrãos igualmente envolventes. Além disso, tornou-se referência ao abordar em suas músicas questões espinhosas, como virgindade, orgasmo e homossexualidade.<br /><br />Erótico nos gestos, nos murmúrios e no olhar, Wando repousa nos braços do povo que em várias camas sonha com teu repertório de frescor enluarado.<br /><br />Raphael VidigalRaphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-64784975635178583322011-12-15T14:44:00.001-08:002012-02-15T06:20:04.797-08:00João do Vale<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4acZsUUEedQHcImVH6_xRmCpNKoKaEbhemRjq2F7kTYFfzz7NDwCiPwtKpivOTOjDMxqLz2rWy5gQlCkixDN3g_2FqbjVeBdmWh5V1AM4FeTbH4y1-dUSxR9SqX4lRtQiTPCX4zOVqP1M/s1600/joaoDoVale-capa.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4acZsUUEedQHcImVH6_xRmCpNKoKaEbhemRjq2F7kTYFfzz7NDwCiPwtKpivOTOjDMxqLz2rWy5gQlCkixDN3g_2FqbjVeBdmWh5V1AM4FeTbH4y1-dUSxR9SqX4lRtQiTPCX4zOVqP1M/s320/joaoDoVale-capa.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5686490438282898226" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=455d85d" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object><br /><br />Rude João Batista. Do Vale, donde emergem misérias amarelecidas. Que o tempo não carcomeu, pois Carcará se enganchou sobre vestes rasgadas, com olhos de furar o sol.<br /> <br />Profeta do norte, repentista sem pátria. Cabeça na bandeja de palha. A ema gemeu quando esqueceram teu parto. Tal retirante legou em cada canto um aviso, gemido, burburinho. Num arrasta-pé sem vergonha, com muita alegria. Nutrido à carne escassa, seca mandioca, picardia. Mas se dança e belisca numa danação arredia, pouco tímida, que lança e provoca enquanto espia. Malícia de ventre em véu, sem amarras nem covardias. <br /><br />O segredo do sertanejo ninguém explica. Convide Coroné Antônio Bento e pesque uma isca. Só dando com o peba na pimenta pra suportar terra assim ardia. Sorriso bronco branco asseado. Casca escura de fina usura. <br /><br />Assim pesado, fruto de todos os pesares, maldizeres, apertos, segura a pena com delicadeza e percorre com anjos nos pés a asa do vento, emaranhando-se na teia da aranha, se lambuzando com o mel da abelha. <br /><br />As Pedreiras do Maranhão te criaram para o mundo. E a cachaça de todo dia, o suor escorrendo na testa, encontrando o peito de pêlos, grudaram com tanta força em teu corpo que não posso dizer se não te perderam, ou foste tu, João, que não largou da mão deles. <br /><br />Dos teus irmãos, à beira do palco no teatro Opinião, distantes, repudiando as demonstrações de desafeto dos donos da panela, eximindo de culpa os que cozinham nela, pois já trazem tantas cruzes e tantas velas acesas.<br /><br />Visões de um Cego Aderaldo a espalhar correntes? Talvez a sina do irmão sem berço Patativa, nos braços de Assaré? Importa como o pássaro foi capturado? Como se lhe arrancou os dentes? Ou como o coração cuspiu as entranhas? Tu és barro levado ao fogo por Mestre Vitalino, “puro”, como diz Chico Anysio. Transformação divina. “A rosa não tem porquês. Ela floresce porque floresce.” Ângelo Silésio. Porque as flores são tão bonitas jogadas ao chão e tão distantes jogadas no vento. <br /><br />Fulô caída no chão precisa de pés esgarçados, estrela no céu é miúda e brilhante. Mas não iluda, João, não iluda. Tua espera é realidade. Nossa miséria, nossa fome. Que na tua morte, sejamos menos ingratos. <br /><br />Raphael Vidigal<br /><br />Publicado no jornal "Hoje em Dia" em 6/12/2011.Raphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-32668119751098240522011-11-01T09:54:00.000-07:002011-11-01T10:04:15.277-07:00A Homossexualidade em Cazuza<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhblIgv43OdPTFRRr87apKXSN2dMx9chY573jxid1muXKkzZR55ouGRtW2TfD_IzNUHoFq4_xb7zIfb012lKBHV0Y9YGP_HYPUCKzuweXGXb666g3k6l5ffrzlEhiXr4Zx3tfDRPLMK92s4/s1600/cazuza-18-morte-09g.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 314px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhblIgv43OdPTFRRr87apKXSN2dMx9chY573jxid1muXKkzZR55ouGRtW2TfD_IzNUHoFq4_xb7zIfb012lKBHV0Y9YGP_HYPUCKzuweXGXb666g3k6l5ffrzlEhiXr4Zx3tfDRPLMK92s4/s320/cazuza-18-morte-09g.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5670072754292287026" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=3e536c8" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object><br />Cazuza foi um dos mais importantes cantores e compositores da década de 80, tendo sido um dos principais personagens do rock nacional que se instalou definitivamente na música brasileira a partir dali. Em sua obra, a representação da homossexualidade não se deu de forma linear e única, pelo contrário, Cazuza tocou de diversas formas no assunto, a maioria das vezes nas entrelinhas e através de metáforas, como era seu estilo. <br /><br />Além de ter se assumido bissexual publicamente, Cazuza foi um dos compositores mais importantes na música popular brasileira na abordagem do tema, por tê-la feito de tantas maneiras tão distintas em mais de 10 canções durante a breve carreira, de 1982 a 1990. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">1- Por que a gente é assim? (1984)</span><br /><br />Primeira música gravada por Cazuza com referência à homossexualidade, em 1984. A canção é de Cazuza, Ezequiel Neves e Roberto Frejat e enfrentou resistência dos companheiros de banda de Cazuza para ser gravada por conta dos versos que remetiam à homossexualidade. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXqFAs3o21RbpjiRRrfPu6CBKPjvLuxTkvdasFVdsDK7foo_bNf3gk4t0k0bM2dPX51LP6qp-QL0tdDdYzzVMNscL8qHw0AsRPLni55hcVeyGd851hHeZCSKzOgNNzv2FmnYVdCwSP0HR3/s1600/cazuza09-size-598.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 180px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXqFAs3o21RbpjiRRrfPu6CBKPjvLuxTkvdasFVdsDK7foo_bNf3gk4t0k0bM2dPX51LP6qp-QL0tdDdYzzVMNscL8qHw0AsRPLni55hcVeyGd851hHeZCSKzOgNNzv2FmnYVdCwSP0HR3/s320/cazuza09-size-598.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5670072901096559634" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">2- Narciso (1984)</span><br /><br />Em seu terceiro disco como vocalista do Barão Vermelho e no mesmo ano que gravara sua primeira canção com referência à homossexualidade, Cazuza também gravou a segunda, que contava uma história de amor mal resolvido e trazia os versos: “nós somos iguais na alma e no corpo”. A música é de Cazuza com Roberto Frejat.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">3- Só as mães são felizes (1985)</span><br /><br />Fora do grupo Barão Vermelho, em seu primeiro disco solo Cazuza resolveu fazer uma homenagem a todo tipo de comportamento considerado marginal, maldito, e compôs com Roberto Frejat a música “Só as mães são felizes”. A homossexualidade aparece como um desses tipos de comportamento, e é representada através de uma citação debochada a uma das grandes referências literárias de Cazuza, o poeta beatnik Allen Ginsberg, ativista das causas homossexuais nos Estados Unidos. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWGo0-NFXq4ss7rpymDvp_bqmYgw22KkDO_-ppNWvKI0NGu6TbMkIfHFyrszlmlMFn_aH8WVnYg1jXmBAdZBYid4PrDuiQeQSp2gQcczO0kTMK0j1BYdIZOU0bQ7KR6jo29NJQ8Sdte6NI/s1600/cazuza_e_ney.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 283px; height: 278px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWGo0-NFXq4ss7rpymDvp_bqmYgw22KkDO_-ppNWvKI0NGu6TbMkIfHFyrszlmlMFn_aH8WVnYg1jXmBAdZBYid4PrDuiQeQSp2gQcczO0kTMK0j1BYdIZOU0bQ7KR6jo29NJQ8Sdte6NI/s320/cazuza_e_ney.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5670073098570406306" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">4- Culpa de Estimação (1987)</span><br /><br />Em mais uma canção sua em parceria com Roberto Frejat, Cazuza discursa sobre a culpa cristã que adquiriu ao longo dos anos por ter, segundo ele, sempre estudado em escolas católicas. A partir desse contexto ele refere-se à sua bissexualidade utilizando-se de nomes bíblicos, Eva e Adão, ao dizer-se indeciso entre o amor de um homem ou uma mulher. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">5- Quarta-feira (1987)</span><br /><br />O disco “Só se for a dois”, de 1987, marca o ano em que Cazuza fala de forma mais escancarada em uma música sua sobre a homossexualidade. Mesmo já tendo dito diversas vezes em entrevistas ser bissexual, apenas em 1987 Cazuza cantou sua opção de forma definitiva em uma música, através dos contundentes versos: “eu ando apaixonado por cachorros e bichas (....) porque eles sabem que amar é abanar o rabo, lamber e dar a pata”. A música é uma parceria de Cazuza e Zé Luiz. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhILf5d00Wid9gIxAeQmkpkDsPc4CloNPY8RHMSjKl-fn54FKEFNWkDYW13yErlV1ThEJRjAz7htVPPM70Giwv0NcQoKThyNuvi4yGYHRGt56Gv6Ygj8IQLjISpp6F_dhMrbsaHlsc0RQAJ/s1600/cazuza-18-morte-07g.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 210px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhILf5d00Wid9gIxAeQmkpkDsPc4CloNPY8RHMSjKl-fn54FKEFNWkDYW13yErlV1ThEJRjAz7htVPPM70Giwv0NcQoKThyNuvi4yGYHRGt56Gv6Ygj8IQLjISpp6F_dhMrbsaHlsc0RQAJ/s320/cazuza-18-morte-07g.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5670073230459195762" /></a> <br /><br /><span style="font-weight:bold;">6- Heavy Love (1987)</span><br /><br />Ainda em 1987, Cazuza voltava a fazer referência à homossexualidade de forma implícita, enigmática, com os versos da música que continham quase que uma idéia de rebeldia e transgressão associada à homossexualidade: “pro nosso amor descarado e virado o mundo lá fora não serve pra nada.” A música foi composta por ele em parceria com Roberto Frejat. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">7- Guerra civil (1988)</span><br /><br />No disco Ideologia, de 1988, Cazuza lançou sua primeira canção que fazia referência clara à homossexualidade feminina. Em parceria com Ritchie, “Guerra civil”, continha os fortes versos: “freiras lésbicas assassinas”, revelando mais uma vez o modo transgressor com que Cazuza tratava do tema. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">8- O Tempo não pára (1989)</span><br /><br />Em janeiro de 1989, Cazuza lançou a música que marcaria definitivamente sua carreira, “O Tempo não pára”, parceria dele com Arnaldo Brandão, falava entre outras coisas, de uma visão sobre a forma como a sociedade costumava tratar os homossexuais à época, com os famosos versos: “te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro, transformam um país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro”. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkI_eB6tnUKDxKNXPxprgsEUxYEtRgvvsuNf4SEnbuvq1lZoIp_bNbsW5TVEPXbXXV7icHuGgM1eYdxQVHRJAeaHNrwoiJ72duETwgILW_LzNE5dl6efjPI4Y6PfVYU37QMVO4wnX3QGg1/s1600/cazuza.JPG"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 318px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkI_eB6tnUKDxKNXPxprgsEUxYEtRgvvsuNf4SEnbuvq1lZoIp_bNbsW5TVEPXbXXV7icHuGgM1eYdxQVHRJAeaHNrwoiJ72duETwgILW_LzNE5dl6efjPI4Y6PfVYU37QMVO4wnX3QGg1/s320/cazuza.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5670073623312957266" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">9- Eu quero alguém (1989)</span><br /><br />No mesmo ano de 1989, em seu último disco em vida, “Burguesia”, Cazuza lançou “Eu quero alguém”, música em parceria com Renato Rocket que fazia referência à bissexualidade através da idéia de vestimentas que tradicionalmente identificavam o masculino e o feminino, com os inicias versos: “eu quero alguém, que use calça ou saia”. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">10- Como já dizia Djavan (Dois homens apaixonados) (1989)</span><br /><br />Também em 1989, Cazuza utilizou-se do discurso de outro compositor para se referir à homossexualidade. Adotando a frase de Djavan no título e nos versos finais da música, Cazuza, como raramente aconteceu na sua obra, dessa vez foi claro em sua referência. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">11- Preconceito (1989)</span><br /><br />Cazuza também fez referência à homossexualidade assumindo o papel de intérprete, como quando em 1989 gravou a música “Preconceito”, de Fernando Lobo e Antônio Maria e que já fora sucesso na voz de Nora Ney na década de 50, já naquele momento a música era cultuada pelos homossexuais e Nora se tornou diva entre eles. Anos mais tarde, Cazuza a regravou novamente utilizando-se de seu discurso para provocar o sentido da homossexualidade. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTn0_-CNXPhuyn9jdnanhhBaxDsni-hrP8KULYh66BGScVVRBUNw_h8RC5wtW55dcth53L68iwcdPObvfbdFk1U-ojlxOJDakWGDZ-ZTjlulv0Y0zW5YSIuY6-bqmjyXqUgWucpt0KIBZz/s1600/cazuza04-size-598.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 180px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTn0_-CNXPhuyn9jdnanhhBaxDsni-hrP8KULYh66BGScVVRBUNw_h8RC5wtW55dcth53L68iwcdPObvfbdFk1U-ojlxOJDakWGDZ-ZTjlulv0Y0zW5YSIuY6-bqmjyXqUgWucpt0KIBZz/s320/cazuza04-size-598.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5670073866788469490" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">12- Esse cara (1989)</span><br /><br />Em entrevistas ao longo do anos de 1988 e 1989, Cazuza, que já era bissexual assumido, dizia querer explorar mais em suas músicas seu lado mais feminino. Ao gravar a canção “Esse cara”, de Caetano Veloso, em 1989, Cazuza colocava-se como mulher e expunha sua faceta mais delicada. A música vinha no disco duplo “Burguesia”, na sequência de “Preconceito” que já fora reveladora de traço homossexual na década de 50 e agora era regravada por Cazuza. A composição das músicas na sequência conceituava o sentido homossexual presente em ambas. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">13- Jovem (1990)</span><br /><br />Cazuza também tratou do tema da homossexualidade apenas como compositor. “Jovem” foi composta por ele em parceria com Arnaldo Brandão, e gravada pelo grupo Hanói Hanói em 1990. A música trazia a idéia de que a homossexualidade era perante os olhos de alguns uma coisa nova, transgressora, moderna, além disso, a expressão usada para designá-la na música é carregada de coloquialidade e deboche, através dos versos: “você tá muito avançado, seus amigos desconfiam que você é veado”. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuTosCT3aIJgsdxtjrvvN-wab0YzrvytoZZirZ_sDpjB7SLmKrM2BojwGIhvnL1K_2JKPs05txmUa-J8TPJx4RDdiHqSU2nxsv8YAPkwWDUH73knKgxcpXyCVhbblyGLS_EfA63RLzqUa5/s1600/cazuza-18-morte-08g.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 212px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuTosCT3aIJgsdxtjrvvN-wab0YzrvytoZZirZ_sDpjB7SLmKrM2BojwGIhvnL1K_2JKPs05txmUa-J8TPJx4RDdiHqSU2nxsv8YAPkwWDUH73knKgxcpXyCVhbblyGLS_EfA63RLzqUa5/s320/cazuza-18-morte-08g.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5670074086807464338" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">14- Problema Moral (1984 ou 1985)</span><br /><br />Sem data definida, a canção “Problema Moral”, de Cazuza, Roberto Frejat e Dé”, gravada originalmente por Paulette, perdeu-se no tempo, mas seus versos permaneceram resguardados. A música discursa sobre a história de um amigo que conquista a namorada do outro, e acaba se justificando com uma irônica referência à bissexualidade, além de trazer a idéia de que ainda era preciso disfarçá-la: “mulher de amigo meu, pra mim é homem, eu transo no breu”. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">15- Quero ele (1989) </span><br /><br />A canção “Quero ele”, foi feita especialmente por Cazuza e Lobão para o espetáculo teatral “Querelle”, estrelado em 1989 pela transformista Rogéria. A música conta a história do personagem principal da peça, o marinheiro homossexual Querelle, e faz referências também à quem o interpreta, em versos contundentes: “Quero Querelle e seu irmão, Quero Rogéria e seu pauzão”. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv-i_Iy0TsHt0jRGkafJtKIxhjic5qG5WHyyZWHheMDV4BJcKL9VIaTf4810-nU6HUtJqpZkiKyHk1UdR3ZYl0iC3AEPUznTUcJ1DIp9KgIc-YdzV82xfTBC4VnQ1n6I8bC_HT3dTh7GMl/s1600/cazuza-18-morte-12.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 308px; height: 308px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv-i_Iy0TsHt0jRGkafJtKIxhjic5qG5WHyyZWHheMDV4BJcKL9VIaTf4810-nU6HUtJqpZkiKyHk1UdR3ZYl0iC3AEPUznTUcJ1DIp9KgIc-YdzV82xfTBC4VnQ1n6I8bC_HT3dTh7GMl/s320/cazuza-18-morte-12.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5670074239414440818" /></a><br /><br />Raphael Vidigal<br /><br />Parte de projeto experimental acadêmico realizado na PUC MINAS.Raphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-13756893947844727492011-10-02T21:40:00.000-07:002011-10-02T21:42:50.188-07:00No mar trôpego de Yamandu<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo8g9fG-LfEBAIzbywBfFLPi7GwKS-8Tu1iaZlTfwlw6rHiOuIgVZID0YEpFDpn093vSSjoHNjrBtV8WAInT_NaQGoztsVn8wNlSUixZa3VgUuGEe0TWuZvx9HUllagOvZ1pzHDKjD3v5R/s1600/176888.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 214px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo8g9fG-LfEBAIzbywBfFLPi7GwKS-8Tu1iaZlTfwlw6rHiOuIgVZID0YEpFDpn093vSSjoHNjrBtV8WAInT_NaQGoztsVn8wNlSUixZa3VgUuGEe0TWuZvx9HUllagOvZ1pzHDKjD3v5R/s320/176888.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5659121689925252690" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=e07163e" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object><br />Yamandu Costa: as cordas lhe desobedecem. Incautas, prontas a insolentes provocações, por incitação tutorial. Seus doze dedos se transformam em treze, quatorze, infinitamente. Amarram-se aos trilhos do violão, descarrilados em seqüência. <br /><br />À deriva, no suntuoso Grande Teatro do Palácio das Artes, na última quarta-feira, o gaúcho iniciou sua expedição com bela homenagem a Raphael Rabello, um mito da arte de trovejar violões, içando as caravelas de “Samba pro Rafa”, em magistral partida.<br /><br />“Nas ondas verdes do mar”, suspirou Caymmi de cadente saudade à “Mafuá”, obra de Armandinho Gomes, que dá nome ao disco. Insurgindo em intervenção divina, arriscou-se a contrariar os donos do tempo, e espalhar os raios púrpuros do seu “Choro Loco”. <br /><br />Se “os piores atos são feitos para o bem, e esse é um costume do amor”, como escreve seu conterrâneo Fabrício Carpinejar, “Elodie” despeja emoções lavadas pela espuma que declina na distância. Feita em homenagem à mulher, à espera num porto distante da França, soa revigorando os perigos da ausência, e a fortaleza de pedras do amor. <br /><br />Disposto a desbravar inóspitas regiões de seu instrumento, Yamandu se aventura, monta um cavalo baio, dedica o canto à avó, entoa toda a “mística de Sarará”, em suas próprias palavras. Matuto de berço, recolhido as flores alvas do jardim de sua infância sulista, tenta acalmar o coração do filho em prantos. Em vão, somente lega a suavidade de “Bem Vindo” à platéia. Dentro ao mar em dias de ressaca, que impressiona e chantageia. <br /><br />Como os ancestrais venham a lhe suprir a bússola que determina águas bravias, Baden Powell surge imponente em sua estratégia de arrastar correntes e lapidar o chão do navio, com pés que batem e se desprendem, na execução afiada de “Sambeco”. Para que o cabaré se arme e os tripulantes dancem, Yamandu chacoalha a “Suíte Colombiana No. 2 – Porro”, do capitão latino-americano Gentil Montaña. <br /><br />Alardeada a presença de “Ana Terra”, personagem do romance do também gaúcho Érico Veríssimo, o violonista deixa com que o vento sugira a sensação de vozes amanhecidas, e triunfe o coro de anjos no céu suspenso. <br /><br />Ao toque final dos sinos que anunciam a noite, o anfitrião, na posse dos aposentos sem cerimonial, convida o encantador das Minas Gerais, Marcelo Jiran, que surge com sua flauta prateada e acompanha as divercionices (invencionices e diversões) com o seu “Choro Classudo.” Os aplausos encobrem o marinheiro, e paira sobre o deleite a poesia <span style="font-style:italic;">“rimbaudiana”</span> liberta em mar de trôpegos sons. Yamandu toca de olhos fechados. Decifra o enigma, Tom Zé: está “iluminando pra poder cegar.” <br /><br />Raphael VidigalRaphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-82447032338427175882011-09-22T09:35:00.000-07:002011-09-22T15:50:01.263-07:0060 anos de Arrigo Barnabé<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7vsAodDNyPCsKV8b4V67j4SlZF8Kcr1Xor8krJQHhK1VRB6X_sODJ7nzRIxXc7c-wvgHH3viAlpK7btRRlpdKsrCHnK9RgUeWAHZeSO-0Ux5ygEjYVwsq5s0Q7YIOpu92kISOsM35jg_q/s1600/8564c00af1ea72157704a805211c24e013136037794e4c00c3492f97.34615128.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7vsAodDNyPCsKV8b4V67j4SlZF8Kcr1Xor8krJQHhK1VRB6X_sODJ7nzRIxXc7c-wvgHH3viAlpK7btRRlpdKsrCHnK9RgUeWAHZeSO-0Ux5ygEjYVwsq5s0Q7YIOpu92kISOsM35jg_q/s320/8564c00af1ea72157704a805211c24e013136037794e4c00c3492f97.34615128.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5655224344320465314" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=d9410dd" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object><br />Turva felicidade a de Arrigo Barnabé. Essa que se agarra às ostras, que se agarra às algas. Ainda assim, espontânea. Ainda assim, <span style="font-style:italic;">clandestina</span>. Tal e qual uma flor de Clarice Lispector, que ao “se erguer, parece quebrar-se”. <br /><br />Quando emerge do pântano, sob o relento do olhar de crocodilos, espia uma luz clara que tamborila de instrumentos multicoloridos: ali está Schoenberg, e sua escala de arco-íris sem tom. <br /><br />Com o olhar de Mary Shelley, sua “pele encarquilhada, lábios negros e retos” urde o grito de <span style="font-style:italic;">Frankenstein</span>, boca retorcida do medo, apupos e aplausos no Festival Universitário de 1979, <span style="font-style:italic;">Diversões Eletrônicas</span>, Silvio Caldas e Orestes Barbosa sob a ótica de luminosos fórmicos. <br /><br />Rufem os tambores, há uma missa a ser celebrada para Arthur Bispo do Rosário, o artista plástico, que se confundiu louco, e outra missa a ser celebrada para Itamar Assumpção, o louco que se confundiu artista, e assim sejam todas as distorções de imagem, eternas e sagradas, na extrema unção da irrealidade.<br /><br />Abre-se o piano, arrasta sua longa cauda, guarda as jóias na “caixa de ódio” de Lupicínio Rodrigues, o passarinho que viu a raiva consumar o amor com as garras de um gavião. E arranha a garganta de Cássia Eller, a cantar o “Dedo de Deus”, e alivia as cordas de Tetê Espíndola, a acompanhar suas peraltices transformistas, e dueta com Ney Matogrosso, em espetáculo de androginia, Dionísio e breu do mundo.<br /><br />Clarão mágico de influências rodantes: não pergunte, Skylab, quem matou nosso personagem, ouça a língua de Caetano Veloso: acrilírico. Consonantes telepatias digestivas. Mastiga, mastiga, até encontrar Arrigo, até insurgir a beleza da estranheza sem nenhum acorde, sem nenhum tom, nenhuma vogal, nenhuma consoante. Escorre o sabor de veneno. No porão, as teias trazem Tom Waits. <br /><br />Do caos vem a criatura, irrestrita criatura de paz nesse labirinto. Quero “ver se você consegue me seguir neste labirinto”. Tubarões voadores, sou Clara Crocodilo. Tubarões voadores, é o terreno espírito. Tubarões voadores, de repente Orson Wells, trilhas, locuções, para todo um filme, uma única tomada, o último rife. <span style="font-style:italic;">“Pois te entender é o ato de destruir”</span> Arrigo Barnabé.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Nascido em Londrina, compositor com formação erudita, que teve fundamental contribuição para a chamada ‘Vanguarda Paulista’, movimento que desmatizou (arredou as cores, inovou) da música brasileira, a partir de sua iniciativa teatral, inspirada em histórias em quadrinhos e no dodecafonismo, para remodelar o tom da tradicional canção.</span> <br /><br /><span style="font-style:italic;">Discos:<br /><br />1980 – Clara Crocodilo (com a banda Sabor de Veneno)<br />1984 – Tubarões Voadores<br />1986 – Cidade Oculta (trilha sonora)<br />1987 – Suspeito<br />1992 – Façanhas<br />1997 – Ed Mort (trilha sonora)<br />1998 – Gigante Negão<br />1999 – A Saga de Clara Crocodilo<br />2004 – Missa In Memorian: Arthur Bispo do Rosário<br />2007 – Missa In Memorian: Itamar Assumpção<br />2008 - Ao Vivo em Porto (com Paulo Braga) </span><br /><br />Raphael Vidigal<br /><br />Publicado no jornal "Hoje em Dia" em 22/09/2011.Raphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-71672444771318434092011-09-13T07:52:00.000-07:002011-09-13T07:59:07.194-07:00Arnaldo Antunes em Inhotim<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibEhtLbshLne2UmcyGSiQUrLaITyes1CNkHqLfex5PT_SLrp1KFCQSgmuc4drGHqdX6fC-7702CIteM8RQuSkXzT03zL0pmvj8-sCyN0cdNhb9bLm594fHpX3qvMX8TuU0b6qCtoVqV4Yw/s1600/arnaldo+inhotim.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 280px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibEhtLbshLne2UmcyGSiQUrLaITyes1CNkHqLfex5PT_SLrp1KFCQSgmuc4drGHqdX6fC-7702CIteM8RQuSkXzT03zL0pmvj8-sCyN0cdNhb9bLm594fHpX3qvMX8TuU0b6qCtoVqV4Yw/s320/arnaldo+inhotim.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5651858445204806482" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=1ceca93" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object> <br />Arnaldo Antunes sempre se divertiu em cena. O antídoto risonho proposto por Nietzsche para desarvorar a vida é levado a ferro e fogo por sua persona bem grata. No palco do Instituto de Arte Contemporânea e Jardim Botânico (popular Inhotim), no último dia 11 de setembro, o artista desfilou sua dança apocalíptica, sua poesia concreta e seu terno cheirando a rasgado, eucalipto saído dos quadrinhos de Batman, provável “Duas Caras”, pois bom intuitivo que é, prefere os vilões.<br /><br />O desafio a que se lança com microfone às costas, óculos preto & branco, e gravata ajeitada realça a gravidade de uma música pop imbuída de pretensão e ousadia. Tanto quanto o hermetismo melódico e estrutural de suas composições mais distantes, a proximidade também discorre arquitetada em balançantes hastes de ouro. <br /><br />Pois fazer música pop de qualidade é tão sublime quanto lançar distorções contra tons. No abandono de seu lar, Arnaldo convida, “A Casa é sua”, parceria com Ortinho, cantada ao ouvido do coração, em clima de multidão: “Não me falta cadeira, não me falta sofá, só falta você sentada na sala, só falta você estar...”<br /><br />Antes, porém, é Adoniran Barbosa quem invoca as chamas do passado, em sua restrita contestação ao ritmo que dá nome ao disco de Arnaldo, “Já fui uma brasa”, proclama: “Eu gosto dos meninos deste tal de iê iê iê, porque com eles, canta a voz do povo, e eu que já fui uma brasa, se assoprar, eu posso acender de novo”. Sem consternação, acende o novo fogo da platéia.<br /><br />“Iê Iê Iê”, a própria, é música autoral construída na companhia dos parceiros tribalistas Marisa Monte e Carlinhos Brown que brinca com o sonhado sucesso: “Visto meu casaco de couro bang bang, manchado de batom e de sangue, se você pedir eu subo no palanque, e mostro aquele passo de funk”. Em contraposição melódica, “Essa Mulher” é ácida subordinação masculina, que rebobina êxito do álbum “paradeiro” (em minúscula): “Ela quer viver sozinha sem a sua companhia, e você ainda quer essa mulher”. <br /><br />Alçada a estampa de homens entregues, surgem as homenagens a Odair José, que em “Quando você decidir”, apela na voz embargada de Arnaldo Antunes: “Lembre que eu existo, meu amor”, e Lupicínio Rodrigues, urgido sob a ferocidade dos versos e da guitarra de Edgar Scandurra: “Agora você vai ouvir aquilo que merece!”.<br /> <br />Em ambiente mais adaptado ao verde que espalha a paisagem, “Vou festejar”, de Jorge Aragão, Dida e Noeci é embalada nos metais da voz de Arnaldo, que ora tremem, outrora reluzem calmos. Em nova idiossincrasia, realça a beleza instantânea de “Americana”, da lavra do sanfoneiro potiguar Dorvigal Dantas, reiterando o inegável talento para remodelamentos sensíveis em composições alheias.<br /><br />A leveza e agilidade com que Arnaldo tece seus movimentos estranhos de corpo a sugerir coquetéis de graças é interlocução dos textos sonoros e de palavras, que em “O Que Você Quiser” se traveste de “fruto proibido, deus ou diabo”, “Invejoso”, parceria com Liminha, alimenta o pecado capital cotidiano em delícia que recheia melodia sinuosa, que transcorre do melancólico ao cômico, enquanto “Longe”, de Arnaldo, Betão Aguiar e Marcelo Jeneci, surge sob o manto de translúcida reflexão nostálgica: “Onde é que eu fui parar? Aonde é esse aqui? Não dá mais pra voltar, porque eu fiquei tão longe?”<br /><br />Em derradeiro número da tarde, o mestre de cerimônia inconforme (inconformidade sem formas inabaláveis), Arnaldo Antunes, saúda os convidados com seu titânico “Pulso”, arregimentado com Toni Belotto e Marcelo Fromer, na época em que a banda ainda era do iê iê iê, deixando espatifar palavras e sons sobre o palco, belo vilão desejável que é. <br /><br />Raphael Vidigal<br /><br />Publicado no jornal "Hoje em Dia" em 13/09/2011.Raphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-19953815795057288762011-08-22T19:22:00.000-07:002011-08-22T19:25:02.730-07:00Amy Winehouse (1983-2011)<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguNhqIiyQfYJbphIgmp23It0eGQAeU3Np-pOtMMT-2kmxvFiiY_mkY2-1ilbWoYxyTVWyny-TJrsc3uV4_QZrDDGfnFEZYOxNI4DXo5u0UyR72X5XxrJFafV8dH4AO449WE-JeKGHuNtVu/s1600/12092908.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 250px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguNhqIiyQfYJbphIgmp23It0eGQAeU3Np-pOtMMT-2kmxvFiiY_mkY2-1ilbWoYxyTVWyny-TJrsc3uV4_QZrDDGfnFEZYOxNI4DXo5u0UyR72X5XxrJFafV8dH4AO449WE-JeKGHuNtVu/s320/12092908.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5643871701924097330" /></a>
<br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=782c4f6" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object>
<br />As lágrimas caem por elas mesmas. Nem que você queira, me levará ao centro de reabilitação. Estou na Motown. Anos 50. Negras vozes, melodias negras. Amores desfeitos na gravidade de um contrabaixo.
<br />
<br />A tinta é uma mágoa na sobrancelha. Os cílios cortinam, mas o olhar revela. E a boca adquire o remorso compartilhado. Coração de alicate nas tatuagens. Marcas no corpo. Rouca alma.
<br />
<br />O ritmo do blues. A batida do jazz. A batida das máquinas. O entrecortar do alicate. O balanço dos vocais. Remexendo bebidas, seringas, cabelos colados. Quietos. Esvoaçantes. Voa-se muito pela fumaça. Amy Winehouse. Assim meio perdida. Em linhas quase medíocres.
<br />
<br />“Love is a losing game”. Eu sei. Quando a cantora apareceu, não era uma menina tímida. Disfarçava o sorriso melancólico. Mostrava a dor. A postura altiva lhe recobria os cabelos ao alto de seus pés, saias bem engomadas, maquilagem de alta fantasia.
<br />
<br />Foi tudo de verdade. Não foi um sonho que a gente teve, como aconteceu com Cartola, já disse Nelson Sargento. Nem uma epígrafe alinhavada por Oscar Wilde, a mostrar sua alma, das profundezas. Foi tudo tão real e artístico que houve quem descambasse a querer mostrá-la como uma de nós. Com os mesmos problemas. Maquilagem borrada. Seios de fora. Cicatrizes espalhadas pelo corpo magro, lânguido e aquela voz.
<br />
<br />Era de verdade, por mais que se queira crer que não. Que fosse mais natural e óbvio tratá-la dentro de uma embalagem. Que ela fosse negra, criada nos subúrbios americanos. A sujeira, a estranheza, a excentricidade espaireceu como gotas de poeira. Incapazes de impregnarem vestidos alvos.
<br />
<br />A sobriedade que cobra-se dos artistas parece ser a mais absurda das realidades. Pois a fantasia daquela menina egressa diretamente dos anos 50 americanos trazia na loucura o ponto de contato com estrelas claras. Cintilantes? Gostariam de dizer. Talvez um pouco mais. A palavra cisne não expressa a brancura do vôo da ave, escreveu Patti Smith.
<br />
<br />E todos os badulaques, tintas, acessórios, imagens não capturam a voz. A voz que só é ouvida por ela própria. E por quem tem no coração uma mágoa. Verdadeira, realizada, bem guardada. Lustrada com cuidado. Amy Winehouse colocou sua mágoa na voz. Não o contrário.
<br />
<br />E se um dia a mágoa é líquida, não petrificada como busto estóico, por que não permiti-lo à sua cantora a imaterialidade do que é eterno?
<br />
<br />“Minhas lágrimas secam sozinhas.” Descansam as manchetes. Resta uma voz, com tudo o que quis dizer.
<br />
<br />Raphael Vidigal
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<br />Publicado no jornal "Hoje em Dia" em 23/08/2011.Raphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-83006043550841968622011-07-12T11:47:00.000-07:002011-07-12T11:56:59.458-07:00Zélia exibe delicadeza<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjABl3VB8EuDhmpGtJ6SQMT8Yl0Ja_Mh1qnhosnUSeoZ5McqXwa3TGztaLq3V6u0ovyVZWTm8BCyAnR0S2eQDbBFy9zlh-QDzWlpP8Hc6nuP4WdonzRoFMJtvIEXqz_URiFoeBoOPkPUpZ9/s1600/zelia2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 227px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjABl3VB8EuDhmpGtJ6SQMT8Yl0Ja_Mh1qnhosnUSeoZ5McqXwa3TGztaLq3V6u0ovyVZWTm8BCyAnR0S2eQDbBFy9zlh-QDzWlpP8Hc6nuP4WdonzRoFMJtvIEXqz_URiFoeBoOPkPUpZ9/s320/zelia2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5628540806964691346" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=50acbf7" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object> <br />Não espere arroubos sonoros. Zélia Duncan canta meiga, delicada, suave, suas composições novas. Isso é o que prepara o disco. Diante da platéia a contenção das interpretações se revela desafiadora e fugaz, com leve sorriso de coragem sorrateira.<br /><br />A presença de Zélia no palco é resguardada de beleza, pelo vestido de Ronaldo Fraga (o coração do artista segundo a cantora), o cenário de Analu Prestes, pinturas abstratas refletidas pelas cores de uma iluminação climática, e a simpatia da protagonista, acompanhada de perto por Ézio Filho (direção musical e contrabaixo), Webster Santos (violão, bandolim e guitarra), Jadna Zimmerman (bateria, percussão e flauta) e Leo Brandão (teclados e acordeom).<br /><br />À vontade desta, dissolve-se o desdém “pelo sabor do gesto”, título do álbum lançado em 2009 que alicerça show apresentado no último dia 10 de julho no Palácio das Artes, e que rende belo número onde a cantora posiciona-se com violão ao colo e interpretação intimista. <br /><br />Ao abrir a apresentação com “Boas Razões”, versão de música do artista francês Alex Beaupain, Zélia assinala a que veio, embora ainda distante fisicamente do público, já esboça o vigor e a vontade com que irá conduzir a noite. A participação de Fernanda Takai nessa canção no disco é substituída pelos vocais do guitarrista da banda. Na sequência, emenda-se a solenidade a Rita Lee, de quem Zélia é eterna devota, com a pop roqueira “Ambição”. <br /><br />Mas o circo aconchegante começa a pegar fogo a partir de “Intimidade”, música de Zélia e Christiaan Oyens que lembra os primórdios do Barão Vermelho (da época de Cazuza & Roberto Frejat), um bluesy cadenciado com letra ácida e humor farpado. A cantora esparsa em rigidez malemolente os gestos necessários ao destinatário da mensagem. <br /><br />Aliás, um dos pontos altos do espetáculo é a condução sonora de Zélia Duncan, que se distingue por todo o corpo com intervenções precisas de interação bem humorada e suposição ligeira de pernas e braços, que logo se recolhem ao lugar de origem. <br /><br />Na super-tocada “Tudo sobre você”, a nitidez dos versos se estende ao belo arranjo, inventivo e dinâmico, onde os instrumentos retomam lembranças de festas de aniversário infantis, artimanhas de John Ulhoa, co-autor da música, produtor do álbum e segundo Zélia Duncan, maior responsável pela existência do tudo em cena, ao respondê-la em e-mail sobre o projeto: ‘xá com nóis’, brincadeira diversas vezes direcionada à platéia. <br /><br />A “Felicidade” de Luiz Tatit, embandeirada pelo autor paulista como o novo mal do século em lugar da depressão, escancara tom debochado sugerido pelo sobe e desce de sobrancelhas da cantora. O que lhe é complementado pelo sorriso de lado e os questionamentos sóbrios, quase falados: “Não sei por que tô tão feliz, preciso refletir um pouco e sair do barato.” <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_Zz_o2BH23D2R9L7BaVzemZ-TopvnzLNTinyJZws3FF7qbFKYjH8V_HSiWDPNvOHDoEvZKTV0kGAwQ4Ofska9fFuIhnm7q1q9Gs81URwwWW4drnU7SPl7K4oXPMSofRAI96WTRbc4VaHK/s1600/21552176_4.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_Zz_o2BH23D2R9L7BaVzemZ-TopvnzLNTinyJZws3FF7qbFKYjH8V_HSiWDPNvOHDoEvZKTV0kGAwQ4Ofska9fFuIhnm7q1q9Gs81URwwWW4drnU7SPl7K4oXPMSofRAI96WTRbc4VaHK/s320/21552176_4.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5628540430683991762" /></a><br /><br />Nada mais lhe escapa, os espaços vazios preenchidos de felicidade argumentam sem precaução nenhuma a letra propositadamente rimada de Zeca Baleiro, ao denominar símbolos de desejos amorosos da geração descartável: do “tesouro dos czares” ao “céu de celulares”, esta uma imagem perfeita ao romantismo ajambrado. <br /><br />“Se eu fosse um blues, te mandava embora, se eu fosse um samba, esperava a aurora”, refina melodia e letra em parceria de Dante Ozzetti, com construção incomum de sentidos determinados pela emoção da música: do choro à valsa, da fuga de Sebastian Bach à Nona Sinfonia de Beethoven, reproduzida alusivamente à citação do verso. <br /><br />O fraseado reto de “Duas Namoradas” de Itamar Assumpção e Alice Ruiz, serve-se no samba deslocado de Zélia Duncan, garantindo a hibridez proposta: “Tenho duas namoradas, a música e a poesia, que ocupam minhas noites, que acabam com meus dias”. Também o “Cedotardar” de Moacyr Albuquerque e Tom Zé alcança sublime vôo na voz bem acolchoada e no arranjo dramático, com progressão paulatina ao intencional clímax em bolero: “no mais horroroso castigo....te sigo!”. A poesia é preservada em sua integridade.<br /><br />“Borboleta”, gerida em comunhão por Marcelo Jeneci, Arnaldo Antunes, Alice Ruiz e Zélia é ligeira e pop, e justifica-se pelo complemento da cantora: ‘um bando de marmanjo fazendo música de criança’. Um dos grandes momentos acontece à explanação em língua de sinais de “Todos os Verbos”, dedicada à fã semi-auditiva que buscou Zélia. Na procura de se abrir a esse universo tão sonoro quanto, a artista emociona em singeleza e doçura. <br /><br />Na interpretação do “Tom do Amor”, nascida da descoberta do ‘diálogo de uma mãe ensinando as coisas importantes da vida à filha’, tudo em torno aconchega sutilezas, levezas, descompromissos e descontrações. Zélia flutua jardins de cores amenas, que não chegam a ser infantis, nem convidam à melancolia. É um contato que se interrompe, e o intervalo entre o espesso gesso e a liquidez da tinta é que moldura o quadro particular da cantora. Gotas que pingam devolvendo gestos, canções, palavras, afetos esquecidos em ambiente que se tornou cheio e duro. A composição é dividida com Paulinho Moska.<br /><br />Sem esconder as ironias, Zélia canta uma desconhecida de Roberto Carlos, “I Love You”, e outra dedicada aos corações esperançosos, “Por isso corro demais”. Já no final, “Flores”, de Fred Martins e Marcelo Diniz combina poesia e energia na medida incerta pretendida: “Flores para quê? Flores para quando tu chegares, flores para quando tu chorares, uma dinâmica botânica de cores.” E o visual recebe mesmo duas flores artesanais. <br /><br />O bis recheado de sucessos, “Catedral”, versão para música de Tanita Tikaram, e “Alma”, de Pepeu Gomes e Arnaldo Antunes, ganha coro ‘afinado’ da platéia, segundo a própria cantora e motivação elevada, fechando em altos tons as sonoridades decifradas em luzidias miniaturas. <br /><br />Zélia não está se poupando, não deixa de ser enfática, destemida, apenas descobriu outra maneira de encarar a vida: sorrindo ao invés de gritando. Não escondida, mas aparecendo para quem quer ouvi-la. Não há nesse gesto a passividade, mas o saboreio de uma comida muito mais palatável ao devaneio de nuvens que tempestades. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBABIArmL51CKCdVW0fZ74PQ72Noo1_z1cdsZXUKy0DvHO2DOKbRpk2CJBHorRqBd-0vM6psAxjHObl17OCtfuLAr0iK8b_nQF3ClekAVPlLlOgVL1-561Zc_DOAcqWPzMh3mFKgHCazz0/s1600/41_2133-abre.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 213px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBABIArmL51CKCdVW0fZ74PQ72Noo1_z1cdsZXUKy0DvHO2DOKbRpk2CJBHorRqBd-0vM6psAxjHObl17OCtfuLAr0iK8b_nQF3ClekAVPlLlOgVL1-561Zc_DOAcqWPzMh3mFKgHCazz0/s320/41_2133-abre.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5628540010633271890" /></a><br /><br />Raphael Vidigal Aroeira<br /><br />Publicado no Jornal "Hoje em Dia" em 12/07/2011.Raphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-13686655848739135992011-07-06T15:13:00.000-07:002011-07-06T15:22:40.313-07:00Cordas mágicas<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfRmFGQoILwuC9V8mMbd6rlqZQeOZA558v1GLm8b-bK1S6aLtaoVkCbBKOE4QhA3p5Rc_CdHxWSfK9QhbAy_2hX4NnrFF6RU0UqwOFQ0Tg0cDLTcDVIlvkQpPq4_ZojlBuhLsS4cytrQkG/s1600/Anibal-Augusto-Sardinha-o-Garoto-e-o-Dia-do-Choro-Paulista.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 206px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfRmFGQoILwuC9V8mMbd6rlqZQeOZA558v1GLm8b-bK1S6aLtaoVkCbBKOE4QhA3p5Rc_CdHxWSfK9QhbAy_2hX4NnrFF6RU0UqwOFQ0Tg0cDLTcDVIlvkQpPq4_ZojlBuhLsS4cytrQkG/s320/Anibal-Augusto-Sardinha-o-Garoto-e-o-Dia-do-Choro-Paulista.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5626366796556108450" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=5f7ad6a" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object> <br />Prodígio já nasceu chorando. Não queria aquele nome. A mãe o chamou Aníbal. Os amigos o batizaram Moleque do Banjo. <br />Seria sempre Garoto, aonde quer que fosse, arrastava suas cordas mágicas. Diziam serem encantadas, aquelas mãos. <br />Saiu de São Paulo foi para o Rio de Janeiro. Depois, Estados Unidos.<br />Voltou à cidade que o acolheu, descansou o coração, nos preparativos de mais uma viagem. Levou consigo as cordas. Deixou delas, uma pequena amostra, suficiente para alentar lembranças e saudades recolhidas. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Amoroso</span><br /><br />O pai de Garoto tocava guitarra portuguesa e violão. Do irmão Batista, também músico, o menino que já ensaiava num instrumento improvisado de pau e corda, ganhou o primeiro banjo. Desde cedo, integrou o “Regional dos Irmãos Armani”, com 11 anos, depois “Conjunto dos Sócios”, “Chorões Sertanejos”, “Conjunto Regional”, em substituição a Zé Carioca, “Rádio Educadora Paulista”, entre outros. Convites nunca lhe faltaram. Ao se apresentar com o violonista D. Montezano, conhecido como Serelepe, ao diretor artístico da Parlophon, foi imediatamente convidado a gravar um disco, contendo os maxixes “Bichinho de Queijo” e “Driblando”, de sua autoria, envergando o singular banjo. Mais tarde, iria unir suas cordas às de Zezinho, conhecido Aimoré, em infindáveis serenatas no bairro da Luz, e depois num conjunto de choro. E mais tarde ainda, iria compor “Amoroso”, em 1942, com a completude que lhe era específica. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_4mmCHUVkjMIw8Js_ZdAkLfy4fzpddHeE9wox_M-3P-kZO6lViwTTQOgyJwRqYBcxAQ7CUrgkmzOcvtnY_6xeenXr5piZnbov24UezYGRsZ4Qjje1jvibwpSd5uTcdU7U2pOYsU9kT-Hy/s1600/anibal-augusto.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 216px; height: 274px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_4mmCHUVkjMIw8Js_ZdAkLfy4fzpddHeE9wox_M-3P-kZO6lViwTTQOgyJwRqYBcxAQ7CUrgkmzOcvtnY_6xeenXr5piZnbov24UezYGRsZ4Qjje1jvibwpSd5uTcdU7U2pOYsU9kT-Hy/s320/anibal-augusto.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5626367092235260098" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Desvairada</span><br /><br />Perambulando com suas cordas vibrantes, Garoto conheceu Petit, com quem formou ao lado de Aimoré, trio que se apresentava no salão nobre de um edifício em São Paulo, o Martinelli. Depois viajou com o último para o Paraná, a bordo da “Quarta Caravana Artística”, Porto Alegre, no “Cassino Farroupilha” e Buenos Aires, na Argentina, acompanhando Carlos Gardel em algumas músicas. No retorno a São Paulo, tomou posse de um violão-tenor para se apresentar com o seresteiro Silvio Caldas e o velho companheiro de viagem. Ainda na década de 30, gravou choros e valsas pela Columbia, demonstrando sua habilidade também na guitarra havaiana. Estreou na Rádio Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro, e se encontrou com Carmen Miranda, Alvarenga e Ranchinho, Ary Barroso, Jararaca e Zé Formiga, Dorival Caymmi e Laurindo de Almeida, dando iniciativa, com este, à “Dupla do Ritmo Sincopado” e grupo “Cordas Quentes”. Isso após participar do “Conjunto Regional” da Rádio Cruzeiro do Sul em sua terra natal, desfazer a dupla com Aimoré e se casar, fixando-se na capital fluminense. Ao menos por algum tempo. Sua rotina “Desvairada” bem correspondia ao ritmo do choro de 1949.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgos-h2lZtJ5Gpf87YLPvkdpQucK17Ps57pPIICvpYZAgT_yHqibTNa16syzXX8Lp14HqucTW8cS7H4zFerFKQE_7D6jnBdIv68yi8OtR9iSWXetW75a8Qd-FNeNMBLnUb0g0TP9k5CLqRF/s1600/garoto10.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 267px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgos-h2lZtJ5Gpf87YLPvkdpQucK17Ps57pPIICvpYZAgT_yHqibTNa16syzXX8Lp14HqucTW8cS7H4zFerFKQE_7D6jnBdIv68yi8OtR9iSWXetW75a8Qd-FNeNMBLnUb0g0TP9k5CLqRF/s320/garoto10.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5626367383159328354" /></a> <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Vamos acabar com o baile!</span><br /><br />Incrivelmente, apesar do talento destacado, Garoto chegou a ficar algum tempo desempregado, com o fechamento da Rádio Cosmos. No entanto, a maior oportunidade da sua vida ainda estava por vir, quando recebeu um carta: “Querido Garoto, espero que você tenha gostado da idéia de vir para cá, e aceite-a, pois esta terra é a melhor do mundo, só você estando aqui é que acreditará. Estamos ansiosos para que você venha; eu e os rapazes.” A remetente era Carmen Miranda, que o chamava para substituir Ivo Astolfi no “Bando da Lua”. Resultado: rumou para os Estados Unidos, onde permaneceu por oitos meses na companhia da Pequena Notável, fazendo parte do conjunto e chamando a atenção naturalmente, pelo brilho de suas cordas. Teve a honradez de conhecer diversidades cidades, fazendo o que melhor sabia e gostava, atuar em filmes, e tocar até para o presidente norte-americano, Franklin Roosevelt, na Casa Branca, tudo isso nos idos de 1939 e 1940. Tornou-se o “homem dos dedos de ouro”, nas palavras do organista Jesse Crawford. Já de volta ao Rio de Janeiro, compôs “Vamos acabar com o baile!”, com José Brandão, em 1952. Baile foi o que realizou em sua passagem em terras estrangeiras, mantendo boquiabertos até os mais exigentes. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-RPp-8p0M7JHlqnE7LHfSLgV5G5F12oZTJq8Bj88MfyUW9SdaQetJqbOpI5UhF6ONtvzO1C_pagBAqp051tr91nKate2KYRs96IsyaSoWqSpiSk08d5ec70jeVvnsKBgJfqj9kVpVqnP2/s1600/CarmenMiranda_330x216.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 209px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-RPp-8p0M7JHlqnE7LHfSLgV5G5F12oZTJq8Bj88MfyUW9SdaQetJqbOpI5UhF6ONtvzO1C_pagBAqp051tr91nKate2KYRs96IsyaSoWqSpiSk08d5ec70jeVvnsKBgJfqj9kVpVqnP2/s320/CarmenMiranda_330x216.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5626367599264310114" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">São Paulo Quatrocentão</span><br /><br />Finalmente afixado no Rio de Janeiro, criou o conjunto “Garoto e seus Garotos”, com Valdemar Reis, Poli e Almeida no violão, mais Russo do Pandeiro. Ao fim deste projeto, se encaminhou para a Rádio Nacional, se deparando por lá com a pianista Carolina Cardoso de Meneses, com quem gravou discos em dupla. Formaria também dupla com José Meneses, alternando guitarra, violão, violão-tenor e cavaquinho, durante os programas radiofônicos “Nada além de dois minutos”, “Ao som da viola” e “Um milhão de melodias”. Ainda por cima trabalhava na Orquestra da Rádio Nacional, regida por Radmés Gnatalli, de quem foi colega e legou eterna amizade. Mas seria em trio que conseguiria o maior sucesso da carreira, quando, em 1953, compôs o dobrado “São Paulo Quatrocentão”, para os festejos do aniversário da cidade natal, em companhia de Chiquinho do Acordeom e letra de Avaré. A composição virou verdadeira febre, com recordes de vendagem de disco (algo em torno de 700 cópias) e interpretação da inclusive cantora na época, Hebe Camargo, reconhecida posteriormente como apresentadora de TV. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXmvN_y0n1z22GpBC6yeQl8SprAEb__MGH6feoPkntjC2Szrd_wvZmzKD74S7IiWu9Oj_2h4Y8kchJnRDhkE1V36joWgkn97Uc6ujH_93htecC1aWDoCNSQSXTK9T9E3dvvec0SmsUqHel/s1600/garoto_04_1294031558.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 228px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXmvN_y0n1z22GpBC6yeQl8SprAEb__MGH6feoPkntjC2Szrd_wvZmzKD74S7IiWu9Oj_2h4Y8kchJnRDhkE1V36joWgkn97Uc6ujH_93htecC1aWDoCNSQSXTK9T9E3dvvec0SmsUqHel/s320/garoto_04_1294031558.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5626367943332862946" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Duas contas</span><br /><br />Garoto estreou como letrista ao compor o samba-canção “Duas contas”, em 1953, antecipando a bossa nova. No mesmo ano, embeveceu os presentes com a interpretação solo do Concerto nº 2 para Violão e Orquestra, dedicado a ele por Radamés Gnatalli, em pleno Teatro Municipal do Rio. Mas a história que o levara a se atrever no mundo da escrita começara um ano antes, quando, a convite do diretor musical do programa da Rádio Nacional, “Música em Surdina”, Paulo Tapajós, topou se alinhar a Fafá Lemos e Chiquinho do Acordeom naquele que ficaria conhecido como o “Trio Surdina”. Seguiram-se dois discos, e no primeiro deles vinha a música que comprovara seu atrevimento, sem rimas, levando o próprio autor dos versos à insegurança. Paulo Tapajós, que o incentivara, estava certo, a música correspondia a seu talento já comprovado como instrumentista, também na letra. E bastava: “teus olhos são duas contas pequeninas, qual duas pedras preciosas, que brilham mais que o luar”. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoja3eXr__S5AaNu1BZ66CrpKKTh4Os3ztWzsn8QGGp7k12zmiJLNIfoMYg9J0Q4F252m8eqP3kIs83SzW8GK0NTIBjqBQMcgRBm9C2OnV8VAjlCL1YFZXx-CEEewh5fUtlaVMd1S7TdQM/s1600/garotodecada50.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 225px; height: 310px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoja3eXr__S5AaNu1BZ66CrpKKTh4Os3ztWzsn8QGGp7k12zmiJLNIfoMYg9J0Q4F252m8eqP3kIs83SzW8GK0NTIBjqBQMcgRBm9C2OnV8VAjlCL1YFZXx-CEEewh5fUtlaVMd1S7TdQM/s320/garotodecada50.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5626368102167906530" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Gente humilde</span><br /><br />A gravação de “Gente humilde” aconteceu informalmente, quase por acaso, como presente a um amigo querido de Garoto, o professor mineiro Valter Souto. Num acetato simples, eternizou-se o momento de inspiração que recaiu divino, com a espontaneidade que acalora os corações de artistas. A cena observada passaria incólume, não tivessem aquelas mãos o poder de restringir às cordas a leveza de um sentimento inalcançado. Afinal o poeta vê a árvore e se encanta por ela, e nos encanta com sua poesia. A mesma árvore que vemos todos os dias. Com auxílio de Vinicius e Moraes e Chico Buarque, a canção abraçou em 1970 versos que Garoto não disse, mas zumbiu. <br /><br /><span style="font-style:italic;">“Comecei a tocar sozinho, e com o falecido Pinheirinho Barreto e Aluisio Silva formamos um novo grupo. Foi quando gravamos ‘Zombando da Morte’, um samba que se tornou muito popular.” Garoto</span> <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjM2o84AlycN5To-K27IWKoPI0P4aVzjcTWJ9KKlMMGlHXoHeeE-XjnEo2dq_E4q5MEV5kBFrZc_plC_1WWmU6sSrGz3Y7NEpzNcKzYmqQkFNHPOt_wcBZE_DlVTldnZ2-yaZfAoP2cT1Ji/s1600/lens17546495_1295371014caric.gif"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 212px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjM2o84AlycN5To-K27IWKoPI0P4aVzjcTWJ9KKlMMGlHXoHeeE-XjnEo2dq_E4q5MEV5kBFrZc_plC_1WWmU6sSrGz3Y7NEpzNcKzYmqQkFNHPOt_wcBZE_DlVTldnZ2-yaZfAoP2cT1Ji/s320/lens17546495_1295371014caric.gif" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5626368234561777650" /></a><br /><br />Raphael Vidigal Aroeira<br /><br />Lido na Rádio Itatiaia dia 10/07/2011.Raphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-52985454327067023672011-07-01T10:23:00.000-07:002011-07-01T10:24:07.685-07:00Acendendo lampiões<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnuiX6jdGkqX5U-kQbJTd687lWveTL9lUNa8Dkmc3q0vItHbU5xzz2GYcceelufbPwevpSGwENoohRaLfFdv5uhvAArkWDzcJT0Lfn27cJBzNt3sBMVyA1ymvbvGReuKgnL4dZyNNfLgY/s1600/capazd.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 286px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnuiX6jdGkqX5U-kQbJTd687lWveTL9lUNa8Dkmc3q0vItHbU5xzz2GYcceelufbPwevpSGwENoohRaLfFdv5uhvAArkWDzcJT0Lfn27cJBzNt3sBMVyA1ymvbvGReuKgnL4dZyNNfLgY/s320/capazd.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5624433617330919026" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=88b234a" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object> <br /><br />Quem foi, afinal de contas, Wilson Batista? O homem por trás de sucessos que pouco colocou a voz para ser ouvida em disco? O profícuo compositor, do interior do Rio de Janeiro, que fez carreira como galante dos bares da Lapa e da Esquina do Pecado? O rival de Noel Rosa, com quem alimentou polêmica acima de conceituações musicais? Ou mesmo malandro de terno branco e navalha no bolso? Nenhuma dessas hipóteses corresponde inteiramente ao caráter do autor de “Emília”, “Bonde de São Januário”, “Mundo de Zinco”, “Acertei no Milhar”, “Balzaquiana”. Para se entender melhor Wilson Batista é preciso ir ao encontro de sua origem: acendedor de lampiões. Que com pedras batidas fez o fogo de sua existência. E ao encontro de personagens memoráveis, os percebeu lampiões. Disso, chamou depois samba. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVI3RRtN86ye4t-r_nQMXDs_ocguFFmConKygJzqNEmBG1N7vR5YpnrT2GoO61cyG1FUgU7uNk0kvVFeC9y0OlN742Q380ffLMb4rx4MsOTTnp3PJg8b7Pw1HsJbNmmz45mzk9X-gz3_M/s1600/polemica.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVI3RRtN86ye4t-r_nQMXDs_ocguFFmConKygJzqNEmBG1N7vR5YpnrT2GoO61cyG1FUgU7uNk0kvVFeC9y0OlN742Q380ffLMb4rx4MsOTTnp3PJg8b7Pw1HsJbNmmz45mzk9X-gz3_M/s320/polemica.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5624433891344457810" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Lenço no pescoço</span><br /><br />Embora tenha ficado com a vilania na disputa, por posteriores respostas menos inspiradas, Wilson Batista foi primeiramente provocado por Noel Rosa, que questionou a pose de malandro do garoto de Campos instalado no Rio de Janeiro. “Lenço no pescoço”, composto em 1933, exibe o modo de vida que Wilson acalentava para si. Além disso, denuncia a dificuldade do trabalhador honesto para se sustentar, como justificativa de sua posição ‘à la malandragem’. Por fim, há a menção à forma como eram vistos os compositores populares na época, através da frase: “eu sou vadio porque tive inclinação, no meu tempo de criança tirava samba-canção.” A música foi lançada por Silvio Caldas, com sua peculiar bossa. Dois anos depois, Wilson e Noel Rosa compuseram juntos, o samba “Deixa de ser convencida”, que permaneceu inédita até o registro de Cristina Buarque, em 2000.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxKlAwS8OdKOkeU4jXGwW2xpo4PqXNPXEbdwIJlfbrUlK-PM-LlDGvd-A3SmiK9pBi272QbKLHB7X08MhR8s5MdiORJPO4eO02K2zzwviUh13DBgBTfdmwz49WJWOIf_SU125xbmtmEZk/s1600/wilson_batista.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 281px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxKlAwS8OdKOkeU4jXGwW2xpo4PqXNPXEbdwIJlfbrUlK-PM-LlDGvd-A3SmiK9pBi272QbKLHB7X08MhR8s5MdiORJPO4eO02K2zzwviUh13DBgBTfdmwz49WJWOIf_SU125xbmtmEZk/s320/wilson_batista.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5624434063740634018" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Inimigo do batente</span><br /><br />Wilson não se acanhava em tirar um sarro de quem lhe cruzasse o caminho. Tinha por hábito se intitular “Cabo”, e requerer ajuda aos outros com o seguinte maneirismo: “Tem um dinheirinho aí, major?”. Esses trejeitos salientes eram utilizados com muito brio para inspirar seus sambas, num deles, “Inimigo do batente”, de 1939, em parceria com o amigo português Germano Augusto, Wilson Batista tripudia sem dó em cima daqueles que duvidavam de seus talentos artísticos, ironizando a fala da mulher: “Ele dá muita sorte, é moreno, é mesmo um atleta, mas tem um grande defeito, ele diz que é poeta”, como quem diz: vá arrumar trabalho de verdade. Ao que este responde: quem pode, pode, major. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrzCmojtHX_8yWESLjLoxM1yrM6MEpGywLDAHqVPRf8FWRAk1o08fDgDfO7YtG2yoLSyWUUe7rRNZel9Rz2DNZ7ib1ya6vqvdEYzyfJA3KgmMq-5Z3X7rEVnjFlw2Wl6t3cTJ_g9VL3rM/s1600/images.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 225px; height: 225px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrzCmojtHX_8yWESLjLoxM1yrM6MEpGywLDAHqVPRf8FWRAk1o08fDgDfO7YtG2yoLSyWUUe7rRNZel9Rz2DNZ7ib1ya6vqvdEYzyfJA3KgmMq-5Z3X7rEVnjFlw2Wl6t3cTJ_g9VL3rM/s320/images.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5624434268985467986" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">A mulher que eu gosto</span><br /><br />Filho de um funcionário da guarda municipal e sobrinho de um maestro de banda, a “Lira de Apolo”, na qual estreou tocando triângulo, Wilson Batista viveu avesso á legalidade, mas não se fez de rogado sobre a herança musical. As duas influências o perseguiram durante a vida, rebelde em relação à primeira, convicto com a segunda. Chegado dos irmãos Meira, malandros famosos da Lapa, Wilson sempre cultivou em seu círculo de amizades, subversivos da ordem vigente. Algumas prisões lhe rechearam o currículo, e foram acrescentadas às suas composições temáticas controversas para a época. Parceiro de vários sambistas, Wilson Batista compôs com Ciro de Sousa em 1941, “A mulher que eu gosto”, na qual reclama da deslealdade de um amigo. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPCUaPlnnG9v8dKDc0Ua3q3eXEbUgQK4sUlq24sSNMNC8cK27WtEUpLIyhpCXkhW6DTjVv_51GmtnzVgsRunHwWJLs62vmN2DZ8der-OtL89pvU_rsOoECt55Hloqtkmx03m6hIgeRDQ0/s1600/wilson_batista+%25281%2529.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 254px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPCUaPlnnG9v8dKDc0Ua3q3eXEbUgQK4sUlq24sSNMNC8cK27WtEUpLIyhpCXkhW6DTjVv_51GmtnzVgsRunHwWJLs62vmN2DZ8der-OtL89pvU_rsOoECt55Hloqtkmx03m6hIgeRDQ0/s320/wilson_batista+%25281%2529.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5624434446588504098" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Preconceito</span><br /><br />Wilson Batista teve sua primeira música lançada por Araci Cortes, composta quando ele tinha 16 anos. Depois, seguiram-se gravações de nomes recorrentes da época: Luís Barbosa, Almirante e Francisco Alves, Castro Barbosa e Murilo Caldas juntos, no sucesso “Desacato”, denotando seu crescente prestígio. Em 1941, o “Cantor das Multidões”, Orlando Silva, lançou “Preconceito”, parceria com Marino Pinto, depois regravada por João Gilberto. Como na letra da música, em que um apaixonado rapaz pobre se vê instigado a conquistar o coração de uma moça rica, as fronteiras, sempre presentes, acenavam trégua quando se ouvia samba, (“meu samba vai, diz a ela, que o coração não tem cor”) responsável pela aproximação entre os grandes cantores do período e os compositores populares, relegados, via de regra, a um segundo plano. Além disso, estampa-se o preconceito racial marcante. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj18PpbV5m3RPSLqs1-JRYGchrraGxU3JMGlX9LaN84sZLFlR0iUjYxsZWTkawS9FBH5me9WINzGGQVtWJcMpXdCro2qKGZiTqKwKLvEGgNMCOCoO8GZGQElXte5ktBXRBz6c3vucsOLRY/s1600/capa.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 311px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj18PpbV5m3RPSLqs1-JRYGchrraGxU3JMGlX9LaN84sZLFlR0iUjYxsZWTkawS9FBH5me9WINzGGQVtWJcMpXdCro2qKGZiTqKwKLvEGgNMCOCoO8GZGQElXte5ktBXRBz6c3vucsOLRY/s320/capa.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5624434585529315474" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Emília</span><br /><br />No afamado Café Nice, Wilson Batista conheceu Erasmo Silva, com quem arquitetou conjunto com as presenças de Lauro Paiva ao piano e Roberto Moreno na percussão. Com a desfeita, permaneceram somente os dois primeiros, que passaram a se intitular “Dupla Verde e Amarelo”, participando, inclusive, de espetáculos na Argentina, Porto Alegre e apresentações em São Paulo. Tempos depois, Wilson Batista escreveu com Haroldo Lobo música que versava sobre uma união desejosa de soberania. Um oportuno “café preparado” simbolizava a perfeição exaltada. Lançada por Vassourinha em 1942, foi regravada por Roberto Silva, com sucesso semelhante. Se encontrasse “Emília”, Wilson, certamente, cairia a seus pés de amor. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjr1LQwRP3mIziphFl15Vmq1Cyll-iugRD3Gbqex_fg7aN6Z4jaAMJQmh5Zh9vw4CL_eLtkzf663CMUul4Apc0m8o9_rQ4EDmvRWzRSIhJXoEMgciO6PB54uRwGGrUuBOyMwN6pQ1LStQQ/s1600/capa.livro_.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 306px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjr1LQwRP3mIziphFl15Vmq1Cyll-iugRD3Gbqex_fg7aN6Z4jaAMJQmh5Zh9vw4CL_eLtkzf663CMUul4Apc0m8o9_rQ4EDmvRWzRSIhJXoEMgciO6PB54uRwGGrUuBOyMwN6pQ1LStQQ/s320/capa.livro_.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5624434761475467042" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Meus vinte anos</span><br /><br />O samba “Meus vinte anos” revela a amargura que a nostalgia pode abarcar. Composto em 1942, em parceria com Silvio Caldas, que o lançou, Wilson Batista se vale da rejeição das mulheres para constatar o triste passar do tempo. A isso, se assemelham valores medíocres, artificiais, propagados pela cultura do consumo estético. Sem notar que o tempo, grande juiz da vida, exulta o que lhe é preservado, e se vai com o resto. “Ai eu daria tudo, para poder voltar aos meus vinte anos”, entoam versos tristes. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Louco (Ela é seu mundo)</span><br /><br />Era notória nos arredores da Lapa, a fama de conquistador de Wilson Batista. Apesar disso, ele fixou residência no amor, ao se casar com Marina Batista e ter com ela dois filhos. No samba de 1943, “Louco (Ela é seu mundo)”, em parceria com Henrique de Almeida, Wilson apresenta a loucura como a condutora oficial do sentimento menos previsível do homem. Com versos que descrevem a agonia do protagonista, o compositor apresenta uma bela letra, que acompanha os passos sem rumo. Lançada por Orlando Silva, ganhou regravação de Nelson Gonçalves, que revive com maestria todas as nuances da melodia, João Nogueira, Noite Ilustrada, Joyce, Cristina Buarque, Aracy de Almeida, João Gilberto, Elza Soares e diversos outros, reafirmando a qualidade de permanência da música.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWiNYi-Rb2s9w8YNP15EdbXdkMcTTRRvs9q4JRsQo0K12G1Ob0XYvqXkdDvD21gu-x-QDs_pl8upII_wmxJG8fpX8wEr80NJD1yTu9_U6D8IAELt8Ai5tN0ZyGZjNtwiVznY31RWpZMuc/s1600/wilson.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 285px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWiNYi-Rb2s9w8YNP15EdbXdkMcTTRRvs9q4JRsQo0K12G1Ob0XYvqXkdDvD21gu-x-QDs_pl8upII_wmxJG8fpX8wEr80NJD1yTu9_U6D8IAELt8Ai5tN0ZyGZjNtwiVznY31RWpZMuc/s320/wilson.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5624434936985466178" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Diagnóstico</span><br /><br />No final da vida, Wilson Batista compôs em homenagem ao beliscador de cordas, Nelson Cavaquinho, um dos grandes nomes de Mangueira, à qual também dedicou muitas músicas. No samba de 1943, “Diagnóstico”, em parceria com Germano Augusto, Wilson esnoba a pompa da medicina, ambicionada em oferecer soluções totalizantes, e rememora os desavisados: “não há remédio pra curar uma saudade”. Se fosse feito um exame no coração de Wilson, estaria constatado: sambista incurável. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Mulato calado</span><br /><br />“Mulato calado” estranhamente consta como sendo de autoria de Benjamim e Marina Batista, esposa de Wilson. Tendo sido inclusive registrada por seu verdadeiro autor, além de Aracy de Almeida e Adriana Calcanhotto, entre outros, o samba retrata uma história dramática que exemplifica a realidade dos morros cariocas, ainda na década de 40. Revivida por Clementina de Jesus 30 anos depois de seu lançamento, em 1977, apresenta integralmente personagens complexos do cotidiano brasileiro, acostumados a conviver com vida e morte na mesma sentença. “Vocês estão vendo aquele mulato calado, com o violão do lado, já matou um, já matou um...” <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaOPTvGEIp_Mj6tFHxg_kO6KD9pAVQjBmOUhK5WaMy5ffqM4C_-VtKCeV1xxj0TtZnSt6r-vgXji9RFeatHzTnljB5cu22_myVCtOavCN3tyCqG8NnBnqUV5z28IYoCEBuGNmlWz5DGCY/s1600/192458443.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 150px; height: 150px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaOPTvGEIp_Mj6tFHxg_kO6KD9pAVQjBmOUhK5WaMy5ffqM4C_-VtKCeV1xxj0TtZnSt6r-vgXji9RFeatHzTnljB5cu22_myVCtOavCN3tyCqG8NnBnqUV5z28IYoCEBuGNmlWz5DGCY/s320/192458443.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5624435128092859538" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Chico Brito</span> <br /><br />As margens sempre interessaram a Wilson Batista, por ser ele próprio, parte integrante delas. Por isso em seus sambas retratam-se comportamentos dos ditos inadequados, de gente simples, posta de canto. “Chico Brito”, de 1949, em parceria com Afonso Teixeira, é o herói dos pequenos que se deteriora em razão de maus tratos. Afinal “se o homem nasceu bom, e não se conservou, a culpa é da sociedade que o transformou.” Não por acaso, é feita a primeira referência à maconha na música brasileira. Registrada por seu autor, foi lançada por Dircinha Batista, e regravada por Paulinho da Viola.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Mãe solteira</span><br /><br />Wilson Batista nunca teve vergonha ou medo de abraçar os temas mais ásperos, ou seja, nunca mascarou a realidade. Talvez, por isso, a tragédia se insurja tão naturalmente e viva em suas músicas. O drama da Maria que ateia fogo às próprias vestes anuncia a hipocrisia de uma sociedade preconceituosa que se não capaz de uma violência física, pratica-a de maneira ainda assim massacrante. Composto em 1954 em parceria com Jorge de Castro, avisa no enunciado: “Hoje não tem ensaio, na escola de samba, o morro está triste, e o pandeiro calado.”<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzIBL088ino3s0_tlkjvQRzDsxdNWhKlyzguM6onsnAHN_ht_OqMj_7r28mrAs47dSqD0hR3fWU2UThPZquhGOJamLv8sNDs7FWmiHlZLt45OPG-ocAUi1jk2H7j2rOIX3Jc6O8MR0SBk/s1600/618.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 130px; height: 230px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzIBL088ino3s0_tlkjvQRzDsxdNWhKlyzguM6onsnAHN_ht_OqMj_7r28mrAs47dSqD0hR3fWU2UThPZquhGOJamLv8sNDs7FWmiHlZLt45OPG-ocAUi1jk2H7j2rOIX3Jc6O8MR0SBk/s320/618.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5624435272268100818" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Nega Luzia</span><br /><br />Há na música de Wilson Batista o fogo de seus personagens, reluzentes lampiões. Ele que em sua mocidade pretendeu tornar-se marceneiro enquanto compunha versos para os bandos dos quais participava. E que depois trabalhou como eletricista e ajudante de contra-regra no Teatro Recreio, para assim se aproximar das grandes estrelas. E foi por essas curvas, que fez parte da Orquestra de Romeu Malagueta, sendo crooner e tocando pandeiro. Embora só soubesse tocar caixinha de fósforos e demonstrasse dificuldade para escrever. Encontrou todo tipo de gente, do elegante Ataulfo Alves, ao pilantra Germano Augusto, bicheiro, conhecido como China, para quem vendeu muitos sambas. E foram esses sambas que cravaram o nome de Wilson Batista em lugar de destaque, flamenguista assumido, boêmio orgulhoso. Afinal como a “Nega Luzia” do samba de 1957, em parceria com Jorge de Castro, Wilson botou fogo no morro, na música brasileira, sem receber Nero, mas presenças até mais ilustres. Despediu-se em 1968, apenas ao parcial. Melodias e versos propagam-se infinitamente. <br /><br /><span style="font-style:italic;">“Ganha-se pouco, mas é divertido” Wilson Batista</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheeAoK5UlR71K9FLl3FrWhswQOfXC_78a8RMCuNGb-lYrKzhCC00fhmg17GXE57a6F4HpmX_ufjKeFhUc9DCbJgklCkv_tBImwjEK6q3IjcNRboFo3fH_wBynSuW7KgOaaUSS3_GFw7-g/s1600/WILSON+BATISTA.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 250px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheeAoK5UlR71K9FLl3FrWhswQOfXC_78a8RMCuNGb-lYrKzhCC00fhmg17GXE57a6F4HpmX_ufjKeFhUc9DCbJgklCkv_tBImwjEK6q3IjcNRboFo3fH_wBynSuW7KgOaaUSS3_GFw7-g/s320/WILSON+BATISTA.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5624435433316285858" /></a><br /><br />Raphael Vidigal Aroeira<br /><br />Lido na Rádio Itatiaia dia 03/07/2011.Raphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-59630291462294233592011-06-27T07:17:00.000-07:002011-07-06T11:35:38.444-07:00No sotaque de Adriana<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHzEBcfY9OQnBSBYZPGQ_ADAToj88egWLcQkze1DB9ybJxTol44l_BKfAWtyMm9kncLweN0smPxTJaiabEeGX-Tr2rbNXO5HZRN3Z26I1YF7aI_Qg3uSkXSV6276bi2jxNBUwew9hJat50/s1600/cdadriana.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 287px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHzEBcfY9OQnBSBYZPGQ_ADAToj88egWLcQkze1DB9ybJxTol44l_BKfAWtyMm9kncLweN0smPxTJaiabEeGX-Tr2rbNXO5HZRN3Z26I1YF7aI_Qg3uSkXSV6276bi2jxNBUwew9hJat50/s320/cdadriana.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5622903972633305458" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=2f4d414" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object> <br /><br />O mote é samba. Mas o sotaque é de Calcanhotto. Em álbum recheado de dedicatórias, Adriana não presta homenagem. Isso porque recusa a nostalgia para apresentar salutares desvios nos quais ambienta suas composições, com coloquial destreza para o inusitado. <br /><br />Um dos que recebe menção honrosa na contracapa do disco é Jards Macalé, outro iconoclasta da canção brasileira. Aliado a ele vem Lupicínio Rodrigues, chamado tão intimamente de “lupi” que merece registro a maneira descompromissada com que Adriana se enverga do “micróbio do samba” dito pelo inventor da dor-de-cotovelo para dar nome à 12ª obra de sua carreira fonográfica (exceção à coletânea “Essencial” lançada em 2010).<br /><br />Acompanhada em todas as faixas por Alberto Continentino no contrabaixo e Domenico Lancellotti na bateria e percussão (por vezes invertendo a ordem – ou seja – percussiva bateria e batida percussivista), Adriana começa sua saga rumo ao ritmo surpreendendo, como lhe é de seu fetiche nada usual em tempos demasiado óbvios. <br /><br />Quem procura o tal micróbio do samba precisará de refinada lupa para encontrá-lo. Sim, pois os instrumentos presentes no álbum são tão inesperados quanto usar uma lupa para encontrar micróbio. E soam, além de criativos, agradáveis, dispensando a invencionice barata de grupos indie saídos em última fornada. A se notar o fato de que o som base é comandado por instrumentos elétricos tão rechaçados em ‘tempos idos’ (diria Cartola), sob a pretensão de defesa das raízes analógicas aqui instauradas pela miséria do povo.<br /><br />Não se exclui o novo para abrigar o antigo. A riqueza com que Adriana desperta os olhares, ouvidos e gestos de sua matéria-prima é notável. Adriana lida poesia. Retira de cada sonoridade e palavra tudo o que podem oferecer em largueza e amplitude. Os sentidos deitam-se abertos ao deleite individual. Na primeira faixa, “eu vivo a sorrir” (assim grafadas minúsculas todas as palavras do disco), há exemplos que se cruzam soltos, envoltos pela atmosfera típica do samba (fadado fado; acaso caso). O que passará desapercebido por aqueles comprometidos com as verdades estáticas de uma vida mais maleável do que se lhes apresenta. Sem fazer pouco caso, Adriana e um de seus comparsas riem ao final. <br /><br />“aquele plano para me esquecer”, brinca com contrastes, novamente: seu plano para me esquecer, esqueça, vaticina. E comporta a beleza rítmica do samba, sob os toques de um piano velejado aos dedos irreverentes de Calcanhotto. O clima revanchista e rancoroso, presente na terceira faixa, enclausura com propriedade a guitarra vertiginosa tocada por Adriana. “pode se remoer”, expõe no título do que se trata. E ainda remodela palavras, mantendo a sonoridade e o sentido primordial, como no caso de ajuizar/ajoelhar substituídas uma pela outra em versos, de resto, idênticos.<br /><br />“mais perfumado”, oferecida à Thaís Gulin, enaltece o amor incondicional que se sujeita a provações inaceitáveis para muitos. O homem que trai é temática comum no mundo do samba, a mulher que mais do que desconfia, sabe, é mérito da lavra de Adriana. A música conta ainda com a “luxuosa”, como destacada pela própria cantora no encarte, participação de Davi Moraes e sua viola morna, que inaugura o sentir buliçoso do álbum.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivX_j-Pm4tSiLrJPayad8ZEIM2UDW9NHsrCjEbFTptZyTZk1xxbTUgmzjBvPnWf9DISz_xO8NE0xcsv00W4hReLdvlLGKbvbeH4i2WVQp_SXSaL5QbKm2vB3UxZRUYaNv8HmmV3XZi6Z-s/s1600/15_MVB_cult_adriana4.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 277px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivX_j-Pm4tSiLrJPayad8ZEIM2UDW9NHsrCjEbFTptZyTZk1xxbTUgmzjBvPnWf9DISz_xO8NE0xcsv00W4hReLdvlLGKbvbeH4i2WVQp_SXSaL5QbKm2vB3UxZRUYaNv8HmmV3XZi6Z-s/s320/15_MVB_cult_adriana4.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5622904269777419474" /></a><br /><br />“beijo sem”, já lançada com sucesso por Marisa Monte, e oferecida para ela mesma, põe à prova o canto narrativo e lento de Calcanhotto, como a sombrear palavras e requerer sons. É também faixa mais expansiva e menos interiorizada que as anteriores, abrilhantando o mosaico (como a obra de Leonílson – “Puros e duros – Ouro de artista – Ilusões”). <br /><br />“já reparô?” permanece no tom da mulher que se coloca em primeiro plano, e ao invés de lamentar, se vangloria e provoca: a sua nova namorada, querida, pode ser linda e safa, (...) porte de gazela, olho de leoa, ser muito versada e hábil com a língua, do tipo que domina idiomas, mas ela não samba...”. E frases de conotação determinista: “o amor é o hiperquântico, e eu devo lhe fazer falta numa dada hora”. A ironia se estabelece, sem fazer concessões. Rodrigo Amarante pontilha generosamente solos de guitarra. <br /><br />Outra canção com título questionador “vai saber?”, lançada e oferecida para Mart’nália, marca o ponto do disco em que o samba se esgueira com mais focinho tradicional. A se reparar o fato de Adriana tocar cuíca nessa faixa e caixa de fósforos na seguinte, “vem ver”. Numa, o rejeitado que sente raiva e ameaça o troco, noutra, o mesmo personagem, com a promessa de fazer de tudo para reconquistar o tal amor (perdido ou encontrado).<br /><br />O chorístico cavaquinho de Davi Moraes, introduz a seara carnavalesca iniciada com “tão chic”, onde a sutil pronúncia de Adriana tem papel fundamental para a percepção da diferença em versos “si” e “se”. Nessa música, um exercício de cinismo com a eternidade, do “amor eterno até a quarta-feira”, sinalizando tom debochado com relação à festa. Na seguinte, “deixa, gueixa”, uma alegria exaltante em ritmo de bandeja de chá tocada por Adriana, em alusão ao objeto referido na letra. Com sagacidade, a faixa ganha coro de bloco e torna mais intimista a música, que vai do Ocidente ao Leme, dedicada para Hiromi. <br /><br />No fim, “você disse não lembrar” é sensível composição bem aclimatada ao tempero tradicional do samba, enriquecida por toques de faca e prato de Moreno Veloso, que traça um caso de amor quase desfeito. “tá na minha hora” sinaliza o intento da autora dos versos, como síntese do trabalho feito: “despi as suas fantasias devagarinho, da sua onipotência tratei com jeitinho, e das chegadas de madrugada, no sapatinho, agora tá na minha hora...”.<br /><br />E despede-se, erguendo a bandeira de sua Estação Primeira de Mangueira, inspiração para as cores que se destacam na belíssima capa do disco, via arte de Luiz Zerbini, Fernanda Villa-Lobos e Caroline Bittencourt. A “moça dos agudos de cristal”, que despertou o fascínio do escritor gaúcho Caio Fernando Abreu em 1989, segue sua sina quebradiça de pérolas e diamantes. Com caminho livre para os rubis, em meio às pedras. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpdS-C5nTx2cn0LRnfHpNvDjSmjAiioaVcvRjVQGjJMXHZbIW9TtFQ-14AY4GMsryLfA_1kNzlKfHJ3WyNrEGu6Idsiek91DJJdoOVfLx74sGcQqDhNKCMKygmVXvBQXoj9ANo9wViAwNP/s1600/adriana_calcanhoto_0702.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpdS-C5nTx2cn0LRnfHpNvDjSmjAiioaVcvRjVQGjJMXHZbIW9TtFQ-14AY4GMsryLfA_1kNzlKfHJ3WyNrEGu6Idsiek91DJJdoOVfLx74sGcQqDhNKCMKygmVXvBQXoj9ANo9wViAwNP/s320/adriana_calcanhoto_0702.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5622904075121061522" /></a><br /><br />Raphael Vidigal Aroeira<br /><br />Publicado no jornal "Hoje em Dia" em 05/07/2011.Raphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-9602396154257721102011-06-26T18:28:00.000-07:002011-06-27T07:22:54.054-07:00Entrevista: Lobão<span style="font-style:italic;">Músico demonstra carinho e admiração por artistas marginalizados </span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJaDFvYZ3qKW9OlhtYs5oTXB0ICAS4XoKfM7k6rkJFR9RWDOkZjMWX9sHElOgVbsL2kOD4PWRf0-vgFfg-qbmZFX0WelY2dUW8sv7FGQUO0RAltb-QTaAL7Gm9eIgww2EUQgBmHoaMDA78/s1600/lobao.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 174px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJaDFvYZ3qKW9OlhtYs5oTXB0ICAS4XoKfM7k6rkJFR9RWDOkZjMWX9sHElOgVbsL2kOD4PWRf0-vgFfg-qbmZFX0WelY2dUW8sv7FGQUO0RAltb-QTaAL7Gm9eIgww2EUQgBmHoaMDA78/s320/lobao.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5622707947027676402" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=028ff6a" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object> <br /><br />“Eu sou nada e é isso que me convém, eu sou o sub do mundo, o que será, o que será, que me detém?”. Lobão sempre marcou território como contraponto do panorama nacional e invariavelmente se insurge contra vozes totalizantes. Os versos de El Desdichado II servem como pequena amostra desse papel fundamental em que o artista atua. Especialmente numa sociedade cada vez mais preocupada em fechar sentidos e definir padrões de experiência estética superiores. Para atender ou quebrar as expectativas, o músico concedeu entrevista durante noite de autógrafos na livraria FNAC, e foi só elogios a nomes esquecidos pela grande mídia e estimados por ele. A lenda de que o temido lobo não compreende afagos desfez-se como um novelo mal tricotado. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">R.: Como foi a história do violoncelo que você deu de presente ao Jards Macalé? Ele contou que vocês se encontraram no Baixo Leblon de madrugada e 8 meses depois chegou encomenda do ‘senhor Lobão’.</span> <br />A história é mais complicada. Ela começa em 95. O Jards queria aprender a tocar violoncelo e eu tinha um. Aí fomos para o meu apartamento, eu morava no 18º andar e acabou a luz. Isso impossibilitou que a gente tocasse. Então a gente sempre se encontrava no show do Paulinho da Viola e tocava no assunto. Até que eu me mudei para um apartamento menor e aquele violoncelo virou um ‘trambolho’ dentro de casa. Liguei para o Jards, falei: ‘você quer aprender a tocar?’. Ele disse que queria. Inclusive não sei como acaba a história. Se ele está tocando ainda.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">R.: Ele me contou que pegou uma tendinite e acabou doando para uma amiga que dá aula de música no Complexo do Alemão.</span><br />(Risos) eu sabia que isso ia acontecer. Macalé é uma figura admirável. Por quem eu tenho muito carinho. É um gênio. E muito engraçado. Deprimido e engraçado. Igual a mim. A gente vai fazer muita coisa junto ainda. Naquele momento, ele queria estudar violoncelo e eu violão clássico. Ele toca um violão sensacional, então eu mostrava o que aprendia de Villa Lobos. É um intercâmbio maravilhoso. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">R.: Fale um pouco sobre o Sérgio Sampaio.</span><br />Sérgio Sampaio foi uma vítima da Tropicália. Ele, assim como o Tom Zé e o Jards Macalé foram bypassados pela famosa ‘máfia do dendê’. O Macalé produziu o melhor disco do Caetano Veloso (Transa) e não recebeu os créditos. A partir dali, ficou isolado da música brasileira. Isso aconteceu com o próprio Sérgio Sampaio, o Raul Seixas e todo mundo que não entrou naquela onda. Todo mundo que era mais ou menos legal desapareceu. Ficou Gil e Caetano. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">R.: Como foi seu encontro com o Paulinho da Viola?</span><br />Paulinho da Viola é uma das pessoas mais delicadas que eu conheci. Frequentei a casa dele na época do (álbum) ‘Nostalgia da Modernidade’, para mostrar umas composições minhas. Ele ouviu o CD atentamente 3 vezes, com uma minúcia impressionante. No final ele disse que eu estava cantando mais suave, elogiou minhas músicas, que nunca imaginaria fazer samba daquele jeito. Mas pediu para que eu não abandonasse o rock, que ele também gostava muito. Um dos caras que você tem a impressão de ser mais tradicional, com essa percepção ampla. Paulinho da Viola é um privilégio raro.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">R.: E com o Nelson Gonçalves?</span><br />Nelson Gonçalves virou meu parceiro, meu brother, meu irmão. Um cara totalmente rock´n´roll, que eu chamava de senhor e recebia xingamento em troca. Fiz uma música para ele que gravamos juntos, ‘A Deusa do Amor’, inspirada no repertório passional que ele interpretava. Ele chegou a me chamar de filho algumas vezes (risos). <br /><br /><span style="font-weight:bold;">R.: Sua autobiografia, ’50 anos a mil’, escrita em parceria com o Cláudio Tognolli, inicia-se com o episódio do enterro do Júlio Barroso em que você e Cazuza se viram órfãos. Fale um pouco sobre o Cazuza.</span><br />Eu era o melhor amigo do Cazuza. Mas ele foi vítima do próprio amor da família. Ele morreu e a família quis transformá-lo numa coisa MPB. Aí ficou nem barro nem tijolo. Higienizaram a obra dele. Eu brincava com ele, ‘tu vai morrer duas vezes, porque quem vai escrever o prefácio da sua biografia vai ser o Caetano Veloso’. Não deu outra. Se você perceber, o Caetano exalta o Cazuza como um cara muito bom daquela época, dos anos 80. É como elogiar os ombros do Paulo Ricardo. O Paulo Ricardo toca bem contrabaixo, canta bem, tudo bem. Mas os ombros são maravilhosos. Então ele é muito cruel, nesse ponto. Eu falava, ‘Cazuza a gente precisava ter uma ruptura’. Mas ele gostava muito de Dolores Duran, samba-canção, música brasileira, então ficou meio na dúvida em dar aquele salto. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">R.: Para finalizar, Júlio Barroso?</span><br />Uma pessoa das quais eu sinto mais falta. Eu anuncio com a morte do Júlio Barroso, em julho de 1984, o fim do rock nacional. Isso tudo está no livro.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Livro: Lobão – 50 Anos A Mil<br />Autor: Lobão com Cláudio Tognolli<br />Editora: Nova Fronteira<br />Preço médio: R$35</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ0vsqOmplibGp997OabWCZQpKHiyxJQRsdk8Ij6F6Ze5wpk18aM2KTFv6-vfvy6qNKuY3QJVq3OwydY7eq5gq5tCziLdOc8WEMrSHL8uq_Yh4_gyb6jZVKFYVJKaONPVAjNlbwRVUGimn/s1600/1840210-4550-atm14.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ0vsqOmplibGp997OabWCZQpKHiyxJQRsdk8Ij6F6Ze5wpk18aM2KTFv6-vfvy6qNKuY3QJVq3OwydY7eq5gq5tCziLdOc8WEMrSHL8uq_Yh4_gyb6jZVKFYVJKaONPVAjNlbwRVUGimn/s320/1840210-4550-atm14.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5622708074498149794" /></a><br /><br />Raphael Vidigal Aroeira<br /><br />Publicado no jornal "Hoje em Dia" em 25/06/2011.Raphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-23569538669058526352011-06-22T08:18:00.000-07:002011-06-22T09:29:39.381-07:00Arrepia: Voz que toma CORPO<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg74eZpmiIxKaupPntltUtrTGwRsNRQSBVUcb8Q-I5eYiM36Na2WLftlSgbjvhxFLgNzrv_o9XPcZL3sT4gNWN_E6Q6KioF2SqDMmz2ZiSbwt1qSMhkSa5vlcvcTY-sdDMuIrAoDoVdipYk/s1600/ElzaSoares.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 266px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg74eZpmiIxKaupPntltUtrTGwRsNRQSBVUcb8Q-I5eYiM36Na2WLftlSgbjvhxFLgNzrv_o9XPcZL3sT4gNWN_E6Q6KioF2SqDMmz2ZiSbwt1qSMhkSa5vlcvcTY-sdDMuIrAoDoVdipYk/s320/ElzaSoares.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5621066515757605698" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=ebf00a6" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object> <br /><br />Você já ouviu a voz que toma corpo? Da favela vem magra, faminta, intacta e assim permanece. Carrega a cabeça uma lata d’água e nas mãos uma prece, que se estende aos quadris da mulata assanhada, sobe pelas paredes. E alcança no céu um Ary Barroso e um Louis Armstrong. É a mistura sem jeito, sem tato, aos barrancos, mancando ao sapato um tamanco de barro, suor e pilão. Chame de bossa negra, suingue, jazz, funk ou samba na avenida. Ela apenas destila o que chama de corpo é a voz que arrepia: Elza Soares da vida, patrimônio mal resolvido num país de descidas, sucata e música aborígene. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4p6_4qvpKmxWOWb_WPKj8XELyqmrg6RFvQ2icGxuUMUvxvbOK01RZA-uBeaitbM1XrAqzu4VOrTrPpqCDXMTtxPfp4TFPHA6s7T4ZTZ0jpNLEzBjZGhbJGOSRLvR0oojQ1ixag5C_RNIx/s1600/Elza-Soares+%25281%2529.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 308px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4p6_4qvpKmxWOWb_WPKj8XELyqmrg6RFvQ2icGxuUMUvxvbOK01RZA-uBeaitbM1XrAqzu4VOrTrPpqCDXMTtxPfp4TFPHA6s7T4ZTZ0jpNLEzBjZGhbJGOSRLvR0oojQ1ixag5C_RNIx/s320/Elza-Soares+%25281%2529.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5621066774874243954" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Se acaso você chegasse </span><br /><br />Escrito por Lupicínio Rodrigues em parceria com Felisberto Martins em 1938, o samba “Se acaso você chegasse” fez sucesso com Ciro Monteiro. Na estréia em disco de Elza Soares, no ano de 1959, a peça ganhou o contorno da voz jazzística da cantora, substituindo frases do refrão por sonetos sonoros que deixam no ar a real intenção dos personagens. À história de amor desfeito e amizade posta sob perigo de Lupicínio Rodrigues, Elza adentrou com intimidade e atrevimento, sem perder a dor-de-cotovelo.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEHIfs7Vlae_1ECSZ2I_Orr_3IgU0eaZ5W-0GEmaTGxgIEk0-8VMcXxre-H0JEj-HgtvgcYFcWOX8kXQq1oiUAoxE9a6PtmNhAy4L2fmO_RSpCv-LISwJioi2lczcrZfJfPrBHStPtaZ6I/s1600/elza_soares.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEHIfs7Vlae_1ECSZ2I_Orr_3IgU0eaZ5W-0GEmaTGxgIEk0-8VMcXxre-H0JEj-HgtvgcYFcWOX8kXQq1oiUAoxE9a6PtmNhAy4L2fmO_RSpCv-LISwJioi2lczcrZfJfPrBHStPtaZ6I/s320/elza_soares.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5621067652087942898" /></a> <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Mulata Assanhada</span> <br /><br />Ary Barroso determinou em 1950 que o maior compositor popular brasileiro era seu conterrâneo mineiro, Ataulfo Alves. Seis anos depois, o prestigiado sambista lançou obra prima de sua autoria, outra delas, “Mulata Assanhada”. Lançada por Elizeth Cardoso, a canção corre no tempo esperto e sinuoso das curvas da mulata em questão. Regravada em 1960, sem demérito nenhum para a primeira gravação, pela personificante Elza Soares, tornou-se emblema de sua figura: “Ô mulata assanhada, que passa com graça, fazendo pirraça, fingindo inocente, tirando o sossego da gente.” A incorreção política de Ataulfo aparece ao recorrer aos provocantes versos: “Ah mulata se eu pudesse, e se meu dinheiro desse, eu te dava sem pensar, essa terra, esse céu, esse mar. Ela finge que não sabe que tem feitiço no olhar. Ai meu Deus, que bom seria, se voltasse a escravidão, eu comprava essa mulata e prendia no meu coração, e depois a pretoria é que resolvia a questão!” <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVffI-HZ_sAVZsJ8yDHk3ns4loGj0Sey7IuTCkBbRefwjtD-of9xKwvhaZxDbrcTj15In8ec2sfrrfzR2Yr3pWeZOq3mYKrxrzUkUHqLdgLqKjb_bw8uBlITR6ZQKUglqml64QyD1x9nRu/s1600/elza-soares.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 236px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVffI-HZ_sAVZsJ8yDHk3ns4loGj0Sey7IuTCkBbRefwjtD-of9xKwvhaZxDbrcTj15In8ec2sfrrfzR2Yr3pWeZOq3mYKrxrzUkUHqLdgLqKjb_bw8uBlITR6ZQKUglqml64QyD1x9nRu/s320/elza-soares.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5621067793504650626" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Estatutos de Gafieira </span><br /><br />A menina Elza da Conceição Soares, casou-se, obrigada pelo pai aos 12 anos de idade, com um menino de 17. Mãe aos 13, viúva aos 18 anos, viu a vida precoce deslizar no asfalto. Soube manter a pose e equilibrar-se no morro, apreciada em sua imaturidade pelos “Estatutos da Gafieira”. Retirando deles a melodia para superar as adversidades, Elza Soares, já nascida cantora e desde sempre acalentada por seu canto rompedor, regravou em 1966 o samba dançante e esquio de Billy Blanco, conferindo a ele sua pulsação singular. Como diz a biografia da cantora lançada em 1997, escrita por José Louzeiro, é Elza “cantando para não enlouquecer”. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Salve a Mocidade </span><br /><br />Elza Soares sempre puxou pela força do canto as barreiras que tentaram derrubá-la. Cantou o samba de carnaval de Luiz Reis, escrito em 1975, exaltando a escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel. Mas também o que existe de “mais quente”, o povo e sua festa, sendo ela mesma, o carnaval na essência, superando toda quarta-feira que foi cinza em sua vida. Ansiando a folia. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxNJVGICpZidWW7LMvpDngiHo1dGenuZtCFhxRk7UFyuFhuRsVHNWKZrTsPz2dPFvPFlOpZ82DDbdELygM6xOvum1E-fuU5pAUa2VFQRE62ZXOk0CdOG2BnzVrFcdS1gd_CIScC5YBjEJS/s1600/elza-soares+%25282%2529.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 213px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxNJVGICpZidWW7LMvpDngiHo1dGenuZtCFhxRk7UFyuFhuRsVHNWKZrTsPz2dPFvPFlOpZ82DDbdELygM6xOvum1E-fuU5pAUa2VFQRE62ZXOk0CdOG2BnzVrFcdS1gd_CIScC5YBjEJS/s320/elza-soares+%25282%2529.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5621068041884643954" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Edmundo – versão de <span style="font-style:italic;">In The Mood</span> </span><br /><br />Aloysio de Oliveira aproveitou-se de uma interpretação vocal para transformar o sucesso americano de Glen Miller, composto por Joe Garland e Andy Razaf, In The Mood, no sucesso brasileiro de proporção internacional, “Edmundo”, em que se vale das trapalhadas de seu protagonista. Lançada por seu “Bando da Lua” em companhia de Carmen Miranda em 1954, a música recebeu regravação de Elza Soares e entrou para a galeria de estouros de seu repertório. Sem perder o requebrado e o bom humor, Elza mantém a forma ao interpretar diversas mancadas e peripécias no universo musical em que ressoa a vida. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Devagar com a louça</span> <br /><br />Elza Soares viveu um tórrido romance com Mané Garrincha que lhe valeu muita tristeza e também muita felicidade. O filho do casal, Garrinchinha, morreu em acidente automobilístico em 1986, abalando muito a cantora, que já havia perdido filho para a fome. No entanto, Elza soube superar as agruras que lhe foram impostas, e “devagar com a louça”, recuperou seu terreno. A voz acoplada à melodia que lhe é impregnada pelo timbre aguçado e intransferível marca a releitura da cantora no samba composto em 1963 por Haroldo Barbosa e Luiz Reis: “Devagar com a louça que eu conheço a moça vai devagar...”<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFu-rZz3B1b8fZQfrRkWhyRKE3WtA9R_i_jtUnTIQbDIqAccifJsN1U4-NMCcJ_dqHwIy-aMPc1LCqFpV40jUbMoRSp2SP95SKr-ZYj2BGtqrFH8JxXArJxMeZaXE3nvMWiZ1VXbsywfsZ/s1600/Elza_Negra-thumb.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 302px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFu-rZz3B1b8fZQfrRkWhyRKE3WtA9R_i_jtUnTIQbDIqAccifJsN1U4-NMCcJ_dqHwIy-aMPc1LCqFpV40jUbMoRSp2SP95SKr-ZYj2BGtqrFH8JxXArJxMeZaXE3nvMWiZ1VXbsywfsZ/s320/Elza_Negra-thumb.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5621068282997038370" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Boato</span><br /><br />O violão paterno e os ouvidos grudados no rádio deram à Elza Soares a oportunidade de conhecer Noel Rosa, Geraldo Pereira e Ary Barroso, que lhe abriu as portas pessoalmente para o estrelato, depois de zombar de sua roupa e arrepender-se, mesmo que veladamente, nomeando aquela menina humilde e tempestuosa de estrela. Interpretada com a avidez de sempre, Elza Soares soube dar ritmo certo ao samba de 1961 de João Roberto Kelly, “Boato”, em que sua voz alerta triste os infortúnios sombrios do ilusionismo. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Beija-me</span> <br /><br />A pitada de jazz que Elza Soares acrescenta ao samba que pratica é que garante a autenticidade sonora de seus retumbantes graves, agudos e tudo mais que endossa sua voz inigualável. Sejam rasgadas as interpretações, ou disfarçadas sob a fantasia de um véu macio, a música espalha-se em Elza Soares ao deleite de desvios maternos, femininos, vorazes. “Beija-me”, samba de 1943 de autoria de Roberto Martins e Mário Rossi, sucesso de Ciro Monteiro, é um convite irrecusável, feito pela cantora do milênio, segundo a BBC de Londres. Gravado por Elza Soares em 1961. “Beija-me, deixa o teu rosto coladinho ao meu...”<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo53zO2WirO3dor2Oo2y2NR9CknyaIGJ6PBCaG0C5pLze2AxzC9js8dZk42SjdmEA7yH1QQ0NOt3-s6Ln7Klxz5Ps6CcCTHPMT8bPmhf5NKpRKBLttGo7Y-xr142jEIYLJL-pRVh_RuZnm/s1600/elza+soares.jpeg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 277px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo53zO2WirO3dor2Oo2y2NR9CknyaIGJ6PBCaG0C5pLze2AxzC9js8dZk42SjdmEA7yH1QQ0NOt3-s6Ln7Klxz5Ps6CcCTHPMT8bPmhf5NKpRKBLttGo7Y-xr142jEIYLJL-pRVh_RuZnm/s320/elza+soares.jpeg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5621068453483300098" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Língua </span><br /><br />Houve quem quisesse destruir Elza Soares (policiais covardes, jornais sensacionalistas), sem perceber que estímulos sonoros são inquebrantáveis. Qual então a força do canto que remete aos primórdios do haver humano, e mais ainda, bulido à margem do trompete de metal que se ergue aos ombros de quem sassarica sem vergonha de tentar ser feliz. Tudo através da música que rege a vida. A onda sonora que abate oportunistas desventurados no caminho da rainha de argila, feita de água e terra, com a verdade que compreende conquistas. Por isso a “Língua” de Elza Soares soa tão afiada e corta como lâmina quem a quiser corrompê-la de hipocrisia. Aos prazeres modestos, sem a imoralidade insólita, ela se derrete, sem medo. E junta sua língua à de Caetano Veloso, em 1984, rap esperto e afinado. Um ano depois, gravou disco produzido por Caetano e Lobão.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEia5SuPY1UOgcyyHZoQqQA9lPy81yEltHP0joUIHghYX89aVNq_0h_wdlpt0bfgBDKS1H_3d9nGGGv__Of5AVte95cIaIS9O8z7JQAdCKgJATyqe35vdf9QYmNAXgt792H7OYSNGsuUysbR/s1600/Elza%252BSoares%252Be%252BRoberto%252BRibeiro%252B-%252BSangue%252C%252BSuor%252Be%252BRaca%252B%25281972%2529-image008.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 313px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEia5SuPY1UOgcyyHZoQqQA9lPy81yEltHP0joUIHghYX89aVNq_0h_wdlpt0bfgBDKS1H_3d9nGGGv__Of5AVte95cIaIS9O8z7JQAdCKgJATyqe35vdf9QYmNAXgt792H7OYSNGsuUysbR/s320/Elza%252BSoares%252Be%252BRoberto%252BRibeiro%252B-%252BSangue%252C%252BSuor%252Be%252BRaca%252B%25281972%2529-image008.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5621068709297078130" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Malandro</span> <br /><br />A música de Elza Soares, tal qual a perfeita expressão da personalidade, combina rítmica, harmonia, melodia e letras bem trabalhadas, embelezadas por seu canto instigante e bardo, nas mais altas prateleiras da atemporalidade. “Malandro”, samba de 1976, foi lançado por Elza Soares junto com o compositor Jorge Aragão, que divide a autoria da música com Jotabê. Os versos relatam um aviso de que o amor representa perigo. Mas vale o risco, tão bem ritmados por Elza Soares. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">O Mundo Encantado de Monteiro Lobato </span><br /><br />Em 1967, a pioneira Elza Soares tornou-se a primeira mulher a puxar um samba-enredo na avenida, com “O Mundo Encantado de Monteiro Lobato”, de autoria de Batista e Darcy da Mangueira, Hélio Turco, Jurandir, Luiz e Dico. A relutância em ser precoce não infringiu à Elza a fuga de seu destino. Tudo lhe veio cedo, lhe foi cedo, muito permaneceu. Por exemplo, o canto, a vontade, a luta cotidiana contra o infortúnio, a certeza da alegria. Como diz o bloco criado por ela própria, “Deu a Elza” na avenida!<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibZ0rLgbBWPI2gha-Y3rtotUDQT3HZshfdptl_5NduZb_ZK53NRNauPlxEJeqXRVbacjCt_JLFOOusANtnsBA4x90l8R2c5nF_ey4rKLu-yJU_41Gi-NCJF0aOuAXkZjpSNsmDvXklSQFu/s1600/ElzaSoaresMiltinhoElzaMiltinhoeSambaVol1.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 313px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibZ0rLgbBWPI2gha-Y3rtotUDQT3HZshfdptl_5NduZb_ZK53NRNauPlxEJeqXRVbacjCt_JLFOOusANtnsBA4x90l8R2c5nF_ey4rKLu-yJU_41Gi-NCJF0aOuAXkZjpSNsmDvXklSQFu/s320/ElzaSoaresMiltinhoElzaMiltinhoeSambaVol1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5621069005420068818" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Dor de cotovelo</span><br /><br />No renovador álbum na carreira discográfica de Elza Soares, “Do cóccix até o pescoço”, lançado em 2002, a cantora gravou um samba-canção magnífico de Caetano Veloso, em que ressalta com toda sua voz vitimada por carinhos e torturas as malícias de um relacionamento complicado, tardio, enfim, desfeito por artimanha do ciúme. “O ciúme dói nos cotovelos, na raiz dos cabelos, gela a sola dos pés...” <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Palmas no portão </span><br /><br />Em 1967 Elza Soares iniciou parceria com o cantor Miltinho que acabou por render 3 antológicos discos, combinando o suingue da cantora e a apurada noção rítmica do colega. Mais tarde, em 1972, bancou parceria com o iniciante Roberto Ribeiro, que provaria que seu faro para descobrir talentos estava certo. Mas é de 1967 a composição “Palmas no portão”, de Valter Dionísio e D’Acri Luiz. Elza abusa no samba de sua privilegiada voz sinuosa, e reclama de saudade: “Ôôôôô há mais de uma semana que eu não vejo meu amor...” <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Pranto Livre </span><br /><br />“d’O pranto que é privilégio de quem sabe amar”. Elza ama, amou, amará. Essa é sua verdade. Que perpassa aos berros melodiosos, ritmados, harmônicos de uma voz que exulta infinita a beleza que há em cantar, cantar, cantar...ouvir Elza Soares. “Pranto Livre”, samba-canção de 1974, de Eduardo da Viole e Dida, liberta a melancolia para que sobre ela se aviste a dor, apinhada de busca da felicidade. <br /><br /><span style="font-style:italic;">"Se não fosse cantora, seria prostituta" Elza Soares</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhznswfJpkV8H8k8-QPED7iPDkUIXvZNtxS42e_RZcGRqUrFMpuN1opqD0a0vfSafP5ia4xZvtJUpjHsSJ1U3BApWbCy1gbNbFefobB4VIphH3mIAWBEagu71LIkZTyAswJWW8ClUpsKGVc/s1600/elza-soares+%25283%2529.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 167px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhznswfJpkV8H8k8-QPED7iPDkUIXvZNtxS42e_RZcGRqUrFMpuN1opqD0a0vfSafP5ia4xZvtJUpjHsSJ1U3BApWbCy1gbNbFefobB4VIphH3mIAWBEagu71LIkZTyAswJWW8ClUpsKGVc/s320/elza-soares+%25283%2529.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5621069301976304098" /></a><br /><br />Raphael Vidigal Aroeira<br /><br />Lido na Rádio Itatiaia dia 26/06/2011.Raphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-79031181046850789822011-06-17T10:22:00.001-07:002011-06-17T10:31:20.709-07:00O Q FAÇO É MÚSICA<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisudKNgsfDUU-0q-FsbdBRpreSiz-ZywNbpOqMMIMTnjMUR0TJvOyI5Y5ye3NQhyEvLB21RPHj3XQLnU9K0AGwPwfThQGj1TPKwrWzZN5NIMuEjTPjy8siknpebG16gwp_jP9TAF_eryk/s1600/macale_foto_cafi.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 272px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisudKNgsfDUU-0q-FsbdBRpreSiz-ZywNbpOqMMIMTnjMUR0TJvOyI5Y5ye3NQhyEvLB21RPHj3XQLnU9K0AGwPwfThQGj1TPKwrWzZN5NIMuEjTPjy8siknpebG16gwp_jP9TAF_eryk/s320/macale_foto_cafi.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619237102602530466" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=8ffa3be" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object> <br /><br />Torquato Neto, Emilinha Borba, Debussy, Wally Salomão, Dóris Monteiro, Beethoven, Cazuza, Guimarães Rosa, Radamés Gnatalli, Tim Maia, Glauber Rocha, Jacques Brell, Itamar Assumpção confluem-se no rio JARDS, de ondas sonoras como o “bater de asas de uma borboleta.” “Quero, principalmente, o som do silêncio.” <br /><br />MACALÉ, apelido de garoto ruim de bola e habilidade no violão, supera definições sobre música. Permanece incapturável e característico, espécime raro em qualquer época: “Joguei pela janela os catálogos todos, samba, funk, música moderna, contemporânea, antiga. A carteira de identidade da música é a própria. Som é som. Não som é não som. E não som também é som. Não entendo essa necessidade desesperada de complicar a compreensão.”<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7xgVQxiFuLxl6Ta8PU2VZz8Cg7fgNS5_Q4PwY_k9CPJfyZvQXJ3ENXz7b6lXZAqvMNqy46TeQdq0HXYwJkp3JTzT65aHNabFvQ37Xo774peLpgO_sQFkslkb-eK53_ZE3CDxmTPRN5VwD/s1600/jards.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 318px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7xgVQxiFuLxl6Ta8PU2VZz8Cg7fgNS5_Q4PwY_k9CPJfyZvQXJ3ENXz7b6lXZAqvMNqy46TeQdq0HXYwJkp3JTzT65aHNabFvQ37Xo774peLpgO_sQFkslkb-eK53_ZE3CDxmTPRN5VwD/s320/jards.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619241191783183282" /></a><br /><br />No colo da avó, “uma voz límpida, pequenininha, afinadíssima”, vem a primeira lembrança musical, estendida para a “bela voz da minha mãe, hoje com 91 anos, facilidade natural para tocar piano, sem nunca ter estudado”, e os concertos de ópera no Teatro Municipal aos quais era levado pelo pai, ainda garoto, “calças-curtas”. <br /><br />Foi a força desse impacto sonoro em sua vida, que levou JARDS MACALÉ a estudar orquestração e composição na PRÓ-ARTE do Rio de Janeiro com o Maestro Guerra-Peixe, análise musical com Stella Sclyar, violão e violoncelo, possibilitando formação erudita. Ao mesmo tempo, era copista de Severino Araújo na rádio Mayrink Veiga. E se especializou nos sopros e percussões da famosa Orquestra Tabajara. “Agora eu queria além dos sopros e das palhetas, as cordas, e fui fazer cópias para o Teatro Municipal”. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh__5TsyrQ3zsa9Gj078_rdq429JCeXU8B-sDu1HEaekuY9Oau0XL5bsiOJUBRe0dj9G868tIjxZb1TDDOIy96Nj8lgo6MiZNXPVXW6sG222zYoRAGHU9PlEhM7V5J9kL2bIHeL3oRvh0A/s1600/Jards+Macale+-+Front.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 311px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh__5TsyrQ3zsa9Gj078_rdq429JCeXU8B-sDu1HEaekuY9Oau0XL5bsiOJUBRe0dj9G868tIjxZb1TDDOIy96Nj8lgo6MiZNXPVXW6sG222zYoRAGHU9PlEhM7V5J9kL2bIHeL3oRvh0A/s320/Jards+Macale+-+Front.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619237908720615410" /></a><br /><br />Chiquinha Gonzaga enobrecendo as teclas de Radamés Gnatalli fascina o músico, que ressalta: “Não sou tropicalista. Toda minha geração foi ouvinte da rádio Nacional, que tocava música popular e erudita. Radamés Gnatalli foi um músico erudito que inovou as orquestrações da música popular. Para mim, não existem mais fronteiras.” <br /><br />Ele considera distintamente os integrantes do movimento antropofágico com os quais conviveu: “Fiquei zangado com o Caetano (Veloso), porque ele não colocou os créditos das pessoas que trabalharam com ele no disco TRANSA, - produzido por MACALÉ – mas outro dia nos telefonamos e rimos muito. Tenho o telefone dele desde 1958. Sempre tive. Não gosto de brigar com meus amigos DE VERDADE”. Sobre Gal Costa, arrepende-se: “Falei uma bobagem que não devia ter falado. Mas nunca brigamos. Meus ouvidos estão com saudade da voz da Gal.” E em relação à Gilberto Gil, encerra: “Continua lá, com aquela fala barroca. Eu acho graça.”<br /><br />Outra briga musical de sua carreira foi com Dori Caymmi: “Ele trocou uma diminuta de uma música minha e eu não gostei. Entrei num lotação e o vi sentado. Fiz o maior escândalo, fingi que era gay, sentei no colo, gritei que tinha sido largado. Depois de um tempo percebi que a diminuta fazia sentido. Ficamos três meses sem nos falar por isso. Falei com ele, imagina se fosse uma aumentada?” <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSJ1ythcNT08YIT0w1BvE4inaJ7RkWVps-GmBs_kLRhWC0D2Niou0OP57Bq0hndHt9mx-3E32AcjQA4Bh7VPLujMc-osnlo3K3LyscFuOLW9zVPbBtg-UytYxE174ayoMdECsYdsPjxfI/s1600/Jards+macale+lets+play+that.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 303px; height: 296px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSJ1ythcNT08YIT0w1BvE4inaJ7RkWVps-GmBs_kLRhWC0D2Niou0OP57Bq0hndHt9mx-3E32AcjQA4Bh7VPLujMc-osnlo3K3LyscFuOLW9zVPbBtg-UytYxE174ayoMdECsYdsPjxfI/s320/Jards+macale+lets+play+that.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619238068258384514" /></a><br /><br />MACALÉ assegura que proibir carnaval é impossível, e se declara como um dos fundadores da festa que teve o primeiro bloco de samba inaugurado por Ismael Silva –“Deixa Falar”- o qual recebeu álbum em parceria com Dalva Torres como homenagem, nos dez anos de sua morte. “Pensei que a gente morresse, mas não. Morrer está fora de moda. Não precisa ser artista, qualquer pessoa tem uma história que na boca de outras continua. As pessoas não morrem, quer dizer, problema delas se morrerem.”<br /><br />Amigos que se partiram continuam inquebrantáveis na memória de JARDS, personificando materialmente alguns deles à sua frente. Poeta que suicidou, Torquato Neto é um: “Vejo na minha frente. Os gestos, aquela mão meio mole. O timbre da voz.” Ao lembrar-se de outro parceiro, Duda, com quem compôs “Hotel das Estrelas”, MACALÉ recusa a fala do nome da ex-mulher, presente na capa do álbum “Contrastes”: “Quando o disco foi ser editado pra CD, ela criou um barraco para não publicar a foto. Veio a inspiração do Ronaldo Bastos – responsável pelo relançamento – de uma frase da música “Sem Essa”, ‘fazer um álbum de fotografias para depois queimar’. Resolveu botar fogo na foto e deixar só os pequenos lábios.”<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxzrra9P-2I1Ux2w45uy5Zj6bhPDbikzNASXCj2V7AdVr4UKSp1rRuni_S37pd-z3qv0MHghSxlODLjUZ-B6WCzxcheys3a8059INh54DCZbyAIaGhpDkz4qnd9uvK_ar3T9ADJoSkRoM/s1600/capa.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxzrra9P-2I1Ux2w45uy5Zj6bhPDbikzNASXCj2V7AdVr4UKSp1rRuni_S37pd-z3qv0MHghSxlODLjUZ-B6WCzxcheys3a8059INh54DCZbyAIaGhpDkz4qnd9uvK_ar3T9ADJoSkRoM/s320/capa.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619238222659068930" /></a><br /><br />Esse amor associado à dor foi o ponto de luz que guiou o poeta Wally Salomão a criar a LINHA DE MORBEZA ROMÂNTICA, presente no segundo disco de JARDS, “Aprender a Nadar”: “A música romântica brasileira sempre foi over, Orestes Barbosa escreveu, ‘a porta do barraco era sem trinco e a lua furando nosso zinco parecia um ESTRANHO FESTIVAL’. Wally queria uma coisa que fosse o over do over. Que exacerba essa dor da música brasileira.”<br /><br />Das companhias ilustres que encontrou em suas peregrinações, MACALÉ elege Jorge Mautner como uma “pessoa fácil de transar amizade. O difícil é a manutenção. Ele é muito inteligente e rápido. É difícil acompanhar.” Afirma que decidiu “acompanhar só os bons”. E agradece a presença afetiva de Erik Satie, maestro Dino Krieger e o encontro espontâneo com o ídolo Moreira da Silva: “Por sorte, me coube tocar com ele no Projeto Seis e Meia – que promovia shows com duplas de artistas. Esse abraço da capa do disco que dediquei a ele é lindo. Um dos momentos mais...”<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ4BRYgfTE_ah_xDO-8Jc3J-s3FjvhuJGW8UxUxanWxx9NCyMHltDCKj1J-f3VmUkIFOHm-VukYdWIKE4RSskubyvaUwbCbiY1AnRkgp8Fky55bkrdcWPg1XRKWeBqnQCLWj0_3DfBE18/s1600/JardsMacaleAprenderaNadar.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ4BRYgfTE_ah_xDO-8Jc3J-s3FjvhuJGW8UxUxanWxx9NCyMHltDCKj1J-f3VmUkIFOHm-VukYdWIKE4RSskubyvaUwbCbiY1AnRkgp8Fky55bkrdcWPg1XRKWeBqnQCLWj0_3DfBE18/s320/JardsMacaleAprenderaNadar.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619238448315159634" /></a><br /><br />Entre seus cantores favoritos lista João Gilberto, Elza Soares e Adriana Calcanhotto. No campo internacional, MACALÉ, que canta em francês, espanhol e inglês, estima Bola de Nieve, cubano. Na literatura, aprecia Lima Barreto, as histórias de René Goscinny e Albert Uderzo, “Astérix e Obélix” e Guimarães Rosa. As artes plásticas lhe são sinônimo de Hélio Oiticica, inventor da palavra “Tropicália”, que criou um penetrável feito em metal e aço para o músico: “Foi uma surpresa. Só fiquei sabendo depois que ele morreu. Ele chamava todos os amigos masculinos pelo feminino. Ele mesmo era muito feminino. E escreveu na obra, ‘dedico ao meu amigo músico Jards Macalé, MA-CA-LÉ-A”.<br /><br />No filme do diretor Marco Abujamra sobre o artista, que constata a falta do “Lado B – SEXO, DROGAS E ROCK´N´ROLL” - Um Morcego na Porta Principal, o dramaturgo Zé Celso Martinez Corrêa afirma que MACALÉ é “um semi-Deus, um artista do porte de uma Maria Galla, um Niemeyer”. O ex-ministro Gilberto Gil, define que o mesmo “não se preocupou em cuidar da carreira. Em fazer concessões que todos necessitamos”. <br /><br />A respeito do episódio da música que tem verso inserido no título do documentário, ‘Gotham City’, Jards assume: “Fomos lá para despertar a reação das pessoas. Era um festival ‘nhém nhém nhém’. Entrei vestido numa bata enorme. Os outros músicos estavam com o peito nu, vendas nos olhos, todos fantasiados. Era história em quadrinho falando do momento (plena ditadura militar). Comecei a cantar com a interpretação que pedia a música. O Maracanãzinho inteiro se levantou. Quanto mais vaiavam mais eu enlouquecia. O resultado foi que chegamos anônimos e na manhã seguinte éramos conhecidos no país inteiro.”<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijUI5_B-nG-aGyJ4MoCHuwIYi65qMQFDs8eprUKrajTEYNOQ0eyBJMNGwh0hobaGjFPdQspXKYKq7qKPsskCjQ9Nsk68lQb9ApwSB5amouDmgla6lPS4OFq676d7GCa0ujdWr9dX3VdJI/s1600/macalemoreira.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijUI5_B-nG-aGyJ4MoCHuwIYi65qMQFDs8eprUKrajTEYNOQ0eyBJMNGwh0hobaGjFPdQspXKYKq7qKPsskCjQ9Nsk68lQb9ApwSB5amouDmgla6lPS4OFq676d7GCa0ujdWr9dX3VdJI/s320/macalemoreira.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619238624177278386" /></a><br /><br />Já o álbum “Banquete dos Mendigos”, lançado em ano da comemoração dos 25 anos da proclamação dos Direitos Humanos, nasceu como “uma piada. Todo mundo fazia show beneficente. Resolvi fazer um em auto-benefício. Só depois é que foi incorporada a coisa dos ‘Direitos Humanos’, com trechos da Constituição que tinham a ver com as músicas.” No disco, “Quatro Batutas e um Coringa”, associou a dor como motivação para cantar Lupicínio Rodrigues, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola, “uma dor mais levemente exposta”, e Geraldo Pereira, “um gozador barra pesada”.<br /><br />Atualmente, o músico (des)orienta-se ao som da guitarra de Roberto Frejat e a voz anasalada de Luiz Melodia, todos, segundo ele, integrantes de um mesmo circuito, do qual também fazia parte Cazuza, de quem confessa adorar a música: “Acho o maior barato”. Com um currículo recheado de excentricidades salutares, comenta o encontro com Vinicius de Moraes: “musiquei um poema feito por ele no Uruguai, ‘O Mais-Que-Perfeito’, e ele adorou’. E Lobão: “Nos esbarramos no Baixo Leblon de madrugada e no meio da conversa surgiu o assunto de um violoncelo que ele tinha encostado. Perguntou se eu queria, respondi que sim. Oito meses depois chegou encomenda do senhor Lobão na minha casa. Quando viajei para Barcelona comprei as cordas e dei um trato no instrumento. Adoro tocar violoncelo, mas peguei uma tendinite e resolvi doá-lo para uma amiga que dá aula de música no Complexo do Alemão.”<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwuNnbcqy9l-AJ2zj-XvoJKKygqp9Z8sWvk7LenIzxpNBBm3fuPHaiYudLAZGdi7m-zXgUINBYKvnbLm5dhWfNGYLE62QLJBeDIlL-d2aG6fnrBiLGh3WAGVoaIiV32SNwaryYAY9ugt4/s1600/jardsmacalef.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 317px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwuNnbcqy9l-AJ2zj-XvoJKKygqp9Z8sWvk7LenIzxpNBBm3fuPHaiYudLAZGdi7m-zXgUINBYKvnbLm5dhWfNGYLE62QLJBeDIlL-d2aG6fnrBiLGh3WAGVoaIiV32SNwaryYAY9ugt4/s320/jardsmacalef.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619238928321242274" /></a><br /><br />A campanha particular que vem empunhando, numa das únicas vezes que resolveu hastear bandeira em sua vasta carreira, não sofreu abalo da voz do ator e locutor pornochanchadístico (e dionisíaco, diga-se de passagem), Paulo César Peréio, que contestou a inclusão do AMOR na bandeira brasileira proposta por JARDS, sob a reflexão de que crimes são cometidos também em nome do amor: “Amor por princípio, ordem por base e progresso por fim. Eu falei para o Peréio que ele é o tipo de pessoa que precisa andar com um advogado. Ele diz as coisas mais naturais na cabeça dele. Mas com o poder do tom de voz, pode ser muito agressivo ou um mel. Ele vai acabar sendo processado por homofobia”, ri-se o inusitado MACAO, que debocha do técnico de som e questiona aos vendedores da loja de instrumentos se eles entendem o capitalismo: “complicado”, repete a resposta adquirida.<br /><br />Amante do cinema, ator em filmes de Nelson Pereira dos Santos, como “Amuleto de Ogum”, no qual também foi responsável pela trilha sonora, e dos alunos da UFRJ, “Conceição – autor bom é autor morto”, sibila sinistramente, MACALÉ já gravou 70 horas em vídeo do DVD que vai ser editado pela Biscoito Fino em parceria com o Canal Brasil – e contou também com a ajuda financeira do próprio músico – e sairá em disco: “Quero incluir no roteiro ‘Cachorro, Bandido, Polícia, Dentista’ do Sérgio Sampaio e a prima decadente desse enredo, a ‘Estrupício’ do Itamar Assumpção, colando com ‘Orora Analfabeta’,- do cantor baiano Gordurinha (autor do hit de Jackson do Pandeiro, ‘Chiclete com Banana’) e Nascimento Gomes – fica...bacana”, conceitua a costura profana. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAS1RE5ftaKzWzBFoj2psp_-gwawu0aAyF23nYLND3P6E_VLCCm03paZiugV6r_AXay08AocAIkYUITgwZhzUldiu7zKjAHiVpwnCWld7Ad5w4AwCAWkiVZ-EDnttNaYKN5ds2v91iWjg/s1600/Jards+Macal%25C3%25A9+e+os+Braz%25C3%25B5es.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 257px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAS1RE5ftaKzWzBFoj2psp_-gwawu0aAyF23nYLND3P6E_VLCCm03paZiugV6r_AXay08AocAIkYUITgwZhzUldiu7zKjAHiVpwnCWld7Ad5w4AwCAWkiVZ-EDnttNaYKN5ds2v91iWjg/s320/Jards+Macal%25C3%25A9+e+os+Braz%25C3%25B5es.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619239207823046290" /></a><br /><br />Sem a previsibilidade que se espera de produtos plastificados pela ordem mercadológica da atual doutrina musical explorada em televisões e rádios, Jards Macalé não estipula data de lançamento para o material: “Não tem essa de lançamento. Quando ficar pronto, pronto”. Afinal das contas contra a favor e nos interstícios, seu material é música, não outra coisa parecida (ou nem isso): “Arte é liberdade e criação. Criação necessita de liberdade para se manifestar. Eu voto na criação e na liberdade. Para isso, eu vivo tal qual eu faço minha música, com liberdade, dentro desse quadro fajuto que é essa sociedade distorcida.” Sintetiza alucinante e lúcido MACALÉ. Anárquico, incontrolável, santo, ergue sua voz das profundezas. Ondas sonoras perpassam sua entidade, “Macalé de Todos os Santos, como a Bahia”, assinala o próprio. Segue o ‘Movimento dos Barcos’: “É impossível levar um barco sem temporais, e suportar a vida, como um momento além do cais...”<br /><br /><span style="font-style:italic;">“Para sua segurança pessoal, não diga que me viu...” Macalé repete ensinamento de Glauber Rocha </span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEXPbdzWcp_ljRfF228-fq5v8WaLBaX4nYJCT1jl_SWVmQQX-pLvqHVGXey5Tue0jyh1DKYE066yzY188dTqXsGw3TrmJ3bZvHdj2bMUnjiatoNYRJuG_xabafwQ5eD3Irnh7NL8eU_svH/s1600/20100505171803_17206_large_jards-macale.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 255px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEXPbdzWcp_ljRfF228-fq5v8WaLBaX4nYJCT1jl_SWVmQQX-pLvqHVGXey5Tue0jyh1DKYE066yzY188dTqXsGw3TrmJ3bZvHdj2bMUnjiatoNYRJuG_xabafwQ5eD3Irnh7NL8eU_svH/s320/20100505171803_17206_large_jards-macale.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5619241630264046754" /></a><br /><br />Raphael Vidigal<br /><br />Publicado no Jornal "Hoje em Dia" em 19/06/2011.Raphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-87215484339836945452011-05-27T14:38:00.000-07:002011-05-27T15:14:34.760-07:00pintor-poeta<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBKX6dIAXYPFBGXEaT-loeXbESXKkk2fD8bjPPmgT2VxRr7EeQPljowRXdTXiKAY9d1C6RvoiKIlMR8snX8HKTqThmVB0D8KYM_Wx_xD9aLUZlt5uHPBMBuax6doDuhA0nxGrD4QQn18rX/s1600/betomelodia+caymmi+auto+retrato+em+verde.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 310px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBKX6dIAXYPFBGXEaT-loeXbESXKkk2fD8bjPPmgT2VxRr7EeQPljowRXdTXiKAY9d1C6RvoiKIlMR8snX8HKTqThmVB0D8KYM_Wx_xD9aLUZlt5uHPBMBuax6doDuhA0nxGrD4QQn18rX/s320/betomelodia+caymmi+auto+retrato+em+verde.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5611518044543244994" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=beeb93b" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object> <br />Rede balança a pena do pintor-poeta. Mãos do barro esculpidas n’água. Pedras de areia brincam pele bronzeada. Brincos e badulaques. O mar espreguiça em peixes verdes verdades vidas levadas trazidas pela correnteza, na harmonia Dorival Caymmi. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Marina </span><br /><br />“Marina” conta a história do homem fragilizado diante da força sedutora da sua mulher. Inspirada num mau trato do filho pequeno de Dorival, o que viria a se tornar o cantor e compositor Dori Caymmi, então com três anos idade, que repetia ‘ to de mal com você’, quando contrariado. E foi nesse pequeno gesto infantil que Dorival percebeu que o homem contrariado tende a abolir as questões da maturidade, razão pela qual os romances são sempre difíceis, conduzidos pela volúvel emoção. Fora isso, a canção lançada em 1947 por quatro cantores diferentes, (Dick Farney, Francisco Alves, Nelson Gonçalves, e o próprio autor), rompeu com uma lenda da indústria fonográfica e marcou um costume feminino da época que veio a se consolidar nas décadas seguintes: o de se maquiarem. “Marina morena, Marina, você se pintou...”. O veredito de Dorival Caymmi contra esse tipo de artifício revela sua profunda ligação com a natureza, com as coisas em seu estado natural e integrado: “Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu...”<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbao-oC-HvEON_Yxp0lTIikyN3ctSd_Bpcv2J-T2qwbt6B2poaKauj21RO812JtIxxWso3PnbrI-ozhaF9kxb8j11jNL5jTALmsSq60JttP4i_HGIre9C5w0VEtexL-C7hU1RCuQ3wopcl/s1600/340x255.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbao-oC-HvEON_Yxp0lTIikyN3ctSd_Bpcv2J-T2qwbt6B2poaKauj21RO812JtIxxWso3PnbrI-ozhaF9kxb8j11jNL5jTALmsSq60JttP4i_HGIre9C5w0VEtexL-C7hU1RCuQ3wopcl/s320/340x255.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5611518362986286018" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">O Samba da Minha Terra </span><br /><br />“O Samba da Minha Terra”, é a declaração de amor de Dorival Caymmi às suas raízes musicais e terrenas. Confundem-se Bahia e samba na trajetória desse fruto da boa terra que chegou ainda moço ao Rio de Janeiro, e no mesmo ano da composição, em 1940, jurou novo amor eterno: à cantora Stela Maris, sua companheira durante toda vida. O verso em forma de ditado popularizou-se tal qual algo que se prega à nossa personalidade e que se colhe no berço, nos primeiros passos dados, em terra firme ou alto mar: “Quem não gosta de samba, bom sujeito não é, é ruim da cabeça, ou doente do pé!”. Foi lançada pelo Bando da Lua como a última gravação do grupo em terras brasileiras.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Só Louco </span><br /><br />“Só Louco” encerra quaisquer racionalidade sobre questões impalpáveis ligadas ao momento mágico do amor. Nada baseado em pensamentos bem articulados pode modificar o curso dessa direção quando o barco deu sua partida, e ele só aportará mesmo após tempestades. O único momento de se compreender essa loucura é durante sua realização, e ele imediatamente nos escapa, quando menos esperamos. O samba-canção lançado pelo próprio Dorival Caymmi em 1956 ganhou regravação primorosa de Gal Costa, em 1976. “Só louco, amou, como eu amei, só louco, quis o bem que eu quis. Ah insensato coração, porque me fizeste sofrer, se de amor para entender, é preciso amar, por que...”<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTs8pQcm2JEFiolH6hwHOqA-Z4xFASbWDoXl7gPopy-SxIHIZJ-uq-5nEARIY5JJ6OpFh7JEmtHGAponW8IUhv7VCpkL71qlaVqu2aE_RpvjUeTkSZGH-ZRoVPNswUCka0pEwb6-E3hT7f/s1600/0822935.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 220px; height: 220px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTs8pQcm2JEFiolH6hwHOqA-Z4xFASbWDoXl7gPopy-SxIHIZJ-uq-5nEARIY5JJ6OpFh7JEmtHGAponW8IUhv7VCpkL71qlaVqu2aE_RpvjUeTkSZGH-ZRoVPNswUCka0pEwb6-E3hT7f/s320/0822935.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5611518570549891298" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Dora </span><br /><br />“Dora” é o encantamento com o inatingível. Um samba-canção com introdução de frevo que alude à festa onde Dorival Caymmi avistou a tal rainha. Também homenagem ao Recife, presente no charme dançante da morena. A mudança de tom na melodia para incorporar a chegada suntuosa da Banda Militar e seus clarins respalda a inventividade musical de um músico que nunca estudou música, contendo-a em si. O chamado pela moça ao final da letra pressagia seu distanciamento progressivo: “Ô Dora...Ô Dora...” Lançada em 1945 por Caymmi e regravada por Nelson Gonçalves, Gal Costa, e muitos outros: “Dora, rainha do frevo e do maracatu, ninguém requebra nem dança melhor do que tu...”<br /><br /><span style="font-weight:bold;">João Valentão</span><br /><br />A fachada rústica pode conter um coração sensível. É essa a constatação dos que ouvem a rotina de “João Valentão”, um homem à primeira vista bruto, mas que guarda em seu interior a capacidade de avistar a vida com admiração, nobreza e calma. É quando João abstrai a simplicidade que alcança seu grau de mais extrema beleza, numa variedade que permeia a construção desse samba de 1953, lançado por Dorival Caymmi, e que inicia num rompante de intempestividade para depois dar à luz a calmaria. “E assim adormece esse homem que nunca precisa dormir pra sonhar, porque não há sonho mais lindo do que sua terra, não há...”<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3PU3mjsfpfLlklV_Ezs5F-ExUu-wCcY7ddi06gAvSUdKA6ty8Rknne94khM02PoIrqULvz8vY9m4Wo1EDbPvKbMYX8zeD4yEvwcnfjzYyeRXNWLwKM-8SPpau1TzPJjeb57nFjQBdRRRZ/s1600/20080819181942_677_large.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 215px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3PU3mjsfpfLlklV_Ezs5F-ExUu-wCcY7ddi06gAvSUdKA6ty8Rknne94khM02PoIrqULvz8vY9m4Wo1EDbPvKbMYX8zeD4yEvwcnfjzYyeRXNWLwKM-8SPpau1TzPJjeb57nFjQBdRRRZ/s320/20080819181942_677_large.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5611519495811045554" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Saudade de Itapoã </span><br /><br />“É tão terna a descoberta da amizade”, dizia Caymmi sobre Zezinho, grande companheiro que o acompanhou no Rio. Era também o apelido de um dono de rede que dava “emprego àquele gente humilde” de Itapoã, praia contemplada em sua bela canção, de 1948. Apresentado à região pelo pai, também tocador de violão, piano e bandolim, além de funcionário público do estado da Bahia, Dorival morreu de amores pela região e a carregou com profunda saudade: a falta daquilo que se presenciou um dia e ainda habita, em outras cintilações. “Coqueiro de Itapoã, coqueiro. Areia de Itapoã, areia. Morena de Itapoã, morena. Saudade de Itapoã, me deixa...E joga uma flor no colo de uma morena de Itapoã”. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">O Bem do Mar</span> <br /><br />“Um pescador tem dois amor, um bem na terra, um bem no mar”. O Bem do Mar de Dorival Caymmi tem andamento similar ao movimento das ondas que carregam sabores e dissabores da vida. A presença afetiva da mulher à beira da praia e seu medo de perder o marido para o outro amor, à sua frente, do qual também depende sua sobrevivência, e pode ser ele a levá-lo para sempre. “O bem do mar é o mar é o mar...” Canção praieira lançada em 1973, intitulando o estilo, característico, de Dorival Caymmi.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhw5KPEffbQ6F9kZ9tg5l1A-IqVE8bJo7Dah33l-FHWoZoMDXHNToSf6AIK3aL5zgEe8Rggy4t69EfxTOj5c_fVg6C8WhNknXpK9wVJ2ZY8491qp9c3Za5onAuUBtrL0tzfI9v7bWAGH3M7/s1600/Dorival%252BCaymmi%252B%252B50s.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 276px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhw5KPEffbQ6F9kZ9tg5l1A-IqVE8bJo7Dah33l-FHWoZoMDXHNToSf6AIK3aL5zgEe8Rggy4t69EfxTOj5c_fVg6C8WhNknXpK9wVJ2ZY8491qp9c3Za5onAuUBtrL0tzfI9v7bWAGH3M7/s320/Dorival%252BCaymmi%252B%252B50s.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5611519754096963778" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Maracangalha </span><br /><br />“Maracangalha” é uma filosofia de vida. O discurso do homem livre que não se limita a condições, e enxerga tudo com naturalidade, como possibilidades viáveis. É assim o convite feito à Anália sem a imposição de ser aceito e sem o sofrimento caso não ocorra, afinal tudo é passível de acontecimento e nada é assim tão dramático. Por isso guarda uma sabedoria, acompanhado ou não da companhia pretendida. Sendo assim, “Eu vou pra Maracangalha, eu vou. Eu vou de uniforme branco, eu vou. Eu vou de chapéu de palha, eu vou. Eu vou convidar Anália, eu vou. Se Anália não quiser ir eu vou só, eu vou só, eu vou só. Se Anália não quiser eu vou só, eu vou só sem Anália mas eu vou...” Samba de 1956, sucesso do carnaval daquele ano na interpretação de Dorival Caymmi, que segundo próprio depoimento compôs de uma só vez, ao contrário do que ocorria com outras músicas.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">O Mar </span><br /><br />“O Mar” retrata a angústia e a desolação de uma vida assolada pela face trágica da natureza. Rosinha de Chica perde seu amor e a razão à vida nos braços impiedosos das águas itinerantes. Seu coro de despedida entoado frente ao algoz é o consolo de uma existência que se extinguiu com o outro. Dorival Caymmi narra a beleza destruidora da força que rompe o tempo e é capaz de impor sentimentos diversos aos que se encontram com ele. Canção de 1941, lançada por Dorival Caymmi e sua voz de trovar espumas, no encontro de céu e mar, suas cordas seu violão, n’arrebentação calma da vida. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYkI7xNrQoFaC3vHSxAjx5WXgvBSEvGVCfKYrVeTwQD81NlgNs3vsFrBHQrsoyyQYKPKL2Pdm8P_C74b60qmkemi68duri0gY0w7EkHjMSfNC4jNH4g_9Z7UJbO74bSndx5dZVJ0HdMSZT/s1600/Pint_09.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 309px; height: 230px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYkI7xNrQoFaC3vHSxAjx5WXgvBSEvGVCfKYrVeTwQD81NlgNs3vsFrBHQrsoyyQYKPKL2Pdm8P_C74b60qmkemi68duri0gY0w7EkHjMSfNC4jNH4g_9Z7UJbO74bSndx5dZVJ0HdMSZT/s320/Pint_09.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5611520156015473794" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">O Vento </span><br /><br />A essência cíclica da vida, em movimentos ondulatórios como o vento, que estimula com seu sopro a continuidade das coisas. “O Vento”, canção praieira de 1949 integra o estímulo inicial à consagração obtida. Talvez por essa razão, Dorival tenha sempre entoado suas raízes, por saber que no início delas é que se construiu a frondosa árvore que floriu no Rio de Janeiro, sempre com muitos pingos baianos. “Vamos chamar o vento, vamos chamar o vento. Vento que dá na vela. Vela que leva o barco. Barco que leva a gente. Gente que leva o peixe. Peixe que dá dinheiro, curimã.” A palavra final é repetida em ritmo folclorista. Como um mantra. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Modinha para Gabriela </span><br /><br />Títulos não alcançam perfumes. O que se é não se altera, permanece súbito e intransponível. Assim nasceu Gabriela, assim cresceu Gabriela, alheia aos cartazes do mundo. Modinha de 1975, composta para novela da Rede Globo, a música traz em tom debochado e irreverente o esplendor da personagem. Cantada por Gal Costa e interpretada por Sônia Braga, tornou-se atemporal. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje0KJJAVVnZQC25CLLW6nbmZFBUSHMiJ4rMsU9sNYX7htu_runTft8V_Gb0DxebhOpz8WF4uDPWrz4Asq-mek02hxAbcZVC8fFUAl97B0YxJPiMeckcod9CV6IYRvawCzQhjVFdN7p9SD1/s1600/Dorival%252BCaymmi%252BGal%252Be%252BDorival.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 208px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje0KJJAVVnZQC25CLLW6nbmZFBUSHMiJ4rMsU9sNYX7htu_runTft8V_Gb0DxebhOpz8WF4uDPWrz4Asq-mek02hxAbcZVC8fFUAl97B0YxJPiMeckcod9CV6IYRvawCzQhjVFdN7p9SD1/s320/Dorival%252BCaymmi%252BGal%252Be%252BDorival.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5611520317411008098" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Noite de Temporal </span><br /><br />Caymmi ambienta o clima da noite negra e medonha evocando dialetos típicos africanos, presentes na cultura baiana através do misticismo, candomblé e religiosidade. “Noite de Temporal” permanece em tempo de espera, inquietação, dúvida...e a crença no regresso do filho que enfrentou o mar. Lançada em 1940, canção praieira refletida em sombras castigadas pelo peso da chuva, foi uma das primeiras registradas por Dorival Caymmi.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">O que é que a baiana tem? </span><br /><br />O encontro com Carmen Miranda não poderia ser mais feliz e fortuito. Recém chegado ao Rio de Janeiro em 1938, foi apresentado à estrela por Braguinha e Almirante. Conquistar sua majestade teria sido tarefa árdua não fosse Caymmi um especialista, que tratou de vesti-la com os adereços que merecia. Malícia e malemolência costuram os rendados do vestido da baiana. Afinal “O que é que a baiana tem?” <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK9v8k9bWYx753dSR80l8CuqgqDF34hMqQPLp62QecyaQgDkAv0YscjINzxanBk6lxVUoG2t03J0_ScgF7w4RREb30zeGho_etfJTv5Opkumeze647eG-Fhg467kAF_txG67dg4OY0xULm/s1600/Quem_Inventou_o_Amor-thumb.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 290px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK9v8k9bWYx753dSR80l8CuqgqDF34hMqQPLp62QecyaQgDkAv0YscjINzxanBk6lxVUoG2t03J0_ScgF7w4RREb30zeGho_etfJTv5Opkumeze647eG-Fhg467kAF_txG67dg4OY0xULm/s320/Quem_Inventou_o_Amor-thumb.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5611520491116134386" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Acalanto </span><br /><br />“Acalanto” é uma canção de ninar composta por Dorival Caymmi em 1957 para sua filha Nana Caymmi, que depois viria a cantá-la com ele. Com ternura e serenidade, revela o incondicional do amor paterno. Alguém a dedicar seus amores, carinhos, cuidados, para que o existir se valha.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Das Rosas </span><br /><br />“Das Rosas” é um elogio à beleza. Uma canção otimista que presta homenagem ao despertar das delícias. Com uma jogada de classe, Caymmi pratica caprichosa estripulia ao oferecer aos ouvidos esse samba-valsa de 1964, cantado na companhia do Quarteto em Cy e lançado em versão inglesa nos Estados Unidos, traduzido e interpretado por Ray Gilbert.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizKJGgAYSnNI_zu6dnjXUNetiLPwDbAbJtthTp0h5VXWL8PTVNHAa5JVrn_j6okkS5ZqWCsIP_7q6fC7fUhn1PHCi9CWocTAekNj8OtKbqTFeZVrLE1Pz5-OjrFQjVs3B1G5TPlF5Pxvwe/s1600/caymmiblog-733557.jpeg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 224px; height: 196px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizKJGgAYSnNI_zu6dnjXUNetiLPwDbAbJtthTp0h5VXWL8PTVNHAa5JVrn_j6okkS5ZqWCsIP_7q6fC7fUhn1PHCi9CWocTAekNj8OtKbqTFeZVrLE1Pz5-OjrFQjVs3B1G5TPlF5Pxvwe/s320/caymmiblog-733557.jpeg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5611520657807832690" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Oração de Mãe Menininha </span><br /><br />“Oração de Mãe Menininha” é um agradecimento sincero de Dorival Caymmi à iluminação que ele e a Bahia recebem da mãe-de-santo mais reverenciada de Salvador, apregoando sua crença no candomblé. Feita em comemoração aos 50 anos da ialorixá, Caymmi afirmou que o título da canção se pronuncia na boca do povo: “de Mãe Menininha”, assim como dizem “de Santo Antônio”. Samba lançado em 1972 que marcou terreiro nas vozes de Gal Costa, Maria Bethânia e Clementina de Jesus.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Saudade da Bahia</span> <br /><br />“Pobre de quem acredita na glória e no dinheiro para ser feliz”. É com saudade do que não se compra que Caymmi confidencia um olhar nostálgico sobre a vida. Agarrado às estrelas marítimas, nunca se prendeu a algas marinhas, que pegam pelo pé e reservam somente um instante de ilusão e susto. A real presença do intocável é que conduziu seus passos em águas profundas. As rasas, ele largou para os interessados. Largado em uma rede imaginária Caymmi canta, em 1957: “Ai, ai que saudade tenho da Bahia. Ai, se eu escutasse o que mamãe dizia”.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGuf3MH9NqXnQ74ijE3SPK47OjJE6obvvqvpYQHzpfGrjCmr4QqqFy7i4FzeEQ4ZF-dPf3D8HifvvVyYA7K5Hjq6QvREy-MMCcPfpJF9eoqGPnaZl_WauO7weyO6Vm2UItwcbYQuXU0HNY/s1600/dorival_caymmi.jpeg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 250px; height: 167px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGuf3MH9NqXnQ74ijE3SPK47OjJE6obvvqvpYQHzpfGrjCmr4QqqFy7i4FzeEQ4ZF-dPf3D8HifvvVyYA7K5Hjq6QvREy-MMCcPfpJF9eoqGPnaZl_WauO7weyO6Vm2UItwcbYQuXU0HNY/s320/dorival_caymmi.jpeg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5611522747180989362" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Eu não tenho onde morar </span><br /><br />Caymmi era filho de pai tocador de instrumento e mãe que cantava em casa. Um imigrante italiano, a outra negra baiana. Durval e Aurelina. Seus filhos, Dori, Nana e Danilo, seguiram o mesmo caminho, o último se especializando na flauta, progressão do assovio, tão entoado nas introduções que levam o vento de Dorival Caymmi. Exaltando a falta para justificar presença, Caymmi compôs em 1960 um belo samba, “Eu não tenho onde morar”, onde a areia substitui a casa com todas as conseqüências. Caymmi morou na música. Mora, na música: “Eu não tenho onde morar, é por isso que eu moro na areia. Eu não tenho onde morar. É por isso que eu moro na areia. Eu nasci pequenininho, como todo mundo nasceu. Todo mundo mora direito, quem mora torto sou eu.”<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjd6g8qq-hDyooDyqZSP0F8utTwGwzycTqQMJmkZVZUZWoLF64nFQ-rw9Op1_dEqrAOG61uiRwA-2KqLYhRyGli1yVPGkzcCcMjg77jxKNdip7jWc96XMw5fU1VNgdXJbBSzt9bxtY9N0Up/s1600/Pint_34.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 310px; height: 232px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjd6g8qq-hDyooDyqZSP0F8utTwGwzycTqQMJmkZVZUZWoLF64nFQ-rw9Op1_dEqrAOG61uiRwA-2KqLYhRyGli1yVPGkzcCcMjg77jxKNdip7jWc96XMw5fU1VNgdXJbBSzt9bxtY9N0Up/s320/Pint_34.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5611521179072679874" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Peguei um Ita no Norte </span><br /><br />A incerteza e a insegurança que provém de um futuro que acena ao longe, no entanto próximo. É esse o mote que conduz a caravana de Dorival Caymmi rumo à nova realidade. Os desafios que se encontrarão no Rio de Janeiro não serão os mesmos que ele desvendou na Bahia, por isso ele guarda mais que lembranças, o conselho da mãe: “Meu filho, ande direito, que é pra Deus lhe ajudar”. Quando pegou um Itapé que depois ele resumiu em Ita e suspirou a despedida de Belém do Pará, Dorival Caymmi levou para si os ensinamentos de violão do pai e do tio Cici, e também as canções aprendidas de Ary Barroso, que depois ele conheceu pessoalmente e gravou disco em parceria, Vicente Celestino, entre outros. Logo, a idéia do curso de direito seria abandonada, pro bem da música brasileira. Lançada em 1945 na voz de Dorival Caymmi, “Peguei um Ita no Norte” recebeu regravação de Gal Costa.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgABhhy1e8uXhNrwDGgqqJWJ8MqUkYqsaRqadN-uc8f20WjrYRci24sEp0yMcyO1afEPzUtHW0u8u_w2oFGToSx-OR2yACl-pV3nb2WF7kMjs4bJsjFODRkkq-kVzYf3OJ4J3WZXBqXTgTh/s1600/27_MHG_cult_stella2c.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 205px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgABhhy1e8uXhNrwDGgqqJWJ8MqUkYqsaRqadN-uc8f20WjrYRci24sEp0yMcyO1afEPzUtHW0u8u_w2oFGToSx-OR2yACl-pV3nb2WF7kMjs4bJsjFODRkkq-kVzYf3OJ4J3WZXBqXTgTh/s320/27_MHG_cult_stella2c.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5611521485607778386" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Vatapá </span><br /><br />Dorival Caymmi distribui todos os ingredientes típicos do “Vatapá” nos versos do samba criado por ele em 1942, e ainda adiciona um novo: a presença da nega baiana que saiba mexer. Esse samba de dar água na boca de quem o escuta, mexe com as cadeiras da nega e o paladar do baiano, temperando com camarão, pimenta, castanha do pará, gengibre e cebola, o rico cardápio musical criado pelo mestre Dorival Caymmi. É o vatapá baiano com dendê da boa terra, trazendo a influência africana e seu gosto forte para a música brasileira. Agregando valor inestimável à tradição misturada de sua gente.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8ZtLljJO8_T12U8ZgSVb0RVKn56aw5qjJuHQ9yC7locQMXwaLD6bJ1eShSEY3Hm5mt6eEJ2DbcDgDtWrpMaufRj1H7ENHcGjL3vl1brY9E9rs0GClcnT5NgknzCjljvsMRWdzF2MGR_oY/s1600/28_MVG_cult_caymmi1.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 250px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8ZtLljJO8_T12U8ZgSVb0RVKn56aw5qjJuHQ9yC7locQMXwaLD6bJ1eShSEY3Hm5mt6eEJ2DbcDgDtWrpMaufRj1H7ENHcGjL3vl1brY9E9rs0GClcnT5NgknzCjljvsMRWdzF2MGR_oY/s320/28_MVG_cult_caymmi1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5611521636959886802" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Nem eu </span><br /><br />Que o homem controle o mundo, destrua tudo, exerça poder sobre o outro. O amor escapa. Não pertence por desejo, não cai por gentileza, somente chega sem imposição. Ás vezes se estabelece, noutras, desvia. “Quem inventou o amor não fui eu. Não fui eu, não fui eu, não fui eu nem ninguém. O amor acontece na vida, estavas desprevenida, e por acaso eu também. E como o acaso é importante, querida. De nossas vidas a vida. Fez um brinquedo também.” Em 1952, Dorival Caymmi fez samba-canção sobre a incapacidade humana de escolha, ao menos, sobre o sentimento amor.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">A Vizinha do Lado </span><br /><br />“A Vizinha do Lado” é um samba com sotaque carioca em que Dorival Caymmi almeja a tentação proibida: “A vizinha quando passa com seu vestido grená, todo mundo diz que é boa, mas como a vizinha não há. Ela mexe com as cadeiras pra cá, ela mexe com as cadeiras, pra lá. Ela mexe com o juízo do homem que vai trabalhar”. Lançada em 1946 pelo próprio autor, recebeu regravações de Chico Buarque, Lúcio Alves, Vânia Bastos e Roberta Sá.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsxlzjyHVO0zDdwihPQ6pGrsaroimGWlTbuwt91PGTF0mR5hQwdEACGn6gARBouVi28Yhfc9XispBiZrDhCJTvfU7xcRMTr6msc0THGEfvDWkkzCy5ckTffbczPFQydrJGGfwVdjhNgfFP/s1600/Dorival+Caymmi+RJ+1997+Evandro+Teixeira.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 262px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsxlzjyHVO0zDdwihPQ6pGrsaroimGWlTbuwt91PGTF0mR5hQwdEACGn6gARBouVi28Yhfc9XispBiZrDhCJTvfU7xcRMTr6msc0THGEfvDWkkzCy5ckTffbczPFQydrJGGfwVdjhNgfFP/s320/Dorival+Caymmi+RJ+1997+Evandro+Teixeira.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5611521926086344850" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Sábado em Copacabana</span><br /><br />Dorival Caymmi virou praça em Itapoã e chegou meio tímido ao Rio de Janeiro. Até que resolveu homenagear uma importante praia da cidade em 1952, em parceria com Carlos Guinle. Cantada por Lúcio Alves, “Sábado em Copacabana” virou autêntica dedicatória e ganhou lugar cativo no coração dos cariocas. Esbanjando o charme, Dorival recita: “Um bom lugar, pra encontrar, Copacabana. Pra passear, à beira-mar, Copacabana”.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">A Lenda do Abaeté </span><br /><br />Dorival Caymmi aprendeu em Salvador a ilustração, ao trabalhar em jornais. Aprendeu a música, ao ganhar em 1936 um concurso de carnaval. E aprendeu a vender seu peixe e ler as lendas do seu povoado. “A Lenda do Abaeté”, de 1948, reproduz o clima sombrio e tenebroso de mais uma canção praieira. Como é do feitio das composições de Caymmi, aos poucos a escuridão ilumina-se em sua beleza que se esconde detrás de espinhais folclóricos. E os corais revelam o que o olho teme enxergar. Produz impacto tão forte que é preciso coragem para se chegar lá. Um brilho ostensivo que encanta, admira e assusta. É ter inocência de criança, e ver quanto linda a lagoa é.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgESo6fGOyqglS1zvu2LocyD7nuTAqifG-QEzJ173ASRhgJo8j5SindYvqQ1Dt0RdERY7BTD3YUju-sJJrPW4ztoexDNj2bA-HdJd43IHfJvg_YiWoJUAWte8sZAHfrq1CmyESsMjmGsBWz/s1600/dorival+caymmi.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 318px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgESo6fGOyqglS1zvu2LocyD7nuTAqifG-QEzJ173ASRhgJo8j5SindYvqQ1Dt0RdERY7BTD3YUju-sJJrPW4ztoexDNj2bA-HdJd43IHfJvg_YiWoJUAWte8sZAHfrq1CmyESsMjmGsBWz/s320/dorival+caymmi.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5611522080754512626" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">É doce morrer no mar </span><br /><br />Só a morte a encerrar o ciclo da vida, admite continuação. O salgado mar pode abrigar velas doces de madeira, corações que irão se afogar no colo de Iemanjá, e descansar em novo abrigo. As águas que levam são as mesmas a trazer. Segue o curso da vida, com quebradas, remendos, com belas embarcações, segue o curso, vida. Compuseram dois velhos amigos, Jorge Amado e Dorival Caymmi, “É doce morrer no mar”, 1941. Costumavam ser confundidos. Olhos de sal, bigode de espuma. Bahia na boca. Estatura larga, porém mediana. Rio comprido que desemboca no mar e segue seu fluxo intermitente, alheio aos desfeitos dos homens, d’areia, do vento que possa lhe machucar. Segue, e se esparsa espontâneo. Cada vez mais grudado no sal dos cabelos, do corpo, da essência perene em gotas de eternidade. <br /><br /><span style="font-style:italic;">“Nas ondas verdes do mar” Dorival Caymmi</span> <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUn7sej__lTjeXlGjxNHS3bOiRlsPn02tTeFeE4ug1XBkYuvuoxs3sr74XW1i5oqzvf8yRC5lEEVyNNonxtQN0qO-MObsDrv5LX308JAnVlrgHfliC7a-lD1U0I1_PI4KG6BzQyR5G4Ged/s1600/wallpapers-dorival-caymmi.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 299px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUn7sej__lTjeXlGjxNHS3bOiRlsPn02tTeFeE4ug1XBkYuvuoxs3sr74XW1i5oqzvf8yRC5lEEVyNNonxtQN0qO-MObsDrv5LX308JAnVlrgHfliC7a-lD1U0I1_PI4KG6BzQyR5G4Ged/s320/wallpapers-dorival-caymmi.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5611522224957061410" /></a><br /><br />Raphael Vidigal Aroeira<br /><br />Lido na Rádio Itatiaia dia 29/05/2011.Raphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-5158201997705238022011-05-19T20:57:00.000-07:002011-05-19T21:15:00.398-07:00Lenda Brasileira<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHejgHUzeC-vWfWlrB6zJ8CF57qch6717T_7wwa08JXpdOXvqVppidSuqGBvwUogiGMTV2GdBSSrJQE8kruTetZoWpA-fx-v0xeeD6b5jVYa9VYX9pFrtkow7EzrS3z-2mX7pDOA2CUmnu/s1600/ataulfo.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 292px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHejgHUzeC-vWfWlrB6zJ8CF57qch6717T_7wwa08JXpdOXvqVppidSuqGBvwUogiGMTV2GdBSSrJQE8kruTetZoWpA-fx-v0xeeD6b5jVYa9VYX9pFrtkow7EzrS3z-2mX7pDOA2CUmnu/s320/ataulfo.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5608643603822714290" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=5b015ae" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object> <br /><br />O Negrinho do Pastoreio carrega suas velas, símbolo do agradecimento daqueles que perderam algo. O Urubu malandro e suas pastoras levam o samba, modinhas mineiras aprendidas em casa, numa pequena Miraí que circulou o país pelos “tempos de criança”. Para um são celebradas missas, rezas, oferendas de flores. Para o outro, realizam-se rodas de samba, serestas, cantorias e serenatas. São homens-meninos da mais alta estirpe popular, um tem o peito nu, o outro traja ternos elegantes. Ambos têm a condição de lendas, com toda a justiça por tantos feitos espetaculares. Por causa disso, são eternos: Tanto o menino escravo, quanto o outro, filho de violeiro e versejador, mais conhecido por sua assinatura em melodias e letras, Ataulfo Alves. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3eM3QBZiiJZO2VxgzHdvwbEifLFg_9OSu-XArj7B2JBg6zgNeUNWOimLSw8OmUUU01PYMLAPjTymzNEDzWG_vkAYXWH3fpc14mpbFN5XuCPG0UCrSHLoNAd3uV4GBQZJ1NzYjcBQd4vrV/s1600/ataulfo+alves+2.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 250px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3eM3QBZiiJZO2VxgzHdvwbEifLFg_9OSu-XArj7B2JBg6zgNeUNWOimLSw8OmUUU01PYMLAPjTymzNEDzWG_vkAYXWH3fpc14mpbFN5XuCPG0UCrSHLoNAd3uV4GBQZJ1NzYjcBQd4vrV/s320/ataulfo+alves+2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5608643948722772994" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Errei, erramos</span> <br /><br />Filho do Capitão Severino, assim chamado o conhecido violeiro, sanfoneiro e repentista da Zona Mata de Minas Gerais, pode-se dizer que Ataulfo Alves nasceu em berço de ouro da música popular brasileira. Porque foi através do DNA paterno que aprendeu a retrucar as trovas que virariam versos, e mais tarde, clássicos. O primeiro da safra do mineiro tímido que rumara da Fazenda Cachoeira para o Rio de Janeiro pode-se dizer que foi “Errei, erramos”, na interpretação do “Cantor das Multidões” Orlando Silva, depois de alguns sucessos nas vozes de Almirante, “Sexta-feira”, Carmen Miranda, “Tempo perdido”, Floriano Belham, com “Saudade do meu Barracão”, Silvio Caldas, a valsa “A você”, em parceria com Aldo Cabral, e Carlos Galhardo, na parceria com André Filho, “Quanta Tristeza”. O samba de 1938 foi lançado quando Ataulfo já detinha certo prestígio não somente aos olhos do descobridor e padrinho Bide, da dupla com Marçal, mas de grande parte do mundo do samba. Na canção, Ataulfo utiliza duas de suas temáticas favoritas, o amor e o sofrimento, que juntos recebem um julgamento filosófico com preceitos religiosos, onde o autor divide as culpas do sentimento que não vingou: “Esse princípio alguém jamais destrói. Errei, erramos.” <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrwKo22OsjC7BXnDxk2MpdxJcG9dBJw6XltPiaDgZ8DzzV3Xc52JLW3zW7xLuf918tomne1OBN-ZAnyTDYL4MZ8nV1lidMiMzLRdT9cuA07XETNq_5SqCKbXX_RShfAOubHeulUGceO8we/s1600/capa.JPG"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrwKo22OsjC7BXnDxk2MpdxJcG9dBJw6XltPiaDgZ8DzzV3Xc52JLW3zW7xLuf918tomne1OBN-ZAnyTDYL4MZ8nV1lidMiMzLRdT9cuA07XETNq_5SqCKbXX_RShfAOubHeulUGceO8we/s320/capa.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5608644194844892946" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Ó! Seu Oscar </span><br /><br />A morte do pai de Ataulfo Alves veio entristecê-lo quando ele era ainda um menino de dez anos. Por essa fatalidade, teve que mudar com a mãe e os seis irmãos para a cidade e ajudar no sustento da família. Dividindo o estudo com o trabalho. Empregou-se em vários: leiteiro, condutor de bois, carregador de malas na estação, menino de recados, marceneiro, engraxate e lavrador. Quando o Dr. Afrânio Pereira o convidou a ir com ele para a capital federal não teve dúvidas, mas o que encontrou na cidade, a princípio não foi nada do que esperava. Somente a princípio, porque depois de trabalhar no consultório entregando remédios e cuidando da limpeza, encontrou-se com sambistas da mais alta nobreza. Dentre eles, Wilson Baptista, malandro convicto com quem compôs “Ó! Seu Oscar”, grande vencedor do carnaval de 1940 que contava a história do moço, o tal Oscar, gíria para patife na época, que também encontrava em casa o que não queria: o matrimônio desfeito e a esposa curtindo a orgia. Foi o segundo sucesso de Ciro Monteiro. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIc6un5bJke_0hr1IK8jalQTaLyy2mEUp1oSvlWlzxB7T2YoQLE1HgiH60fZRZPufzSrS-Nfj28sqeMgnlSZ027j2sZ2iB60y7W1fh6M6wpRwZ5HmMZykvugjumCw7uOQr4j9aElxGl7gQ/s1600/496730.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 213px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIc6un5bJke_0hr1IK8jalQTaLyy2mEUp1oSvlWlzxB7T2YoQLE1HgiH60fZRZPufzSrS-Nfj28sqeMgnlSZ027j2sZ2iB60y7W1fh6M6wpRwZ5HmMZykvugjumCw7uOQr4j9aElxGl7gQ/s320/496730.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5608644439088466418" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Leva meu samba </span><br /><br />Ataulfo Alves encontrou o amor no matrimônio no ano de 1928, quando se casou, aos 19 anos, já morando no Rio de Janeiro, com Judite. Com ela, permaneceu por toda a vida e teve cinco filhos, dois deles, Adeílton e Ataulpho Alves Júnior, com o DNA musical no sangue. Ataulfo ingressou pra valer no samba carioca quando se tornou diretor de harmonia da escola de samba “Fale Quem Quiser”, em referência à pioneira no ramo “Deixa Falar”, sem nunca perder as raízes mineiras. Foi por essa estrada pavimentada que ele chegou até o Mr. Evans, diretor americano da gravadora RCA Victor no Brasil, pelas mãos de Bide. Depois de êxitos como compositor, somente em 1941 estreou cantando suas músicas, a primeira delas, “Leva meu samba”, contou com o acompanhamento do ainda anônimo Jacob Bittencourt, posteriormente, do Bandolim, e já prenunciava o bom gosto de Ataulfo para escolher quem estivesse ao seu redor. Mais adiante, ele formaria um casamento de incrível sucesso, com as suas pastoras, que levariam seu samba e seu recado, para todos os amores, desfeitos e iniciados, regravado por Noite Ilustrada, Jorge Aragão, Sandra de Sá, e muitos outros.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjB_tqOqI5DReD6xIXcLzYN1cP0F-Mp5Vt61ge24gGP1m3ULcjcJTfo1nWcR_drmYUEzJZ6Dff_pQXMD9rlzGMOPHmrEoUuv9QolTJ-J-q08SfP5VJSq0AYjToY9xrgm2p90wGzIyPX2-zU/s1600/ataulfo_alves.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 275px; height: 272px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjB_tqOqI5DReD6xIXcLzYN1cP0F-Mp5Vt61ge24gGP1m3ULcjcJTfo1nWcR_drmYUEzJZ6Dff_pQXMD9rlzGMOPHmrEoUuv9QolTJ-J-q08SfP5VJSq0AYjToY9xrgm2p90wGzIyPX2-zU/s320/ataulfo_alves.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5608644614266781906" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">O Bonde de São Januário </span><br /> <br />Ataulfo Alves se notabilizou também por exibir exímia classe e elegância irretocável, quebrando o paradigma do sambista relegado à malandragem. Constantemente de terno bem apanhado, era figura certa na coluna de Ibrahim Sued, jornalista que elegia os mais bem vestidos, e desfilava de Cadillac amarelo, último modelo, pelas ruas do Rio de Janeiro. Os trajes eram compatíveis aos modos de Ataulfo, solícito e agradável, muito bem querido por todos. No máximo desviava-se a pagar um dinheiro para que suas músicas tocassem mais no rádio, o famoso “jabá” ou “caitituagem”, tão comum na época quanto nos dias atuais. “O Bonde de São Januário” simboliza exatamente esse comportamento nada convencional para um sambista, com o adendo de ter sido proposto o tema pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), da ditadura militar, que julgava as canções muito subversivas em razão do conteúdo exaltante à boemia. Como resposta, Wilson Baptista e Ataulfo Alves escreveram uma bela composição que rompeu as barreiras do tempo e das determinações censoras, lançada por Ciro Monteiro, outro que extrapolou a margem do esgotável. A ditadura acabou. O bonde e seus personagens permaneceram. De quebra, ganhou o carnaval de 1941.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwsKWA29FhBC5-JrVjc1QntWnO6_2FBFAL3y0Zuc4k0VI1ewTLTkjn_x54jbr-Xr4V569m2Iq2eGPiOc2sbYvaHOuLaESmrcN5A7Ht2IRONQPWPSgrDDrC05jTQf7J8hL0MUEo6rTVNwWH/s1600/ataulfo-alves-meu-samba-minha-vida-1962.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 315px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwsKWA29FhBC5-JrVjc1QntWnO6_2FBFAL3y0Zuc4k0VI1ewTLTkjn_x54jbr-Xr4V569m2Iq2eGPiOc2sbYvaHOuLaESmrcN5A7Ht2IRONQPWPSgrDDrC05jTQf7J8hL0MUEo6rTVNwWH/s320/ataulfo-alves-meu-samba-minha-vida-1962.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5608644864727015906" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Ai, que saudades da Amélia</span> <br /><br />Mário Lago disse a vida inteira que Amélia não era mulher submissa, mas solidária, companheira, amiga nas horas difíceis. As feministas não o perdoaram por tais liberdades poéticas concedidas: “ás vezes passava fome ao meu lado, e achava bonito não ter o que comer”. A beleza do sofrimento retratada por Mário Lago, versos, e Ataulfo Alves, música, sobre a mulher idealizada, sinalizavam na realidade a dependência da atual esposa, segundo o próprio poeta: “Você não sabe o que é consciência, não vê que eu sou um pobre rapaz, você só pensa em luxo e riqueza, tudo que você vê você quer.” Lançada no carnaval de 1942, dividiu a preferência do público com “Praça Onze”, de Herivelto Martins e Grande Otelo, e o prêmio teve que ser dividido. No entanto, “Amélia” penou para conquistar garantida assumidade na música brasileira. Foi recusada por todos os cantores as quais se ofereceu, até que o próprio Ataulfo Alves resolveu gravá-la, com a companhia de Jacob do Bandolim tocando a introdução. A trajetória da protagonista não foi das mais suaves, mas ao final, estava consagrada. E olha que Amélia existiu de verdade. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3eyeINGy4C3q2yHtHiZ6dx3vNzmlnaa2ZC5mvop9r3nhFlmRBzALLl3EHQo7EQFFYhxHEAau7SStVNymDM5FV0V3553vfjjCGq2PAkDGOEC-p5GhgPg7GvmcrCtKjwX-sJ3kvog1ydj-u/s1600/ALVES_%257E1.JPG"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 210px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3eyeINGy4C3q2yHtHiZ6dx3vNzmlnaa2ZC5mvop9r3nhFlmRBzALLl3EHQo7EQFFYhxHEAau7SStVNymDM5FV0V3553vfjjCGq2PAkDGOEC-p5GhgPg7GvmcrCtKjwX-sJ3kvog1ydj-u/s320/ALVES_%257E1.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5608645074126946754" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Atire a primeira pedra</span><br /><br />Foi ao Café Nice que Mário Lago se dirigiu para comemorar com Ataulfo Alves o estouro de “Atire a primeira pedra”, samba de amor custoso escrito pelos dois compositores. O famoso reduto da boemia carioca abrigava a música como que por espontânea ligação religiosa. E eram versos religiosos que valorizavam o sucesso da composição em ritmo de penitência. Com a interpretação de Orlando Silva em 1944, foi lançada por Emilinha Borba no filme “Tristezas não pagam dívidas”. A música desfilou na boca do povo com tamanha empolgação no carnaval daquele ano que de acordo com Mário Lago foi a única vez que viu o amigo Ataulfo de “pilequinho”. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Errei, sim </span><br /><br />O compositor Herivelto Martins, que vivia um atribulado fim de casamento com a cantora Dalva de Oliveira, com quem compôs o Trio de Ouro ao lado de Nilo Chagas, com manchetes nos jornais e escândalos sensacionalistas propagados pela imprensa, foi uma das únicas pessoas que conseguiu se desentender com o gentil Ataulfo Alves. Isso porque ele considerou os versos “Errei, sim, manchei o teu nome, mas foste tu mesmo o culpado. Deixavas-me em casa, me trocando pela orgia, faltando sempre com a sua companhia”, da música escrita pelo sambista e lançada em 1950 por Dalva de Oliveira uma ofensa e assunção de que a esposa o traía. A briga entre os dois se desfez em seguida. A canção ficou eternizada com seus versos confessionais e de contundência lamentadora. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbnIUBKQyI1tPO_Y63fB37IrUAGM4WOcFnZ8fS4dJGGErL8wLz1Ry7SKO-pqgOiya-sUfTxHe6hQPaCxARe0xY9658fIRHnp8knsupLhhnU8qrg1L1l5jr_ObBz7SfSNR9SO0_hZYXa936/s1600/99702942_508c51a2ec.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 215px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbnIUBKQyI1tPO_Y63fB37IrUAGM4WOcFnZ8fS4dJGGErL8wLz1Ry7SKO-pqgOiya-sUfTxHe6hQPaCxARe0xY9658fIRHnp8knsupLhhnU8qrg1L1l5jr_ObBz7SfSNR9SO0_hZYXa936/s320/99702942_508c51a2ec.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5608645282369555106" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Fim de comédia</span> <br /><br />O conjunto idealizado por Ataulfo Alves era formado inicialmente por Olga, Marilu e Alda, o trio vocal que recebeu o nome de “Pastoras”, por sugestão de Pedro Caetano, compositor de sucessos carnavalescos. Veio da festa profana a inspiração para o nome, num misto de atribuição religiosa. A denominação era como se chamava o coro feminino que acompanha o cantor principal, também conhecidas como cabrochas, muito presentes nas festas de Natal no nordeste brasileiro. E assim, Ataulfo foi feliz em sua escolha tanto quanto a interpretação de outra mulher gloriosa, a passional Dalva de Oliveira, que cantou de sua autoria em 1952, o samba doloroso “Fim de comédia”, lamentando ou celebrando, essa sim, com facadas agudas no peito como sua voz, o triste fim do casamento tortuoso com o compositor Herivelto Martins. Um marco revivido por vozes de firme intensidade, a exemplo de Elizeth Cardoso e Ângela Rô Rô: “Este amor quase tragédia, que me fez um grande mal. Felizmente essa comédia, vai chegando ao seu final.”<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT2WREmpshkVSAayrEjR6KSkhPLnAlPTMEIB-q8_IXFqLUugkvL6uoDJtNIcG3awBtsYjngRWKA1ADgXOwoKMiO1vZz0PqNYR2tGvbm288NPOyD3d-2VdUMnjAxi5UXevgrZXGAx3mSoLD/s1600/AtaulfoAlves.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 259px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhT2WREmpshkVSAayrEjR6KSkhPLnAlPTMEIB-q8_IXFqLUugkvL6uoDJtNIcG3awBtsYjngRWKA1ADgXOwoKMiO1vZz0PqNYR2tGvbm288NPOyD3d-2VdUMnjAxi5UXevgrZXGAx3mSoLD/s320/AtaulfoAlves.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5608645572776824050" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Pois é </span><br /><br />Ataulfo Alves ingressou em diversas searas do ramo artístico e conquistou a admiração dos mais variados tipos. Fundou e tornou-se diretor da União Brasileira dos Compositores, que lutava pelos direitos autorais, criou a “Ataulfo Alves Edições, para editar suas próprias músicas e foi homenageado em quadros do pintor modernista brasileiro José Pancetti. O samba “Pois é”, lançado em 1955, gerou uma dupla repercussão na carreira de Ataulfo. Mirabeu Pinheiro, conhecido compositor, co-autor do sucesso carnavalesco “Turma do Funil”, andava descontente com as repreensões de Ataulfo por conta de direitos autorais, e respondeu a composição se passando pela morena fujona da letra, intitulado “A Morena Sou Eu”. O compositor mineiro, como poucas vezes se viu, não ficou quieto e resolveu ser desbocado, respondendo com outro samba, “Eu nada lhe perguntei”. O bate-boca durou mais uma música de Mirabeu, “Arria a Trouxa no chão”, sem satisfação de Ataulfo Alves, e os dois voltaram às pazes depois. Por outro lado, Pancetti se encantou com a composição, dedicando ao autor um quadro de mesmo nome, respondido à altura com outra preciosidade de seu repertório, “Lagoa Serena”, com J. Batista, que também terminou em pintura. Como ilustram os versos de “Pois é”, “a maldade dessa gente é uma arte...”. Que boa arte praticou Ataulfo.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsPBJJ-vguUrLMLWpDQMZox29FO_bm0r7IY3rwEeUW6z8qAXOtgcENf31s8_P6dNPuguMeiI4ZM3vlQQGm2AZoYNNffGZnCdfDgnyJZqrRXFQcc2DHiZYC1m3A-z4Nw9hWRNRxQATc7kZk/s1600/ataulfo-alves.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 256px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsPBJJ-vguUrLMLWpDQMZox29FO_bm0r7IY3rwEeUW6z8qAXOtgcENf31s8_P6dNPuguMeiI4ZM3vlQQGm2AZoYNNffGZnCdfDgnyJZqrRXFQcc2DHiZYC1m3A-z4Nw9hWRNRxQATc7kZk/s320/ataulfo-alves.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5608645753336069490" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Meus tempos de criança </span><br /><br />O menino Ataulfo teve infância humilde, da qual soube recolher a riqueza dos pequenos gestos, as pequenas luzes que brilham sob o olhar inocente de uma criança. Essa essência, Ataulfo levou para a fase madura de sua vida, e se recordou com alegria e saudade, retratada no estilo dos versos presentes em toda sua obra realizada no Rio de Janeiro, mas com um pé fundo numa Minas interiorana, dolente, toada e rural. “Meus tempos de criança” é uma homenagem a todos que preservam os sons da matriz, “a professorinha que ensinou o bê-a-bá”, as travessuras e o primeiro amor, Mariazinha. “Eu era feliz e não sabia”. Esse arrependimento inevitavelmente tardio crava uma ponta de angústia na canção de Ataulfo Alves, composta em 1956, cobertor macio para todos aqueles de coração aguado. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Mulata Assanhada</span> <br /><br />Ary Barroso determinou em 1950 que o maior compositor popular brasileiro era seu conterrâneo mineiro, Ataulfo Alves. Seis anos depois, o prestigiado sambista lançou obra prima de sua autoria, outra delas, “Mulata Assanhada”. Lançada por Elizeth Cardoso, a canção corre no tempo esperto e sinuoso das curvas da mulata em questão, regravada mais tarde, sem demérito nenhum para a primeira gravação, pela personificante Elza Soares, tornado-se emblema de sua figura: “Ô mulata assanhada, que passa com graça, fazendo pirraça, fingindo inocente, tirando o sossego da gente.” A incorreção política de Ataulfo aparece ao recorrer aos provocantes versos: “Ah mulata se eu pudesse, e se meu dinheiro desse, eu te dava sem pensar, essa terra, esse céu, esse mar. Ela finge que não sabe que tem feitiço no olhar. Ai meu Deus, que bom seria, se voltasse a escravidão, eu comprava essa mulata e prendia no meu coração, e depois a pretoria é que resolvia a questão!” <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhH2kHMLf4M8nEaEEKgu0-WRq8_wtk9MxJgrrdczqxj7-XxwoQFDSBxCkjJyBYhvVLnqyFc0qlBz2urDanQNDly3TDR8wwwLtfAtBbHbD5kNDaMJxWEYQll4hlN5qe63yLKXMIPzxzyPQGf/s1600/capa+%25281%2529.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 315px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhH2kHMLf4M8nEaEEKgu0-WRq8_wtk9MxJgrrdczqxj7-XxwoQFDSBxCkjJyBYhvVLnqyFc0qlBz2urDanQNDly3TDR8wwwLtfAtBbHbD5kNDaMJxWEYQll4hlN5qe63yLKXMIPzxzyPQGf/s320/capa+%25281%2529.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5608645924617823346" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Você passa, eu acho graça </span><br /><br />Se em suas tumultuadas presenças no jornalismo e na política, Imperial podia ser apontado por alguns como picareta, apresentando doses nada convencionais de escracho, no trato com a musicalidade ele cultivava soberba engenhosidade. Foi após ficar conhecido como grande referencial do rock solto da Jovem Guarda e da Pilantragem que ele se aventurou pelo prolífico campo do samba em homenagem a um desamor. Aparceirando-se com ninguém menos que o gentleman das palavras e melodias Ataulfo Alves ele se tornou co-autor da revigorante “Você passa, eu acho graça”, que em 1968 mandou um recado à flor que perdeu o encanto: “E agora, você passa, eu acho graça. Nessa vida tudo passa, e você também passou. Entre as flores, você era a mais bela. Minha rosa amarela, que desfolhou, perdeu a cor”.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Laranja madura </span><br /><br />Os passos mineiros de Ataulfo Alves ganharam o mundo pela primeira vez em 1961, a convite do parceiro de Luiz Gonzaga, o doutor do baião Humberto Teixeira, como parte de uma caravana de divulgação da música brasileira na Europa. Cinco anos mais tarde, rumou para Senegal, e em Dacar representou o país no I Festival de Arte Negra. Também em sua terra, Ataulfo era louvado, virando nome de rua. Ao todo, ele deixou cerca de 400 músicas gravadas, dentre elas, “Laranja madura”, de 1967, samba que desconfia da bondade alheia ao fazer comparação com uma “laranja madura na beira de estrada tá bichada, Zé, ou tem marimbondo no pé”, antigo ditado do povo recolhido por Ataulfo Alves. Desconfiança mineira que já não existia à essa altura, nem em praticamente todo seu percurso artístico, com o cidadão informalmente honorário de Miraí.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLdpWmFfJru16pT4zkJX7It5KFkDeGDbmkTgqvBgg-4tdDyAvB2_CLb-vcBB9ReJ-ZUZNrnBLbKf05LbOxgt6mwt9W043dUJhVz6DS9fYWW3hxbDUiLtI20eQwTHuQjrvGQwxQb6V2udVL/s1600/ataulfo+alves+1.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 243px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLdpWmFfJru16pT4zkJX7It5KFkDeGDbmkTgqvBgg-4tdDyAvB2_CLb-vcBB9ReJ-ZUZNrnBLbKf05LbOxgt6mwt9W043dUJhVz6DS9fYWW3hxbDUiLtI20eQwTHuQjrvGQwxQb6V2udVL/s320/ataulfo+alves+1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5608646942561514098" /></a> <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Na cadência do samba </span><br /><br />O cantor e compositor Ataulfo Alves era também violonista, cavaquinista e bandolinista, ou seja, um músico de primeira linha. Por tais qualidades inquestionáveis é que ficou em evidência até o fim de sua vida, mesmo com o advento da bossa nova e da jovem guarda em detrimento de seu particular samba, assim chamado pela intimidade que demonstrava nesse trato. Em 1962, compôs uma música com Paulo Gesta, interpretada por Elizeth Cardoso, de nome idêntico à outra que ficaria conhecida como fundo musical do futebol, assim chamada “Na cadência do samba”, em menção à despedida que ele desejava para si. Ficou marcada na memória da música popular brasileira a morosidade arrastada da melodia que encanta os versos alentadores: “Sei que vou morrer, não sei o dia. Levarei saudades da Maria. Sei que vou morrer não sei a hora. Levarei saudades da Aurora. Quero morrer numa batucada de bamba, na cadência bonita de um samba.” A cadência que seu autor deixou para a posteridade, como legado in contest de sua obra monumental, exposta nas melhores confraternizações e festejos musicais desse país chamado Brasil, rico de lendas para ninguém botar defeito. <br /><br /><span style="font-style:italic;">“Leva meu samba, meu mensageiro, esse recado, para o meu amor primeiro” Ataulfo Alves</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFVzS2ecKBLzbtL7ttRn8KgEOn7d2MQql3vO7UNanC8GCM2qmbGuRrATbtdsb7ni5qv3J0QLQYRWtg-VcUH_bRDL5slbIKaXJbRyWE4pKUzKoSG64eUv7CCIgDN9NnPM73dsM9q5JQZSGN/s1600/Ataufo+Alves.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 265px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFVzS2ecKBLzbtL7ttRn8KgEOn7d2MQql3vO7UNanC8GCM2qmbGuRrATbtdsb7ni5qv3J0QLQYRWtg-VcUH_bRDL5slbIKaXJbRyWE4pKUzKoSG64eUv7CCIgDN9NnPM73dsM9q5JQZSGN/s320/Ataufo+Alves.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5608646553672101074" /></a><br /><br />Raphael Vidigal AroeiraRaphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-72174927975880674192011-05-13T11:47:00.000-07:002011-05-13T12:01:27.310-07:00Homem de cachimbo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPEONz0lKcgQNKfKWCcqgPGaGGd-x_1YYM3gfhHMXlfmiTyxw-LPc4ezDbWlY9jX4jUUKcdCFoYRAKm3lcbF9mlUjxg1_nO-IyoBvIpxT5tIay488d5EpDBLzRlBSHetw6Ep_GYqtq5YTv/s1600/143_mu_vanzolini_g.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 178px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPEONz0lKcgQNKfKWCcqgPGaGGd-x_1YYM3gfhHMXlfmiTyxw-LPc4ezDbWlY9jX4jUUKcdCFoYRAKm3lcbF9mlUjxg1_nO-IyoBvIpxT5tIay488d5EpDBLzRlBSHetw6Ep_GYqtq5YTv/s320/143_mu_vanzolini_g.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5606275239942626370" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=e38692d" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object> <br /><br />O homem de cachimbo vem com lagarto no ombro, cobra enrolada nos pés, lagartixa na palma da mão. Arrisca-se quem resumi-lo cientista. Ele também o é, especialista em samba sem diplomacia. Se puder imaginá-lo, pense na pintura de Magritte, nas experimentações de um Einstein, no avanço das tropas de Napoleão. E terás o retrato abstrato do erudito mais popular brasileiro! Paulo Vanzolini. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Ronda </span><br /><br />“Para mim acorde é que nem latir para cavalo”. O que não o impede de falar a língua dos músicos, através da poesia e da inseparável boemia. Em suas experiências noturnas farreando ou mesmo vigilante como cabo do exército, Paulo Vanzolini retirou o essencial para sua pequena, porém qualitativa, produção de sambas. Um dos mais emblemáticos nasceu em 1951, e só foi chegar ao disco dois anos depois, por acaso do destino e ingenuidade de Inezita Barroso, que não sabia que disco possuía lado B. Para ela então, amiga do casal Vanzolini, foi destinada a felicidade de lançar o compositor-cientista, sem a mínima repercussão, que só veio quando a canção já era cantada há 14 anos por boêmios inveterados, na gravação em 1977 de Márcia: “de noite eu rondo a cidade, a te procurar, sem encontrar...”. Mais um caso passional onde o amor se envolveu com as páginas de sangue do jornal na manhã seguinte.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhw_dGT50WP0irtz5VoqXJeESvfPAMf9aeJuZmx89YIJqvFZ8kUcJ-sJVK0pPSG6lkIme94vYnabzucIG28Tw06qOu8FAjcbmw0l0N9e6dUXC7CcxMacv3A9mAVjOD7XMetzBQfCwBBW_5g/s1600/um_homem_de_moral_-_paulo_vanzolini_3.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 213px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhw_dGT50WP0irtz5VoqXJeESvfPAMf9aeJuZmx89YIJqvFZ8kUcJ-sJVK0pPSG6lkIme94vYnabzucIG28Tw06qOu8FAjcbmw0l0N9e6dUXC7CcxMacv3A9mAVjOD7XMetzBQfCwBBW_5g/s320/um_homem_de_moral_-_paulo_vanzolini_3.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5606275655146385266" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Volta por cima </span><br /><br />“Samba é que nem osso, uma vez que tá na rua, vai na boca de qualquer cachorro”, riu-se Vanzolini, quando perguntado por Zé Henrique o que fazer com a música que este havia ganhado, e que por briga com a gravadora, não poderia gravá-la. Foi então que “Volta por cima” encontrou Noite Ilustrada, e por três semanas consecutivas angariou o primeiro lugar nas paradas de sucesso do ano de 1962. Notícia que seu autor só veio a ter quando voltou de sua viagem à Amazônia, entretido com os afazeres da zoologia, e ouviu no rádio sua exaltação para aquilo que ficaria conhecido no dicionário Aurélio da Língua Portuguesa como “ato de superar uma situação difícil”, cantada com emoção ímpar por Elza Soares: “Chorei, não procurei esconder, todos viram, fingiram, pena de mim não precisava, ali onde eu chorei qualquer um chorava, dar a volta por cima que eu dei, quero ver quem dava.” Para ele, a parte mais importante da letra não está no título, mas no verso ‘reconhece a queda’.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2YD7dHqq9QQkkQPqHs-E1aZsbiVrI86NyRBT4A2se4pI7WpA-jGW5C0nrkjF8TYD-kfaJfke_XsSWfrF7q4NLpTzrAhOSgQbDjhvQrP3UIcYCaIbVTXlSh84zx8rrIpHBJjG_t8Q1obTA/s1600/vanzolini.JPG"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 284px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2YD7dHqq9QQkkQPqHs-E1aZsbiVrI86NyRBT4A2se4pI7WpA-jGW5C0nrkjF8TYD-kfaJfke_XsSWfrF7q4NLpTzrAhOSgQbDjhvQrP3UIcYCaIbVTXlSh84zx8rrIpHBJjG_t8Q1obTA/s320/vanzolini.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5606275843679704690" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Samba erudito </span><br /><br />Só mesmo o irônico Paulo Vanzolini, com toda sua robustez ranzinza, para misturar em uma canção popular Pôncio Pilatos, Santos Dummont, Olavo Bilac e São Pedro, resultado de sua formação intelectualizada, como ele mesmo afirma. O “Samba erudito” foi lançado em 1967 por Chico Buarque. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Chorava no meio da rua </span><br /><br />Paulo Vanzolini descamba a maioria das gravações feitas com seu repertório. Delineia que Maria Bethânia é “muito mais uma declamadora do que uma cantora”, e que a suposta homenagem de Caetano Veloso ao introduzir partes de “Ronda” em “Sampa”, está mais para plágio. No entanto, o compositor-cientista rende-se ao charme do canto de Cristina Buarque, que desaforada, teve a audácia de modificar uma composição sua, fato que segundo ele próprio, o deixa bastante irritado. Só que dessa vez não foi o caso, Vanzolini acatou a sabedoria da irmã mais nova de Chico Buarque, segundo Cartola, “cantora pra compositor”, que entoou em 1967 os versos do samba assumido: “Se eu tivesse que chorar, chorava no meio da rua...” <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQi9uDP65Ov5weF9WLXqteZXOKN8b5eqiRb-fZ5oWYC0fLvRfqyJmcdih2yw82HztWd6JlC6VBVE8lE31im_KonJF7I8EaMhDfU3sAfwLy2e5r5110Gb_1Kt2xurw1Hc-UCVEeD1WdPNTn/s1600/paulo_vanzolini.gif"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 227px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQi9uDP65Ov5weF9WLXqteZXOKN8b5eqiRb-fZ5oWYC0fLvRfqyJmcdih2yw82HztWd6JlC6VBVE8lE31im_KonJF7I8EaMhDfU3sAfwLy2e5r5110Gb_1Kt2xurw1Hc-UCVEeD1WdPNTn/s320/paulo_vanzolini.gif" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5606276008915103426" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Capoeira do Arnaldo</span> <br /><br />Samba para Paulo Vanzolini sempre foi sinônimo de diversão, brincadeira, e não haveria razão de sê-lo não fosse pelos amigos, pela boemia, embora as horas de talhar os versos lhe fossem bastante desgastantes. Valia a pena pelo amor às palavras, jamais pela intenção de gravá-las em disco, ganhar dinheiro, fazer disso uma profissão. Para esse trato, cabia-lhe a zoologia, paixão que nascera com ele, e aflorou em passeio de bicicleta pelo Butantã. “Capoeira do Arnaldo” surgiu de uma provocação irritada de Arnaldo Horta, grande amigo, que não concebia o fato de Carybé, um gringo argentino apaixonado pelo Brasil, contratado pelo governo da Bahia para fazer uns desenhos populares na cidade, saber mais de candomblé do que os brasileiros. Foi isso que motivou Paulo Vanzolini a compor a capoeira, um rugido de mamífero que se transformou em pássaro a voar sem ninho. A história do nordestino que migra de sua terra em busca do destino. Puro folclore realista.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilnvklczNfEuofVh7a-5y0TlG3290ekMuOqhlsnT55w-Z3IBAyv7bAa4zKYOZupA0F5uTABk_lwHHa6tdNIs42w91V3yWqGC3cI65jGpJBb50LDINiG5SppjN8jGidmfkWIOWGYJ6rtuEe/s1600/PAULO_VANZOLINI.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 213px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilnvklczNfEuofVh7a-5y0TlG3290ekMuOqhlsnT55w-Z3IBAyv7bAa4zKYOZupA0F5uTABk_lwHHa6tdNIs42w91V3yWqGC3cI65jGpJBb50LDINiG5SppjN8jGidmfkWIOWGYJ6rtuEe/s320/PAULO_VANZOLINI.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5606276160837948994" /></a> <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Maria que ninguém queria </span><br /><br />Na década de 50, com o aperto financeiro batendo à porta, Vanzolini, pesquisador do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, logo se enturmou com os bambas da TV Record. Foi ele o responsável por domar a fera doce Aracy de Almeida, e resolver a impossibilidade da cantora em decorar as letras, transformando-a em dona de botequim, e colocando uma máquina registradora à sua frente, com tudo o que ela precisava cantar, naturalmente. Nessa mesma década, ele produziu junto com Raul Duarte o primeiro Festival da Velha Guarda, que reergueu Pixinguinha, João da Baiana, Donga, e muitos outros. Já completamente entrosado no meio musical, em 1974 foi a sua vez de receber homenagem, através do amigo Marcus Pereira, dono da gravadora de mesmo nome, e dos cantores Paulo Marques e Carmen Costa, que sambaram, entre tantas, a irresistível “Maria que ninguém queria”, composição que esbanja o humor afiado e incorreto de Paulo, destilando as ironias vorazes sobre um caso conjugal cheio de convenções absurdas e incrivelmente aceitas com naturalidade: “Maria que ninguém queria, eu resolvi reformar...Orgulho eu não tenho, mas sou homem demais pra 50%!” <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-Zpwxq0DLjA0z2z2GeapFttffPyAmK9VJeayZyOklq7wShLjPTK8schDl8IlN-X3SpcW0DS2Jqdt6_glSDeTXElNbx9wkqHK4Ga1JOpSEH1iRQ-IRLiCj1gQKfc2ZzXO0ggdUzLx2Ajh3/s1600/03_MVG_cult_vanzolini.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 250px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-Zpwxq0DLjA0z2z2GeapFttffPyAmK9VJeayZyOklq7wShLjPTK8schDl8IlN-X3SpcW0DS2Jqdt6_glSDeTXElNbx9wkqHK4Ga1JOpSEH1iRQ-IRLiCj1gQKfc2ZzXO0ggdUzLx2Ajh3/s320/03_MVG_cult_vanzolini.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5606276404737334946" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Mente</span> <br /><br />“Para cantar nos meus discos é obrigatório ter duas qualidades: ser meu amigo e ter bom caráter”. É essa afirmativa que enchem as obras dedicadas à Paulo Vanzolini de músicos consagrados e ilustres desconhecidos do grande público, com a realeza de gozarem do prestígio da amizade do compositor. Luiz Carlos Paraná comandou com ele o famoso bar “Jogral”, um dos primeiros de São Paulo dedicado à música, e foi o responsável pelo abatimento gradual de Vanzolini após sua morte, em 1970. Adauto Santos tornou-se o responsável por levar às notas o canto que ele guardava na cabeça. Poucos outros tiveram tamanho privilégio, dentre eles, Eduardo Gudin, que em 1978 dividiu duas composições com o compositor-poeta, “Longe de casa”, e “Mente”, reiterada por Clara Nunes no mesmo ano, com a acentuação perfeita das contradições fetichistas: “Mente, ainda é uma saída, é uma hipótese de vida, mente, sai dizendo que me ama...Pois na mentira, meu amor, crer eu não creio, só pretendo que de tanto mentir, repetir que me ama, você mesma acabe crendo” <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpCevy7AtuWp4KKaSsPHTROp0OLip917pa3UdGKuJZHVi3KeChbxkLwcsv6c0Xsp-aZAjcRFAemDknMtFdeDDFYAhCHA0btH7QjOfadSw4t8O3LvcGRjkLKxpfUemdN7EzFUSQV-3iXrZr/s1600/paulo_vanzolini_590.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 205px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpCevy7AtuWp4KKaSsPHTROp0OLip917pa3UdGKuJZHVi3KeChbxkLwcsv6c0Xsp-aZAjcRFAemDknMtFdeDDFYAhCHA0btH7QjOfadSw4t8O3LvcGRjkLKxpfUemdN7EzFUSQV-3iXrZr/s320/paulo_vanzolini_590.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5606276657947378050" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Na boca da noite</span><br /><br />O elo entre Paulo Vanzolini e a música chama-se poesia. O que não é difícil perceber, basta constatar a inaptidão do compositor com qualquer instrumento de cordas, sopro ou batuque, embora ele os adore. Nunca soube reparar “as frescuras” de João Gilberto, amigo que conheceu moço. Em sua juventude lançou “Lira”, livro de poesias. Depois “Tempos de Cabo”, com o mesmo sumo poético, recolhido dos tempos de exército. “Na boca da noite”, é exemplo bem acabado dessa característica de sua pessoalidade, embora o próprio advirta que ela não estava pronta quando o apressado Antônio Pecci, apelidado Toquinho, resolveu lançá-la. Senão teria tirado o sétimo lugar no II Festival Internacional da Canção promovido pela TV Globo, e não o oitavo, revigora sua picardia. Seja como for, as imagens do samba de 1967, são de beleza poética, e talvez, justamente, por estarem inacabadas sob o olhar do poeta. “Nuvem alta em mão de vento é o jeito da água voltar. Morena, se acaso um dia tempestade te apanhar, não foge da ventania, da chuva que rodopia, sou eu mesmo a te abraçar...Vi um rosto na janela, parei na beira da estrada, cheguei na boca da noite, saí de madrugada...”<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzjSazclNVIBjN8hg0apqfGTgEZZUrZcbL0nfdlRnOcUcZUeWjbzY-EcF1Ijkhb1Aa5_urQJEAfjEIAg6yiOFII5r-42IK6nv3Qd0xwC8ncj8S0T6KtMVVXk7L_0YFfsQPH9VPgjuDzo27/s1600/vanzoline.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 217px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzjSazclNVIBjN8hg0apqfGTgEZZUrZcbL0nfdlRnOcUcZUeWjbzY-EcF1Ijkhb1Aa5_urQJEAfjEIAg6yiOFII5r-42IK6nv3Qd0xwC8ncj8S0T6KtMVVXk7L_0YFfsQPH9VPgjuDzo27/s320/vanzoline.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5606276827722478578" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Cravo branco </span><br /><br />Paulo Vanzolini atesta-se como típico reprodutor em versos das características e da sintaxe paulistana. Nascido na capital do estado é alardeado como um dos grandes nomes musicais da cidade, posto ocupado ao lado de outra sumidade, de quem também foi amigo, o emblemático Adoniran Barbosa. Mas não se esquece de avisar que sua formação é fruto de gênios ouvidos através do rádio carioca: Ary Barroso, Lamartine Babo, Noel Rosa, Mario Reis, Ismael Silva. Ele, inclusive, morou um tempo no Rio de Janeiro em sua infância. “Cravo branco”, lançada por Adauto Santos em 1967 é história que poderia ter acontecido em qualquer lugar do Brasil, mas lhe ocorreu ao escutar com atenção o relato de sua empregada. Pronta a inspiração para recitar o crime cometido por ciúme, embalsamando o pobre com o cravo branco na mão, alento em sua despedida.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOL2rTgKo7xTgUt6foPS2zT09KajfbiP0bRfB_dIjM0MpWI2bay9KT1tbpycABU-s2sUb8iPChtLDxPk0hzF_C5iFBPjHOLCpmx1aSeKFyoAodb957Wu1hT4DnWnOheccZn1GqMfx24Ufd/s1600/PauloVanzolini2.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 284px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOL2rTgKo7xTgUt6foPS2zT09KajfbiP0bRfB_dIjM0MpWI2bay9KT1tbpycABU-s2sUb8iPChtLDxPk0hzF_C5iFBPjHOLCpmx1aSeKFyoAodb957Wu1hT4DnWnOheccZn1GqMfx24Ufd/s320/PauloVanzolini2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5606277139033579874" /></a> <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Juízo Final </span><br /><br />“Eu sou puritano mesmo, sempre fui. Eu tenho 60 músicas e nunca usei a palavra malandro.” Esse rigor estilístico e conceitual de Vanzolini, nunca o impediu de tratar com senso de humor áspero temas de natureza recalcada. A religiosidade foi uma das escolhidas como alvo de seu deboche bem construído. “Juízo Final” é uma satírica composição que reproduz até os toques de harpa tocada pelo recém-aceito anjinho de sua pessoa, que olha para baixo e ri-se da desgraça alheia, “a ingrata que hoje trabalha de salsicha, espetadinha no garfo, satanás fritando a bicha...ô Demônio capricha!”. De uma incorreção saborosa e bem trabalhada por Vanzolini. O humor, quando bem empregado, sem conotações morais e no entretanto, sem fazer concessões popularescas, constitui, sem dúvida nenhuma, um dos baluartes da inteligência. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Leilão </span><br /><br />Paulo Vanzolini considera “Leilão” seu samba mais acabado, pronto, intelectualizado. Cantado pela primeira vez em disco por Luiz Carlos Paraná em 1967 rebobina o arrependimento do homem que não arrematou aquilo que desejava, sem revelá-lo, recapeando o caminho de sua vida com “olho de cobra mansa” e “boca de fruta brava”, elementos tradicionalmente folclóricos.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjrbAHXacf3-ng1EXFZ8rTkv8C6aLbnmd6pfqlecd4aofFNCfowtmmDL1cQbWnLGAkv_FFUgBJwu-Pn2AyLk5D-LxU5pI8zTbzR5FLFzs0devKF-gfzB9yAL_6mHsMvwflL2Ay-xBwoGZT/s1600/paulo-vanzolini.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 317px; height: 238px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgjrbAHXacf3-ng1EXFZ8rTkv8C6aLbnmd6pfqlecd4aofFNCfowtmmDL1cQbWnLGAkv_FFUgBJwu-Pn2AyLk5D-LxU5pI8zTbzR5FLFzs0devKF-gfzB9yAL_6mHsMvwflL2Ay-xBwoGZT/s320/paulo-vanzolini.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5606277290782918770" /></a> <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Praça Clóvis </span><br /><br />A primeira experiência radiofônica de Vanzolini aconteceu no programa “Consultório Sentimental” apresentado por Cacilda Becker. A primeira experiência musical foi recitando versos nos regionais da universidade. A primeira com os animais para os quais dedicou seus estudos de zoólogo, e tornou-se um dos mais respeitados na área, foi visitando o Butantã. A primeira com poesia talvez tenha sido a “Lira”. Mas não se pode afirmar com exatidão, apenas supor, pois muitos desconfiam que em seu DNA já estavam absortas essas sementes que trouxeram à tona o homem de cachimbo, especialista em samba sem diplomacia, inspirado em fatos pitorescos para compor sua obra: como os batedores de carteira que deram vida à “Praça Clóvis”, samba lançado em 1967 por Chico Buarque, concentrador da ironia do compositor para agradecer ao assalto responsável por levar de sua carteira a foto da mulher desprezada.<br /><br /><span style="font-style:italic;">“Do povo, de cada um pessoalmente, eu não gosto, mas do povo em geral eu gosto muito.” Paulo Vanzolini</span> <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEtxgqgmAiCXsSYoMYOL29DMCQ7fFkYtGGMfdkbp1s6l9QkZk1TFHeaCB-v8-WQTw8ZfWKQS8DF0FzUzbBQs5dUXoduun4KC7k9VJ4g0P9y-YGXfOLUeILNnAxGK97Guq31AN0cowTpMJe/s1600/Paulo+Vanzolini.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 214px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEtxgqgmAiCXsSYoMYOL29DMCQ7fFkYtGGMfdkbp1s6l9QkZk1TFHeaCB-v8-WQTw8ZfWKQS8DF0FzUzbBQs5dUXoduun4KC7k9VJ4g0P9y-YGXfOLUeILNnAxGK97Guq31AN0cowTpMJe/s320/Paulo+Vanzolini.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5606277443639170338" /></a><br /><br />Raphael Vidigal AroeiraRaphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-39150495308189883252011-05-01T04:00:00.002-07:002011-05-01T04:00:03.058-07:00Geraldo Pereira, o precoce<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhd50tO48J32yKyEh-KQMe3yV_C84AttFsycZmxk-ZelZmW4hlwQkKs5dWH98MDRD3GL1BMFTQ412Gr52J1XaQ1WL_cUy6SGZ5W74tBIyi2UE4m_JeP7TDKYZ7x2yehURGAc3v-TbC2jg/s1600/geraldo+pereira+2_161936.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 286px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhd50tO48J32yKyEh-KQMe3yV_C84AttFsycZmxk-ZelZmW4hlwQkKs5dWH98MDRD3GL1BMFTQ412Gr52J1XaQ1WL_cUy6SGZ5W74tBIyi2UE4m_JeP7TDKYZ7x2yehURGAc3v-TbC2jg/s320/geraldo+pereira+2_161936.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5600406888261258578" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=ec2b07d" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object> <br /><br />O samba recheado de quebradas marcou a vida irregular do compositor. O rebolado das baianas o colocou no chão. De queixo caído ele assistiria ao rebuliço em torno da bossa nova que ele próprio antecipara, não tivesse partido tão cedo. Sem saber, o mineiro que alimentou fama e discórdia no Rio de Janeiro foi um precoce e um privilegiado. Por ter assistido de perto à criação da Estação Primeira de Mangueira e ter convivido com grandes bambas da malandragem teve o prumo certo para tirar melodia e letra do mel que brotava na sua frente. Nem sempre doce, o sambista Geraldo Pereira foi um prodígio, reconhecido mesmo em sua brevidade, como talvez nunca tivesse sido não fossem as tempestades em sua vida.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Falsa baiana</span> <br /><br />Geraldo Pereira já perseguia o sucesso há algum tempo quando seu samba estourou na praça, em 1944. O começo da história data de um carnaval em que Geraldo estava no Café Nice, um dos seus pontos prediletos, e viu adentrar o recinto a esposa do compositor Roberto Martins, toda fantasiada de baiana e com uma desanimação de dar dó, ao que ouviu a fala do marido: “Olha aí a falsa baiana”, prontamente começou a matutar em sua cabeça o novo samba sincopado. Ao cantá-lo para Roberto Paiva embolando as letras, já alto depois de umas e outras, recebeu um não do cantor, que se surpreendeu positivamente ao ouvir a música na voz de Ciro Monteiro ecoar nas rádios. A baiana de Geraldo Pereira deixou a mocidade louca! A música foi regravada na década de 70 por Gal Costa, repetindo o êxito que a consagrou.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhe2HHp305ORH6ZYzeXA0Q3UbUYISL3U8A31pzQmjpsZieXNtRXpL4ITFs23Ki_whFHMkeLJhE0T-lrJOk_mw92Bzju76S449RGkFoq0BV2pNN-JNYop23cmLHCWbMDyJEhHf-zWcDC7uU/s1600/GeraldoPereira.gif"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 173px; height: 251px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhe2HHp305ORH6ZYzeXA0Q3UbUYISL3U8A31pzQmjpsZieXNtRXpL4ITFs23Ki_whFHMkeLJhE0T-lrJOk_mw92Bzju76S449RGkFoq0BV2pNN-JNYop23cmLHCWbMDyJEhHf-zWcDC7uU/s320/GeraldoPereira.gif" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5600407147875527698" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Sem compromisso</span> <br /><br />O calado menino Geraldo, que herdara o nome pelo qual ficaria conhecido de uma tia que o manteve sob seus cuidados quando a família foi para o Rio de Janeiro, chegou à capital federal por volta dos 12, 13 anos. Inicialmente com o intento de ajudar o irmão Mané Araújo numa tenda que esse mantinha no morro de Mangueira, acabou desvirtuando seus passos e indo de encontro ao samba. Antes, porém, arrumou emprego como motorista de caminhão de lixo, e seguiu nesse batente até o fim da vida. Acusado de ter um temperamento difícil tornou a público a título de lenda ou realidade a fama de que descumpria compromissos, dava calotes em seus companheiros e até abandonara a mãe no leito de morte para curtir a orgia, o que acarretou uma séria briga com o irmão mais velho. Mas Geraldo Pereira também sabia acusar, como fez em 1944 em parceria com Nelson Trigueiro: “Você só dança com ele e diz que é sem compromisso, é bom acabar com isso...”. Lançado pelos Anjos do Inferno o samba recebeu celebrada regravação de Chico Buarque.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMwomrkPmllp9gxQxckm3Rk3pnt-o4apIm5CZbCHP34r-wA3QW8exQm2KXO0ufCPzoaOHLW7Ed0vU5nwazWmoYCBtLq4-qsmbjnXEtkRpfv4HVcyHGSbFths323zftePXKdj-c1LVcuKc/s1600/Geraldo+vol-23.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 270px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMwomrkPmllp9gxQxckm3Rk3pnt-o4apIm5CZbCHP34r-wA3QW8exQm2KXO0ufCPzoaOHLW7Ed0vU5nwazWmoYCBtLq4-qsmbjnXEtkRpfv4HVcyHGSbFths323zftePXKdj-c1LVcuKc/s320/Geraldo+vol-23.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5600407323865488434" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Bolinha de papel</span> <br /><br />João Gilberto conta que foi Geraldo Pereira um dos inspiradores da batida com a qual ele caracterizou a bossa nova. O sambista bom de bossa, aliás, vivia jogando seu charme para cima das cabrochas de seu convívio. Numa dessas acabou se dando mal, engravidou a moça e foi obrigado a casar, mas nada que impedisse suas peregrinações galantes. Na contagiante “Bolinha de papel”, lançada pelos Anjos do Inferno em 1945, ele declara seu amor capaz de garantir até sossego para a tal Julieta. A música recebeu regravações de Miltinho e do próprio João Gilberto. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Pisei num despacho </span><br /><br />Geraldo Pereira migrou de Mangueira depois de conflitos com o irmão Mané, importante e temido na região por acumular os cargos de dono de tenda e funcionário da Central do Brasil, o que lhe garantia alto poderio econômico. Antes de deixar o morro, ele conheceu Cartola e Carlos Cachaça, que fundaram mais tarde a escola de samba mais famosa do local, e teve aulas de violão com Aluísio Dias e Alfredo Português, padrasto de Nelson Sargento. No ano de 1947 ele já desfrutava de certa imponência no meio do samba por conta de gravações recentes que obtiveram alta cota no gosto popular. Nesse mesmo ano, lançou outra delas, que versava sobre os infortúnios de um sujeito que atribuía isso ao fato de ter “pisado num despacho”. Geraldo falava na música sobre a gafieira, um dos ritmos que o ajudaram a inventar o “samba de teleco-teco.” A música foi lançada por Ciro Monteiro e recebeu regravações de Roberto Silva, Jackson do Pandeiro e Zeca Pagodinho.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfb1U4UDOD4A-XgeCHKhWhhGkrdbr-9su7VbzoegCkVXi2fxOF_s7YNRaiGfGPi2rP8G5A6njlWkKIBpMe3OyAeyH50aYgHdO_U55ZDNX1oA1It_JSJAoAEZH5ASB3ywaFeqvjJCDwwt4/s1600/Geraldo+Pereira+-+Evoca%25C3%25A7%25C3%25A3o+V+%25281980%2529.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 201px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfb1U4UDOD4A-XgeCHKhWhhGkrdbr-9su7VbzoegCkVXi2fxOF_s7YNRaiGfGPi2rP8G5A6njlWkKIBpMe3OyAeyH50aYgHdO_U55ZDNX1oA1It_JSJAoAEZH5ASB3ywaFeqvjJCDwwt4/s320/Geraldo+Pereira+-+Evoca%25C3%25A7%25C3%25A3o+V+%25281980%2529.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5600407516682586242" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Chegou a bonitona </span><br /><br />Dizem que era difícil fisgar o coração de Geraldo Pereira, embora e por isso mesmo fosse ávido amante de mulheres, mas não se contentava com uma só. Coube a Isabel Mendes da Silva a proeza de capturar o coração do sambista, para quem compôs diversos sambas, mas também dedicou brigas e complicações típicas de seu estilo de vida. Apreciador, esse sim, inveterado da bebida, com predileção pelo conhaque de alcatrão, cachaça e cerveja, não podia ver passar uma bonitona que seus olhinhos já meio bêbados brilhavam de alegria. Talvez tenha sido essa uma das inspirações para ele compor junto com José Batista, “Chegou a bonitona”, gravada em 1948 com enorme sucesso por Blecaute, depois de dada a Ciro Monteiro e retirada pela demora da gravação, o que gerou briga entre o cantor e compositor que resultou em quebra de relação por seis anos. Na posteridade, sua divulgação ficou a cargo da voz cadente de Luiz Melodia. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjE6N-ZlCsDyzWBRKtdvEr6vNC4aUUKEZPbGULi7cPDhknqvoaUzPNqHy5Pgv0E8aXUA42FV7LM-t76SehTFt-8sWCZTiRoHOXDQUxaPHv1eDVdaqEFtvbmTylTur2gNhqpH0-4hlRFJVI/s1600/gp2.gif"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 216px; height: 288px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjE6N-ZlCsDyzWBRKtdvEr6vNC4aUUKEZPbGULi7cPDhknqvoaUzPNqHy5Pgv0E8aXUA42FV7LM-t76SehTFt-8sWCZTiRoHOXDQUxaPHv1eDVdaqEFtvbmTylTur2gNhqpH0-4hlRFJVI/s320/gp2.gif" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5600407742789271410" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Pedro do Pedregulho <br /></span><br />Embora muito conhecido pelas confusões que propagou ao longo da vida, geradas na maioria por conta de bebida e mulheres, Geraldo Pereira era esforçado divulgador de seu trabalho e também de outros artistas, o que lhe garantiu parcerias com Moreira da Silva (“Na subida do morro”) e Wilson Batista (“Acertei no Milhar”). Na música “Pedro do Pedregulho, o sambista retrata com sensibilidade uma realidade que poderia muito bem ser a sua, tivesse ele dado chance para a calmaria. Mas a poesia impetuosa de Geraldo não permitiu que ele fizesse concessões desse tipo. Ele mesmo lançou como cantor o samba, em 1950.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Ministério da Economia </span><br /><br />“Ministério da Economia” era supostamente uma música para fazer afagos em Getúlio Vargas, então presidente do Brasil. Mas o samba não ficou datado justamente pelo caráter irônico que se pode atribuir a ele, ao se constatar o protagonista esbanjando o fato de não precisar “comer mais gato”. A música em parceria com Arnaldo Passos foi novamente lançada pelo próprio Geraldo Pereira, e recebeu regravação do portelense Monarco.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW6E8UOaPrbfRSsXtz_QrQNRg2WpYKNU1uypYki2yHGgcTzabNe5xyo4YJrjShJCIGJKahJwv5ySXprZQpuzsuTLp6C95pWbVUi78R8kydC39HTrEnob1KhQv7Q20yx8kl9UL-pI6eVl8/s1600/mpbgepe.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 313px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW6E8UOaPrbfRSsXtz_QrQNRg2WpYKNU1uypYki2yHGgcTzabNe5xyo4YJrjShJCIGJKahJwv5ySXprZQpuzsuTLp6C95pWbVUi78R8kydC39HTrEnob1KhQv7Q20yx8kl9UL-pI6eVl8/s320/mpbgepe.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5600409451388932722" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Escurinha </span><br /><br />Geraldo Pereira criou em 1952 uma interessante personagem do cancioneiro brasileiro. Ele próprio já tinha experiência nessa área ao trabalhar como ator numa peça de teatro que escreveu e dirigiu, e ao aparecer em filmes interpretando a si mesmo, como no “Brasil na batucada”, de Luiz Barros, em que proclamava: “Não acabou a Praça Onze não!”, por idéia de Herivelto Martins. Essa habilidade, portanto, de observar personalidades típicas do morro, já havia sido demonstrada por ele diversas vezes, mas nunca com tanta desenvoltura quanto no samba “Escurinha”, em parceria com Arnaldo Passos. Na história, Geraldo desenvolve o embate entre o malandro apaixonado e a donzela requisitada: “Escurinha tu tem que ser minha de qualquer maneira, te dou meu boteco, te dou meu barraco, que eu tenho no morro de Mangueira, comigo não há embaraço”. O cantor fez questão de lançar a preciosidade, mais tarde revigorada por Cartola, João Nogueira, Jorge Veiga, Zizi Possi, e outros.<br /><br /><span style="font-weight:bold;">Cabritada malsucedida</span><br /><br />Geraldo Pereira teve trajetória errática, não sabendo ao certo qual caminho lhe pertencia até descobrir o samba. Além disso, nunca largou certos vícios que acalentavam suas composições. Nascido em Juiz de Fora, no interior de Minas Gerais, tinha por incerto o nome do pai, embora a mãe Clementina Maria Thedoro lhe afirmasse ser Sebastião Maria, seu segundo marido, com quem teve mais dois filhos além de Geraldo. Os outros eram filhos de Antônio Manuel de Araújo. Apesar dos pesares, pode-se afirmar que Geraldo Pereira foi bem sucedido no intento de tornar-se sambista de renome, embora mais celebrizado após sua passagem por essa vida. Já em 1953, o mote para a linhagem de fino trato do compositor era uma fatídica “Cabritada malsucedida”, em que ele embalava as enrascadas pelas quais passaram os convidados da festa que acabou em caso de polícia. Lançada por ele mesmo, ganhou regravações de Miúcha e Luiz Melodia. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqxnvuQKjTIOpZOCmp7KkBXsodViTIElR6dGKVsAVTTGaTeoKPgiJTBore7lDheMmYkUt9nUT8nYduDLFr3RYtp6MGnLZtiQ3ETtYTWH-Ixh6mnXRlQCzL_GuCQvA0vd41YaVXvqYGW14/s1600/geraldo+pereira.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 307px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqxnvuQKjTIOpZOCmp7KkBXsodViTIElR6dGKVsAVTTGaTeoKPgiJTBore7lDheMmYkUt9nUT8nYduDLFr3RYtp6MGnLZtiQ3ETtYTWH-Ixh6mnXRlQCzL_GuCQvA0vd41YaVXvqYGW14/s320/geraldo+pereira.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5600408245973036690" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Escurinho</span><br /><br />A última música de Geraldo Pereira, lançada em 1955, na voz do “padrinho” – assim ele o chamava – Ciro Monteiro, representa em síntese o universo primordial do compositor, com a batida descompassada e a princípio mal entendida que ele confraternizou com o samba e a bossa nova. Naquele ano, rezaria a lenda propagada, entre outros, pelo próprio autor do ato, ele seria abatido pelo capoeirista pernambucano João Francisco dos Santos, depois de provocar repetidas vezes o Madame Satã, aos 37 anos. No entanto, há quem discorde dessa afirmação, e diga que a causa da morte foram os problemas intestinais que Geraldo sempre carregou, agravados pela bebida e pelo soco. Sobre isso, não há pareceres definitivos nem que estabeleçam o fim de todas as dúvidas, mas o legado de Geraldo Pereira, esse sim, é inquestionável, basta uma ouvida de canto de orelha em “Escurinho” - companheiro da “Escurinha” também criada por ele - gravado com maestria por Roberto Silva, somente para uma pequena idéia do que se costuma falar a respeito do inventivo compositor, tanto desordeiro quanto talentoso. <br /><br /><span style="font-style:italic;">"Um compositor tem que saber música, não ser que nem eu, que não sei de nada. Eu faço porque tá dentro de mim." Geraldo Pereira</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfQGn8x5C-VWbfEjiNWpTuS2YUhhqK4QJBfYlBWgBMJbLhUuvojJpXg9DLTTyNMlznY5gRYV2FlsUVdfbyOLaqbI9bcGjuKhZSAwQUy6WF9HA4IPOyn_VSG_pr9xgnGwrToD0uXcRhZR0/s1600/img.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 318px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfQGn8x5C-VWbfEjiNWpTuS2YUhhqK4QJBfYlBWgBMJbLhUuvojJpXg9DLTTyNMlznY5gRYV2FlsUVdfbyOLaqbI9bcGjuKhZSAwQUy6WF9HA4IPOyn_VSG_pr9xgnGwrToD0uXcRhZR0/s320/img.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5600408610354692434" /></a><br /><br />Raphael Vidigal Aroeira<br /><br />Lido na Rádio Itatiaia dia 01/05/2011.Raphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-2263752058203142382011-05-01T04:00:00.001-07:002011-05-01T12:11:22.605-07:00Música semente: Sopro da vida<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_dzMGMc58IPXinmYrfW1sK2L6N-vHFjv4OUATKiaZZ0TdjL-yibVDd5BNM86QyYTesIBrU3Ifik22B_KnmbHT5-3YhLC-Zdh3cwL3aVrhDKrznLXYwOmO3Z9nKOkMJo44plihca-zNrU/s1600/Pixinguinha_3_jpg1.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 242px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_dzMGMc58IPXinmYrfW1sK2L6N-vHFjv4OUATKiaZZ0TdjL-yibVDd5BNM86QyYTesIBrU3Ifik22B_KnmbHT5-3YhLC-Zdh3cwL3aVrhDKrznLXYwOmO3Z9nKOkMJo44plihca-zNrU/s320/Pixinguinha_3_jpg1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5599362129256187186" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=cf1dc8f" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object> <br /><br />A doença aliada à origem africana da avó rendeu-lhe o apelido inusitado. As baixarias ouvidas em casa pelo choro do pai e dos amigos deram a ele uma flauta mágica. O ouvido desaforado fez com que se transformasse em maestro, inepto e aclamado: Villa-Lobos, Ernesto Nazareth, Jacob do Bandolim, todos foram unânimes em aplaudi-lo. As vaias vieram quando excursionou com os Oito Batutas para ver o mundo. E se tornou um brasileiríssimo arranjador influenciado pelo jazz americano e os ritmos africanos. As dificuldades financeiras, a bebida e o fumo, o presentearam com um sax. E todas essas rasteiras terrenas ajudaram a compor o gênio que transcendeu as barreiras do tempo: Carinhoso, Lamentos, Um a Zero, Rosa. Pixinguinha, música semente. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjn5jtzM2TOcOTDJ9UE_IzKkzqYyl6rO2iKlVj8zmAbeu3UlSWogYwVZ8CML4vu0IzbV7CKaKg2lE5jPHsMPUkFBpHmO2zGFudqTjDTXbQ7-UpnNa44qGpwOdvDEBdHMSmJMkocw5F7yro/s1600/pixinguinha2.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 263px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjn5jtzM2TOcOTDJ9UE_IzKkzqYyl6rO2iKlVj8zmAbeu3UlSWogYwVZ8CML4vu0IzbV7CKaKg2lE5jPHsMPUkFBpHmO2zGFudqTjDTXbQ7-UpnNa44qGpwOdvDEBdHMSmJMkocw5F7yro/s320/pixinguinha2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5599362356594333074" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Rosa</span> <br /><br />Sorte para a música brasileira que o garoto Alfredo da Rocha não obedecia aos pais quando era mandado para a cama. Foi assim, ouvindo escondido a festa do choro em sua residência que ele obteve inspiração para compor “Lata de leite”, aos 12 anos, em homenagem aos músicos que chegavam bêbados pela manhã e bebiam o leite de outros nas portas das casas. Pouco depois, aos 17, o menino deu prova da importância que viria a ter no cenário musical, ao compor “Rosa”, uma valsa de 1917 que ganhou versos de Otávio de Souza, “um mecânico muito inteligente que morreu novo”, segundo o próprio Pixinguinha. A gravação antológica realizada em 1937 por Orlando Silva realça o tom de encantamento com o inatingível da melodia e todo o romantismo da letra.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4DfK-HTcHtSE-5vuxxkcvfmNJiJnXYfLiU8ABM5tQokrHmElTuCKM9-qtC9S12RErir1kkWBW8Znjw4r-Y4bUZGWnPwzMcObfGohzIo9AX-sVQ2mtIT52MP2ockAGtCZK9zdbrh4wT6M/s1600/images.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 168px; height: 267px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4DfK-HTcHtSE-5vuxxkcvfmNJiJnXYfLiU8ABM5tQokrHmElTuCKM9-qtC9S12RErir1kkWBW8Znjw4r-Y4bUZGWnPwzMcObfGohzIo9AX-sVQ2mtIT52MP2ockAGtCZK9zdbrh4wT6M/s320/images.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5599362846485675170" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Sofres porque queres </span><br /><br />Pixinguinha era o caçula de uma família de 14 irmãos, incluindo os dois casamentos de sua mãe. O pai tocava flauta nas horas vagas e incentivou o “menino bom” quando viu sua afinidade com o instrumento. Primeiro ele tocou cavaquinho, depois foi ter aulas de sopro com Irineu de Almeida. Com 13 anos, já estava em disco. Suas primeiras gravações autorais aconteceram em 1917, com “Rosa” e “Sofres porque queres”, um tango em parceria com Benedito Lacerda gravado por Isaurinha Garcia em 1949. Um choro sofrido e esperançoso. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiotfkyklemFib8KPH5qxdPNg7emec_7QRHpeTDcILcv0mwg0iGJyajERzM2oD2_VmlANdXIE_W7QTLjrDLbsXmYVdkcMTngA0y2EX4QawGEzzxcNrLX4m1jAp4IU6I-Kop4wezkIa4a4w/s1600/pixinga_ok.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 218px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiotfkyklemFib8KPH5qxdPNg7emec_7QRHpeTDcILcv0mwg0iGJyajERzM2oD2_VmlANdXIE_W7QTLjrDLbsXmYVdkcMTngA0y2EX4QawGEzzxcNrLX4m1jAp4IU6I-Kop4wezkIa4a4w/s320/pixinga_ok.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5599363087131681378" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Os Oito batutas </span><br /><br />Pinzindim, como era chamado pela família, demonstrava toda a habilidade na flauta ao incorporar improvisos que o fariam famoso em todas as rodas de choro. Em 1919, ele alcançou seu primeiro sucesso em larga escala, com o samba de carnaval “Já te digo”, parceria com o irmão China, uma atrevida resposta ao compositor Sinhô, que reivindicava a co-autoria de “Pelo telefone”, considerado o primeiro samba brasileiro e registrado somente por Donga. Nesse mesmo ano, Pixinguinha compôs com Benedito Lacerda um tango que mais tinha cara de maxixe, “Os oito batutas”, nome do célebre conjunto formado por ele ao lado de Donga, China, Nelson Alves, Raul e Jacob Palmieri, Luís de Oliveira e José Alves de Lima. Os caminhos dos batutas foram marcados por preconceito e pelo rompimento de barreiras tanto territoriais como conceituais. Tocaram na França, Argentina e em casas de música erudita, atestando em todos os âmbitos a exemplar competência do grupo. A música retrata mesmo uma trajetória ascendente e entusiasmada. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgym6fBkyfOjbwe0CHeEnKJmLuGNhaYJRIRMJWzjfQH4vBAEnqgAZMj3K9AlSPpmJkuTpyE7ns3ScoxsE-gDq_XOWyY-bAG210zNRKCYwEYDPvG_Scy3oK7-oggb4ucS4uWBqhSAxVPEyo/s1600/vina-+Vin%25C3%25ADcius+c.Pixinguinha-1963.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 271px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgym6fBkyfOjbwe0CHeEnKJmLuGNhaYJRIRMJWzjfQH4vBAEnqgAZMj3K9AlSPpmJkuTpyE7ns3ScoxsE-gDq_XOWyY-bAG210zNRKCYwEYDPvG_Scy3oK7-oggb4ucS4uWBqhSAxVPEyo/s320/vina-+Vin%25C3%25ADcius+c.Pixinguinha-1963.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5599363397842631074" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Lamento </span><br /><br /><span style="font-style:italic;">"Se você tem 15 volumes para falar de toda a música popular brasileira, fique certo de que é pouco. Mas se dispõe apenas do espaço de uma palavra, nem tudo está perdido; escreva depressa: Pixinguinha.”</span> Foram as palavras eternizadas de Ary Vasconcelos. Vinicius de Moraes concordava, e declamou emocionado: <span style="font-style:italic;">“A bênção Pixinguinha, tu que choraste na flauta todas as minhas mágoas de amor”.</span> A admiração pelo instrumentista, fez com que o poetinha pusesse versos milimétricos na refinada composição do maestro de 1928, “Lamento”. A bênção definitiva de Vinicius ocorreu em 1963, quando os dois atuaram juntos na trilha sonora do filme “Sol sobre a lama” de Alex Viany. Elizeth Cardoso interpretou com Jacob do Bandolim e o conjunto Época de Ouro as pequeninas esferas brilhantes da canção. As “coisinhas simples” de Pixinguinha. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0Sl0BCYbHxMgNgwfEJS1-jQQg6FDtRrDz0gKdk0b8NytU3aVOGSDBexelbmj0lmghJjRuf8JknjDpYAROt55ByHE0ARoff4KgWqO-G_a3MbU_p6vc65AbFRGVM2NFMddrpXwgGhrIrhI/s1600/jobim+pixinguinha+j+bahiana+e+chico.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0Sl0BCYbHxMgNgwfEJS1-jQQg6FDtRrDz0gKdk0b8NytU3aVOGSDBexelbmj0lmghJjRuf8JknjDpYAROt55ByHE0ARoff4KgWqO-G_a3MbU_p6vc65AbFRGVM2NFMddrpXwgGhrIrhI/s320/jobim+pixinguinha+j+bahiana+e+chico.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5599363572896166274" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Naquele tempo</span> <br /><br />A excursão de Pixinguinha com os Oito Batutas pela França era para ter durado um mês, mas acabou se estendendo por seis. Na volta, eles foram acusados de terem se rendidos aos cânones da música americana, especialmente o jazz. Foi nesse tempo que a gravadora Victor contratou Pixinguinha para ser seu maestro e arranjador. O já considerado instrumentista demonstrou toda sua gama de influências ao inovar as matizes do arranjo brasileiro e dar a ele uma roupagem nova, com elementos do jazz, da música africana, européia e generosas doses de percussão que garantiam o tempero nacional. “Naquele tempo”, choro de 1934, gravado na época ao bandolim por Luperce Miranda, rememora tempos áureos sem perder de vista a continuidade. É a nostalgia de olho no futuro. O estrangeiro que auxilia no interior. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEityGFaLQg9u2c5SfJVsuahXPCXh3rMT0x8uLD1ha8sFZF-fOn89ZFC6KRsNOWAx7ZgPteuUocgKE_TIc_fyHnRmesAVdke08fwbU1ZtVAJb8gfgqhanIApPhFcmeJ1HdvHZ0E7xauEAR4/s1600/pixinguinha+%2526+armstrong.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 261px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEityGFaLQg9u2c5SfJVsuahXPCXh3rMT0x8uLD1ha8sFZF-fOn89ZFC6KRsNOWAx7ZgPteuUocgKE_TIc_fyHnRmesAVdke08fwbU1ZtVAJb8gfgqhanIApPhFcmeJ1HdvHZ0E7xauEAR4/s320/pixinguinha+%2526+armstrong.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5599364029908364946" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Carinhoso </span><br /><br />Pixinguinha foi regente de várias orquestras, entre elas a Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, os Oito Batutas e a Diabos do Céu. Suas inovações melódicas provocaram certa celeuma nos meios de imprensa, que não entendiam sua sofisticação. Ao escrever um choro em duas partes, e não em três, como era costume, o próprio compositor sabia que seria alvo de reclamações. Por isso mesmo, “Carinhoso” demorou 20 anos para tomar forma definitiva e alcançar sucesso irrevogável. O que só aconteceu quando João de Barro, o Braguinha, adentrou a ourivesaria de Pixinguinha e lapidou com versos a refinada harmonia. Desde a gravação de Orlando Silva em 1937, por recusa de Francisco Alves e quebra de compromisso de Carlos Galhardo, a música se tornou um dos maiores emblemas do cancioneiro brasileiro, com mais de 200 regravações, quebrando o preconceito com a dedicada delicadeza de Pixinguinha.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW4u_x8hqh70KyXVzS8IBfa8usdlMUvtmlshb7Cz16oRE87i_yLFV9OK-Vq_WZ-xltNPyh-44X1WqdB2nz4_3Z6q-o2mCRP9NBNTVO_hs6VOGgxCWQ3j3DOAtJsYS-kFEI-oY5Rzbt8pA/s1600/pixinguinha_div_institutomoreirasalles.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 292px; height: 280px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW4u_x8hqh70KyXVzS8IBfa8usdlMUvtmlshb7Cz16oRE87i_yLFV9OK-Vq_WZ-xltNPyh-44X1WqdB2nz4_3Z6q-o2mCRP9NBNTVO_hs6VOGgxCWQ3j3DOAtJsYS-kFEI-oY5Rzbt8pA/s320/pixinguinha_div_institutomoreirasalles.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5599364431328272962" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Um a zero </span><br /><br />Também chamado de “Carne Assada” pelos íntimos, Pixinguinha era bom de copo e comida, e gravou seu nome em ouro na mesa do Bar Gouveia. Assim também, a rua Belarmino Barreto, onde morava, passou a se chamar Pixinguinha, por um projeto do vereador Odilon Braga, sancionado pelo prefeito Negrão de Lima, em 1956. Todo esse reconhecimento não foi suficiente para que ele tivesse uma saúde financeira estável. Por conta disso e do alto consumo de bebidas alcoólicas, trocou a flauta pelo saxofone, e passou a brindar com sensacionais contrapontos os solos de Benedito Lacerda. A dupla gravou inúmeros choros, entre eles “Um a zero”, composto em 1919 para celebrar a conquista da Seleção Brasileira sobre o Uruguai no campeonato sul-americano de futebol. A música ganhou letra de Nelson Ângelo, violonista do Clube da Esquina, e é mais um show de bola que Pixinguinha dá com suas ousadas inversões.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3hf3RRnL8p2VYZFwrF3KEHlT6MoBMAGmhVBDTfQW-KjegcgnDL-sYwUwLV5mWjjNmTLqx8XMNyQ65XIxhaN_xHMR88tUASNxTLwkBCDApYyvCTUTl3v1QHdXLCreBpjaQg33l-iwWiL4/s1600/imagens-de-pixinguinha.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 273px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3hf3RRnL8p2VYZFwrF3KEHlT6MoBMAGmhVBDTfQW-KjegcgnDL-sYwUwLV5mWjjNmTLqx8XMNyQ65XIxhaN_xHMR88tUASNxTLwkBCDApYyvCTUTl3v1QHdXLCreBpjaQg33l-iwWiL4/s320/imagens-de-pixinguinha.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5599364623512270594" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Ingênuo </span><br /><br />O radialista, cantor e compositor Almirante foi quem convidou Pixinguinha e Benedito Lacerda para participarem de seu programa “O Pessoal da Velha Guarda”, que seria a base para a criação da orquestra de mesmo nome. Contando posteriormente com Donga e João da Bahiana como convidados, entre outros, a iniciativa foi levada para a Rádio Clube em 1953, e mais tarde resultou no Festival da Velha Guarda, com transmissão para a rádio e a TV Record, em 1954. “Ingênuo”, choro de 1946, composto um ano antes do convite para a atração, tem ritmo dolente e sereno que comprova a versatilidade de um dos mestres da canção brasileira. Mais tarde, ganhou letra do talentoso Paulo César Pinheiro.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdEZ4cAuHzlI2WTwtftMzb506ktJM-RLR8DXUSwYUf6zq7SC7enpbdTqO-ltPTwta-7y55vRydpEKTOvmedx_RSDchkRt5xC9MxwgLVdZ_teKZUKhCQ0ffWgyiXuncmmESwNtPQJ6TkIY/s1600/pixinguinha.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 270px; height: 267px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdEZ4cAuHzlI2WTwtftMzb506ktJM-RLR8DXUSwYUf6zq7SC7enpbdTqO-ltPTwta-7y55vRydpEKTOvmedx_RSDchkRt5xC9MxwgLVdZ_teKZUKhCQ0ffWgyiXuncmmESwNtPQJ6TkIY/s320/pixinguinha.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5599364889974984898" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Vou vivendo</span><br /><br />No ano de 1955, Pixinguinha chegou ao LP através dos discos “A Velha Guarda” e “Carnaval da Velha Guarda”, com a participação de seus músicos e Almirante. Era a estréia do renomado compositor, instrumentista, maestro e arranjador no novo formato. Dois anos depois, seria convidado pelo então presidente Juscelino Kubitschek a almoçar com o trompetista norte-americano Louis Armstrong no Palácio do Catete. Em 1946, ele havia composto com Benedito Lacerda um inspirado choro nomeado “Vou vivendo”. De forma simples e prodigiosa, expunha as belezas e cicatrizes de uma vida plena, em que gozou de fama e atravessou espinhos, mantendo inalterada a humilde sabedoria.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6G9psq3wD_uyJ5jrycSVDDLI005jUjIfb-AoS6aguPRgBsYOy5POC0ZTtgWsZ9LuXUyynayUIxF9Y3hq_VwkSDhb0rzCU0dFWP4XX_rm6c1s2pTyOp5r3EhdJ_Xl1TLP-EB-0SYbtPRk/s1600/PixinguinhaeLouisArmstrng.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 188px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6G9psq3wD_uyJ5jrycSVDDLI005jUjIfb-AoS6aguPRgBsYOy5POC0ZTtgWsZ9LuXUyynayUIxF9Y3hq_VwkSDhb0rzCU0dFWP4XX_rm6c1s2pTyOp5r3EhdJ_Xl1TLP-EB-0SYbtPRk/s320/PixinguinhaeLouisArmstrng.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5599365143080774498" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Fala baixinho</span> <br /><br />Sobre suas músicas, Pixinguinha dizia: “Elas vêm, só isso”. Assim ele veio e soprou a vida, e se foi no mesmo sopro de flauta e saxofone, menos de um ano depois de sua amada companheira Betty, numa cerimônia de batizado. Ainda viva, Betty não sabia que Pixinguinha estava internado no mesmo hospital que ela, e ia lhe visitar de terno e buquê de flores na mão como se viesse de casa. Antes de morrer o músico ainda teve tempo de receber homenagens no Teatro Jovem, Museu da Imagem e do Som, Teatro Municipal e Assembléia Legislativa, com as presenças de Clementina de Jesus, João da Bahiana, e outros. A última música foi para Eduardo, segundo neto, filho de seu único descendente, Alfredinho, que ele chamou de “Eduardinho no choro”. Em 1964, Hermínio Bello de Carvalho letrou um bonito choro do compositor, gravado belamente por Maria Bethânia em 1999, com uma determinação implícita: Quando lembrar Pixinguinha, “Fala baixinho”, que o coração ouve. <br /><br /><span style="font-style:italic;">"A bênção Pixinguinha, tu que choraste na flauta todas as minhas mágoas de amor" Vinicius de Moraes</span><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1FrS4BSRv6kQBHnQiXAaW0Qb1i6W8uYqWq07MP6fSZOukfaQtPj8UeSb0uLOo59SrdYHDUkD5DunrgfvWbU0ivrgYXXsSHtYra17aiOhrrZeq4tpRAQp8D-K80xL3-e1ZNGv5cEMZbXI/s1600/Pixinguinha+-+Verso.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 229px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1FrS4BSRv6kQBHnQiXAaW0Qb1i6W8uYqWq07MP6fSZOukfaQtPj8UeSb0uLOo59SrdYHDUkD5DunrgfvWbU0ivrgYXXsSHtYra17aiOhrrZeq4tpRAQp8D-K80xL3-e1ZNGv5cEMZbXI/s320/Pixinguinha+-+Verso.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5599365485699753666" /></a><br /><br />Raphael Vidigal AroeiraRaphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-62777735474930830222011-04-15T10:39:00.000-07:002011-04-15T10:57:32.077-07:00O Rei & o fora da lei<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihyphenhyphen3cxUojG-uxzkg_mjSgl27w5KXQNdLDqL17eQr0YHlsI23oEZffNT5VCByIQPcOprjhfvI9SmbtaZtYsawjfUh1pQ_nE5TzInT1PUL4QCOufDhYdwOvn446v5roec6tevJbBtKuC8W4i/s1600/roberto-carlos-2009-show-turne-300x281.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 281px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihyphenhyphen3cxUojG-uxzkg_mjSgl27w5KXQNdLDqL17eQr0YHlsI23oEZffNT5VCByIQPcOprjhfvI9SmbtaZtYsawjfUh1pQ_nE5TzInT1PUL4QCOufDhYdwOvn446v5roec6tevJbBtKuC8W4i/s320/roberto-carlos-2009-show-turne-300x281.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5595867284443502914" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEii2MtCnpfzhUBQcm8aqbJgOicx1_uOeXDPXQDAtQSnceTuslNmGNW0PtiTR6Lh-2HVOG73J2TUUmPJ9gH1wEOzyQex_UXveeSsvrJig8WoKptr6YuUsa0rwXToQd57wxJFYitDMCv8Cchu/s1600/20090512152833789.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 174px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEii2MtCnpfzhUBQcm8aqbJgOicx1_uOeXDPXQDAtQSnceTuslNmGNW0PtiTR6Lh-2HVOG73J2TUUmPJ9gH1wEOzyQex_UXveeSsvrJig8WoKptr6YuUsa0rwXToQd57wxJFYitDMCv8Cchu/s320/20090512152833789.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5595867400544316738" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=6cba44c" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object> <br />As águas de Itapemirim deram ao mundo um Rei e um fora da lei. Um médico e um monstro. Cachoeiro, no masculino, maturou a seleção natural entre aquele que seria quase unânime em agasalhar corações maternos e o que exacerbava feminilidade na postura prática. Pernas cruzadas, cabelos longos e negros como lágrimas ou labirintos, boca embicada à espera de um batom corrosivo vermelho que pintava seu nome nos encartes dos discos: Sérgio Sampaio. O outro prescinde apresentação, Roberto Carlos.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdx316_5MBbP7kD1SaLTcleQX-WGbK-1wCbn0blmsZX_o7r360SUk5kehGoOfEgrD3pyqKPP3q7dNYHrPzE6hcwTsnzxy9dzsTvomL6lv5Tfp6hduEYnFBWwfmDOoYpBYAYvzZjVnACm4z/s1600/08340116.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 213px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdx316_5MBbP7kD1SaLTcleQX-WGbK-1wCbn0blmsZX_o7r360SUk5kehGoOfEgrD3pyqKPP3q7dNYHrPzE6hcwTsnzxy9dzsTvomL6lv5Tfp6hduEYnFBWwfmDOoYpBYAYvzZjVnACm4z/s320/08340116.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5595867749902504706" /></a><br /><br />Sob a égide do Espírito Santo, ambos nasceram regidos por Marte, o elemento fogo e o signo de Áries, nas datas de abril cujo simbólico animal é o carneiro. Mas o misticismo esteve longe de enclausurá-los, embora presente, e se fizeram lobo em pele de variados gêneros. O rock foi a matiz inicial. Enquanto Roberto empunhou sua guitarra italiana, carros explosivos e mil e uma namoradas, Sérgio foi pela trilha provocadora a que um amigo baiano o apresentou, com sessões das dez num cinema espinafrado. Raul Seixas conduziu Sampaio. O irmão de sobrenome, Erasmo, foi o grande comparsa do amigo Carlos. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-yqhduCv_zxUDD7Kgx2whjl9ESBbeLBrvc4Gt1gJ0Cx7gyRigXRpUIyxEiExc-SWk9Tov-anXYj3Bdax45W5-ahGAEWeza9iAL4GqoWPXxgFsaSd1CuQPzgSYygpuWo7SkcDGzEHkGJ4g/s1600/kavernistas11.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 316px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-yqhduCv_zxUDD7Kgx2whjl9ESBbeLBrvc4Gt1gJ0Cx7gyRigXRpUIyxEiExc-SWk9Tov-anXYj3Bdax45W5-ahGAEWeza9iAL4GqoWPXxgFsaSd1CuQPzgSYygpuWo7SkcDGzEHkGJ4g/s320/kavernistas11.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5595867962332536930" /></a> <br /><br />Sérgio caminhou deslocado. O assombro a que persegue o monstro e avilta a própria integridade crava marcas de lucidez plebéia no rosto irônico e fundo. A poesia intrincada e cáustica de vidros mastigados (Kafka e Augusto dos Anjos; homenagem louca a Torquato Neto) expele sangue limão, misturando o extremo coloquial palpável à sórdida opacidade. A musicalidade de violão inquieto e agudo preserva os estouros do fox, a morosidade dolente de uma harmonia retalhada por raízes perenes, a espontaneidade do samba patriarcal e a gravidade do samba-canção, a quem deve os louros para Orlando Silva, Sílvio Caldas e Nelson Gonçalves.<br /><br />Roberto caminhou ao centro. As luzes medicinais acompanham os trejeitos de galã do Rei que sabe impressionar, conquistar e cortejar seu povo. Com um sorriso esperto que mais tarde se dará maduro, poesia dita no pé do ouvido e sofisticação de arranjos. É o médico que amacia as dificuldades e apresenta a cura para os problemas ocasionais e preocupantes. Para tudo há uma dose de sua canção. Ele está no comando aclamado. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6tlVcLdR5RcvKwpmxrVB5FugPUKfuZC_leCs3u4Xd9ZPYwzmtiXyzxgnfbBsa8yrWSKF4L2HqQeH773lP8NTLrFk1kd5zwvvvy2uQvp-XklotNlik5eY_3i7CNnXZAVdkF0AvBspOkQba/s1600/erasmo-e-roberto.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 292px; height: 280px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6tlVcLdR5RcvKwpmxrVB5FugPUKfuZC_leCs3u4Xd9ZPYwzmtiXyzxgnfbBsa8yrWSKF4L2HqQeH773lP8NTLrFk1kd5zwvvvy2uQvp-XklotNlik5eY_3i7CNnXZAVdkF0AvBspOkQba/s320/erasmo-e-roberto.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5595868195352601426" /></a><br /><br />O desajeito existencial do monstro é asfaltado pela colocação pertinente do médico. O Rei dá as respostas. O fora da lei pergunta. A pergunta é incômoda e a resposta, em geral, conforta. Um cristaliza; o outro, turva. Sérgio era fã de Roberto Carlos. A criatura que busca abalar as estruturas do criador, impassível em sua afirmação. E o homem que busca ferir Deus, referência explícita a quem reverencia no questionamento. <span style="font-style:italic;">“O Caetano rebolava e fazia de tudo pra chocar João Gilberto, então é isso, a gente tem que chocar os ídolos da gente.” Cazuza</span> <br /><br />E por essa linha, Sérgio se embicou (tal qual um Garrincha habilidoso) por esses cantos da vida e lá ficou. Pagou preço caro enquanto Roberto permaneceu eterno, jovial e gratuito. O médico e criador para quem a criatura dedicou um velho blues pedindo para cantar sua música, pois não sabia fazer romances (“E até o nosso calhambeque não te reconhece mais, eu trouxe um novo blues com um cheiro de uns dez anos atrás, e penso ouvir você cantar”). Um monstro de aparência feia, desidratado e infiel, que se orgulha de ser mentiroso, e que arrastou sua garganta cortada nas calçadas sujas de um mundo independente, inesperado e inóspito. Um mundo próprio alheio a determinadas leis de Estado que o Rei promulgou, com sua voz cirúrgica capaz de emocionar os corações menos abaláveis e empolgar os nervos mais sóbrios.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRiOCd5DqTAyRQhKumcT6KQFVhKFu5osMpK3AAPOmuFM8fD30MCxk1jWYQPh18thK6Ewlj6tXjUDWJbWjfYEaYVLFOt9cbOC4Jw4Sdhg5c-oTbjQYxHZvSHMQnTr12sJZpzXn1DLDfYt2m/s1600/100_4232.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRiOCd5DqTAyRQhKumcT6KQFVhKFu5osMpK3AAPOmuFM8fD30MCxk1jWYQPh18thK6Ewlj6tXjUDWJbWjfYEaYVLFOt9cbOC4Jw4Sdhg5c-oTbjQYxHZvSHMQnTr12sJZpzXn1DLDfYt2m/s320/100_4232.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5595868814785392050" /></a><br /><br /><span style="font-style:italic;">“Sei como dói meu amor de poeta”</span>, agoniza a Real beleza de Sérgio Sampaio. <span style="font-style:italic;">“Se você pretende saber quem eu sou, eu posso lhe dizer”</span>. As curvas da estrada de Santos que propagaram Roberto Carlos. <span style="font-style:italic;">“Que eu estou no paradeiro dessa gente. Quem morreu? Quem teve medo? Quem ficou?”</span>, duvida Sérgio Sampaio. <span style="font-style:italic;">“Daqui pra frente, tudo vai ser diferente, você tem que aprender a ser gente, e o seu orgulho não vale nada”</span>. Garante Roberto.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjetd29vfDEG60s4w2Gohi5ehnrBwqNHeRIdXzRbSeI_Lwt7PKfsXFaN4gQ75c4sNx96leRnntuqeinpaCaghALEaBYZbjq8wdLcaHpImBioyM16T3W7T09Tiy6G82QT2N-kcPUPLp5gHc1/s1600/Roberto+Carlos+-+Roberto+Carlos+%25281981%2529.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 318px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjetd29vfDEG60s4w2Gohi5ehnrBwqNHeRIdXzRbSeI_Lwt7PKfsXFaN4gQ75c4sNx96leRnntuqeinpaCaghALEaBYZbjq8wdLcaHpImBioyM16T3W7T09Tiy6G82QT2N-kcPUPLp5gHc1/s320/Roberto+Carlos+-+Roberto+Carlos+%25281981%2529.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5595869734460242546" /></a><br /><br />Ávido por melancolia suspira Sampaio: <span style="font-style:italic;">“Eu guardo seus dias de chuva dentro de mim”</span>, relegado a um posto por inadequação, muito inédito e contemporâneo. <span style="font-style:italic;">“Não adianta, nem tentar, me esquecer...”</span> orgulha-se Roberto Carlos, e toma posse assumindo o romantismo e a Jovem Guarda, repetido e consagrado. O criador teve trajetória larga, bem planejada. A criatura esbandalhou-se perdida sempre à procura. Veio sofrida, efêmera e duradoura pela beleza que guardam os instantes de iluminação. Não se pode afirmar que se foi. Ainda habita, e lateja, mesmo assim, esporádica. O Rei recolhe flores no jardim das vaidades.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZSlcRE3VaqH4O-tNmFAXRWs50-zh6DGySa89P2KjZIcUzw4spEdop_CPI4tWG9D13v-R7g6sVOUcjnUKx-s7xu1gAS8uwOq9CtKgRFmb8L_yx7Mp9xGKJi4C3ilysbQqpQ3kfthxi06Pu/s1600/s%25C3%25A9rgio-sampaio.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 293px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZSlcRE3VaqH4O-tNmFAXRWs50-zh6DGySa89P2KjZIcUzw4spEdop_CPI4tWG9D13v-R7g6sVOUcjnUKx-s7xu1gAS8uwOq9CtKgRFmb8L_yx7Mp9xGKJi4C3ilysbQqpQ3kfthxi06Pu/s320/s%25C3%25A9rgio-sampaio.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5595869915559423602" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilZ5sKO-0LK17yHPeMrXf_ijkulV5y3Jj1BFS8lNPoHVHsHtdZdRckbuq1kYgBvpnCA6K8QX9VczNMZ9l3ssDTEtIKDSB32lNyAuydnIttsIh7V_19PHrQ9Jrh3XKp6W-w1R9DWDVcGYYj/s1600/roberto-carlos_ok.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 233px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilZ5sKO-0LK17yHPeMrXf_ijkulV5y3Jj1BFS8lNPoHVHsHtdZdRckbuq1kYgBvpnCA6K8QX9VczNMZ9l3ssDTEtIKDSB32lNyAuydnIttsIh7V_19PHrQ9Jrh3XKp6W-w1R9DWDVcGYYj/s320/roberto-carlos_ok.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5595870134987845250" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Eu quero é botar meu bloco na rua (marcha-rancho, 1972) – Sérgio Sampaio</span><br /><br /><iframe title="YouTube video player" width="480" height="390" src="http://www.youtube.com/embed/PiCteoGZf7Q" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br /><br />Com sua loucura lúcida, como disse Lygia Fagundes Telles de Caio Fernando Abreu, Sérgio Sampaio criou uma das mais emblemáticas canções de carnaval de todos os tempos. Em meio à ditadura militar que se instaurara no Brasil, o compositor capixaba, tido por muitos como maldito, dá uma aura lamentosa à festa popular mais famosa do país, ao entoar versos confessionais em tom melancólico, emendando logo na sequência o refrão esperançoso que garantiu o sucesso da canção: “Eu quero é botar meu bloco na rua, brincar, botar pra gemer...”. Além do conteúdo sexual abordado no refrão há também referências ao uso de drogas, tudo feito com muito deboche, misturando tristeza e alegria e dando seu aval definitivo à festa máxima brasileira: o carnaval. <br /><br />Raphael Vidigal AroeiraRaphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-91462588155194513522011-04-10T18:45:00.000-07:002011-04-10T18:46:17.532-07:00Malandro Astuto<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBMem-K5gucSJo4fpjSrl7RfAKwHfWNPpgdj25dfIVvx8Li2aGm2ncLSAeaMvQ4nY1uJwXvqldnCDPlwJaDoRkTKYGJ8CZwtmEw1oYWAXyTUKk1yHkg8-nJn57PRH9pUVS40d7Brz_gT0/s1600/moreira.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBMem-K5gucSJo4fpjSrl7RfAKwHfWNPpgdj25dfIVvx8Li2aGm2ncLSAeaMvQ4nY1uJwXvqldnCDPlwJaDoRkTKYGJ8CZwtmEw1oYWAXyTUKk1yHkg8-nJn57PRH9pUVS40d7Brz_gT0/s320/moreira.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5594133305933050402" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=ad30117" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object> <br /><br />Vou te contar a história de um malandro astuto<br />Que subiu o morro<br />E arrumou confusão<br />Tudo porque bateram na sua nêga<br />E ele então, foi tirar satisfação<br /><br />Esse malandro fez muito samba<br />Depois de cantar com outros bambas<br />Wilson Batista, Macalé e Miguel Gustavo<br />Cantou a ópera com Bezerra e Dicró <br /><br />“Cuidado, Moreira!” <br /><br />Mas nunca largou o linho branco<br />E o chapéu panamá na cabeça brasileira<br />Vou lhe dizer sem sugestão<br />Qual é o nome desse figurão<br /><br />Fala: “Derrepenguente as coisas acontecem e nós da Hora do Coroa, estamos aqui pra falar pra vocês: passado, futuro, presente, tudo depende.” <br /><br />Pode chamar de Moreira da Silva<br />Alguns o chamam Morengueira velho oeste<br />É o herói do cinema americano<br />É o herói da música que segue<br /><br />Cambaleando com estilo<br />Vem com pompa e circunstância <br /><br />Segura a faixa que nosso Moreira<br />Não bebe, não fuma, não perde a noite de sono <br />E não há nada que o irrite mais<br />Que um certo amigo urso não pagar a condição<br />“malandro que é malandro, não é malandro”<br />Breque!<br /><br />Chega de papo “vamo” ouvir seu carteado! <br />Etelvina! <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMdhmvlIRGxlSxvbAsYO6F-CnszhyarBTIdY3W-428gp9O0JPBg4Rrpzl9mc4dYSPDf64d9zXfkRKyT1de255ekbMXSLdpHkUTul4DBlgSm4A7P1T_kGMMXyrW6_ztdbkkYHMDG2Xey8o/s1600/Capa_Moreira_Da_Silva%255B1%255D.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 247px; height: 256px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMdhmvlIRGxlSxvbAsYO6F-CnszhyarBTIdY3W-428gp9O0JPBg4Rrpzl9mc4dYSPDf64d9zXfkRKyT1de255ekbMXSLdpHkUTul4DBlgSm4A7P1T_kGMMXyrW6_ztdbkkYHMDG2Xey8o/s320/Capa_Moreira_Da_Silva%255B1%255D.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5594133776407492818" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Arrasta a sandália</span><br /><br />Depois de se virar como motorista de táxi e auxiliar de garagem, entre outras profissões, Antônio Moreira da Silva, que perdeu o pai jovem, quando tinha 11 anos de idade, lançou seu primeiro sucesso como cantor, no ano de 1933. “Arrasta a sandália” foi um samba de carnaval de autoria de Aurélio Gomes e Baiaco que esbanjava a condição do protagonista: “arrasta a sandália, minha morena, estraga mesmo e não tenha pena...” “que eu te dou outra de veludo, enfeitada de fita, e mando vir lá da Bahia”. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Implorar</span> <br /><br />Em 1935, Moreira da Silva venceu o carnaval cantando o samba “Implorar”, de Kid Pepe, Germano Augusto e João da Silva Gaspar. Na época a autoria foi contestada por Divino, que dizia ser ele, junto com seu falecido primo Cedar Silva, diretor da escola de samba Mocidade Louca, o autor da canção. Acontece que Divino estava no leito de um hospital, e não teve muito tempo para brigar pela paternidade, que acabou sendo um belo presente para a música brasileira. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaFXvcI0fkGtwY1bZbLDY9IzVvNd4iwtxNLlKe4QGDtmE9pfHpABpBKqA-C5d80O9OKLOoHctUa540DQ7JAmW4AhzEj0brqXzhONozb9k-m99yppvoSh4BmLibT1MNYHS_0pu4gJ5omyg/s1600/3059_20090405_021605.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 268px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaFXvcI0fkGtwY1bZbLDY9IzVvNd4iwtxNLlKe4QGDtmE9pfHpABpBKqA-C5d80O9OKLOoHctUa540DQ7JAmW4AhzEj0brqXzhONozb9k-m99yppvoSh4BmLibT1MNYHS_0pu4gJ5omyg/s320/3059_20090405_021605.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5594133992906560194" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Acertei no milhar </span><br /><br />A invenção do improviso foi por mero acaso, segundo o próprio Moreira da Silva, responsável direto pela popularização do “breque”. De acordo com o que ficou na história, ele teria remendado com astuto falatório os versos de “Jogo proibido”, em 1937. E foi esse exímio talento que convenceu o radialista César Ladeira a oferecer-lhe seguinte valor para cantar na Mayrink Veiga, ao que ele respondeu: “Ora, César, não vês que eu sou o tal?!”. Como na canção de Wilson Batista e Geraldo Pereira de 1940 ele acertou no milhar e ingressou de vez nas paradas de sucesso. Só que a astronômica quantia não passou de um sonho.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEip8KiEqQVlc0p4G7N711dufvDhMdDzjqaNfy48el7A06YBaUYKuwWd-IRpNqht2y31238iYR6nH7U1Mss0ieeZ-WZGSz7MzsSIEoNe9QlFqOHCUGHXkdfF3bpcfm3z3SU14DRNj3c0upA/s1600/Moreira4.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 316px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEip8KiEqQVlc0p4G7N711dufvDhMdDzjqaNfy48el7A06YBaUYKuwWd-IRpNqht2y31238iYR6nH7U1Mss0ieeZ-WZGSz7MzsSIEoNe9QlFqOHCUGHXkdfF3bpcfm3z3SU14DRNj3c0upA/s320/Moreira4.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5594134183913949058" /></a> <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Amigo Urso </span><br /><br />Moreira da Silva viaja até o pólo Norte para cobrar de certo amigo Urso que não lhe dê o calote. O samba pitoresco de Henrique Gonçalvez foi mais um êxito da carreira de Moreira que enfim deslanchava. Após um começo trôpego como cantor de umbandas e serestas ele encontrou seu verdadeiro terreno. E a década de 40 seria fértil em acertos musicais, especialmente em 1941. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Esta noite eu tive um sonho</span><br /><br />As viagens e os sonhos de Moreira da Silva estavam expostas em suas músicas. Em tom de galhofa ele almeja partida para a Alemanha no samba “Esta noite eu tive um sonho”, em parceria com Wilson Batista de 1941. E até citação em alemão cabia na bagunça bem arrumada de Morengueira. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhft1oAF2ggjvHqUY2T11WfPmc6LtAFvHyND2Uaum3EYYEpXnJOrzrU85cFrIawY_JQjfwBYvvDxdFQmpZWeUqlvxfbXZHGzS9cw_AWKWAlFa1VGZKV3yxcxXV3KPJdZaNk9kcmWOMihxE/s1600/1-Moreira%252Bda%252BSilva%252B-%252BMalandro%252BDiferente%252B%25281961%2529-image014.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 313px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhft1oAF2ggjvHqUY2T11WfPmc6LtAFvHyND2Uaum3EYYEpXnJOrzrU85cFrIawY_JQjfwBYvvDxdFQmpZWeUqlvxfbXZHGzS9cw_AWKWAlFa1VGZKV3yxcxXV3KPJdZaNk9kcmWOMihxE/s320/1-Moreira%252Bda%252BSilva%252B-%252BMalandro%252BDiferente%252B%25281961%2529-image014.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5594134344949271714" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Na subida do morro </span><br /><br />Trocar músicas na década de 50 era algo comum, segundo o próprio Moreira da Silva. Era essa relação que ele tinha com Geraldo Pereira. Um colocava o dedo numa autoria daqui, outro dali, e assim estabeleceu-se a parceria. Uma delas foi “Na subida do morro”, samba que conta com a graça maliciosa de Moreira da Silva, as intempéries de um triângulo amoroso que se transforma em crime passional. A canção politicamente incorreta foi um dos maiores sucessos de sua carreira, lançada em 1952. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Olha o Padilha</span> <br /><br />No samba “Olha o Padilha”, Moreira da Silva brinca com a fama nada boa de um certo delegado que dizem ter realmente existido. A música foi composta em 1952 ao lado de Ferreira Gomes e Bruno Gomes, e aborda como de costume as asperezas vividas no cotidiano do morro, sempre com muito bom humor. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicuxYSp72qB3x0b70V3vUbdyi5ucjvbeC0xUhXB8fUZUGgVWFzSHJXuOHsWj9FJnOnudrphNQzjOpJrorXn9du6P6fgTlZRrU_ecloCj2IOY3r42GGuU8JEMF9iqy18C1RLe5gzBnNnFk/s1600/moreira+da+silva+-+raizes+do+samba.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 265px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicuxYSp72qB3x0b70V3vUbdyi5ucjvbeC0xUhXB8fUZUGgVWFzSHJXuOHsWj9FJnOnudrphNQzjOpJrorXn9du6P6fgTlZRrU_ecloCj2IOY3r42GGuU8JEMF9iqy18C1RLe5gzBnNnFk/s320/moreira+da+silva+-+raizes+do+samba.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5594134870926962018" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Cidade Lagoa</span> <br /><br />“Cidade Lagoa” flagra o povo do Rio de Janeiro em apuros. Tudo porque a cidade foi de novo acometida por uma enxurrada. Os versos irreverentes de Cícero Nunes e Sebastião Fonseca debocham da situação repetida e apresentam novas soluções: comprar lancha, canoa ou ser girafa! Gravada por Moreira da Silva em 1959 e regravada por Jards Macalé em 1998, a música retrata uma realidade inalterada. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">O Rei do Gatilho</span> <br /><br />Inspirado nos filmes de faroeste americano, Miguel Gustavo criou uma épica epopéia para seu personagem. Moreira da Silva vestiu a estampa de Kid Morengueira e saiu atrás de justiça. Com direito a um amigo Índio, cavalo, mocinha temerosa e citação de Hitchcock, a história bateu recorde de bilheteria na discografia do malandro herói, que ainda por cima terminava com a viúva do bandido que matou: “que até hoje ninguém sabe quem morreu, eu garanto que foi ele, ele garante que fui eu...”. Ou não! Tudo isso em 1962.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2EqLRu8OXB2zjyOJs2krTGkG0JOVNo1yetEW4OuT17rVLsnubyAqWiQ7oWBMt7Yjk_QWqWf_XDwxOw5tBoH22qHZ4l-xNjrXybdR3Q8-VKr32H2ijyRaas1ARieB08cossIitTSdDxDw/s1600/moreira+%25281%2529.JPG"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 309px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2EqLRu8OXB2zjyOJs2krTGkG0JOVNo1yetEW4OuT17rVLsnubyAqWiQ7oWBMt7Yjk_QWqWf_XDwxOw5tBoH22qHZ4l-xNjrXybdR3Q8-VKr32H2ijyRaas1ARieB08cossIitTSdDxDw/s320/moreira+%25281%2529.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5594135035922956418" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Morengueira contra 007 </span><br /><br />Miguel Gustavo teve como base inserir diversas personalidades em sambas feitos sob medida para Moreira da Silva cantar. No contexto das histórias de aventura, o humor era o grande trunfo. Essa fórmula esteve inclusive presente na música “Super-heróis”, de Raul Seixas e Paulo Coelho. A exemplo das bem sucedidas sequências cinematográficas, o herói Kid Morengueira cumpria sua missão ao final, fosse contra 007 ou qualquer outro. Mais uma vez em 1968 ele não se fez de rogado. E assim foi até o fim da vida, aos 98 anos, disposto como nunca a uma boa malandragem. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlBWkPXYr_FulnAL4CuqdswkWROSzhyphenhyphenGIUk8SA3e5pcm81Zvo1Mo2TxVIqlro0CX7bRRsY6aSnhOX1pek5a_qBSk-Hk-jlYYkYorsMMnsKVM7BcHFfHI2kq443Vly3m2PZuyjsFJbVL_4/s1600/07ane01.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 180px; height: 142px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlBWkPXYr_FulnAL4CuqdswkWROSzhyphenhyphenGIUk8SA3e5pcm81Zvo1Mo2TxVIqlro0CX7bRRsY6aSnhOX1pek5a_qBSk-Hk-jlYYkYorsMMnsKVM7BcHFfHI2kq443Vly3m2PZuyjsFJbVL_4/s320/07ane01.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5594135365335530770" /></a><br /><br />Raphael Vidigal Aroeira<br /><br />Lido na Rádio Itatiaia dia 10/04/2011.Raphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-14911332287429181812011-03-27T15:20:00.000-07:002011-03-27T15:24:41.259-07:00Samba-Rock<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaR5hPT1MmZxD7LDazCc7e6CvC3AorH7MvDDjtOdetsvsRY9t3aXsoiXJ3SWKGm0-9CT2_Gl-fnZLBSPZ1wRDC7QpQuilikPIxQ985KA3l-65LrU4gueKQUu4MwWIC5qn1rNVy7AhCh8Q/s1600/jorgebenben1972image010vl9.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaR5hPT1MmZxD7LDazCc7e6CvC3AorH7MvDDjtOdetsvsRY9t3aXsoiXJ3SWKGm0-9CT2_Gl-fnZLBSPZ1wRDC7QpQuilikPIxQ985KA3l-65LrU4gueKQUu4MwWIC5qn1rNVy7AhCh8Q/s320/jorgebenben1972image010vl9.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5588882150606616786" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=70fab06" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object><br /><br />Um balanço ritmado por cuíca e guitarra. Nos embalos de sábado à noite e nas manhãs de carnaval nasceu na periferia de São Paulo uma dança trazida ao gosto popular por Jorge Ben, garoto do Beco das Garrafas que na metade da década de 60 mostrou ao mundo seu “sacundin sacunden”. Virou samba-rock a adesão de batidas elétricas a temas acústicos e universos distintos, como a bossa de João Gilberto e o canto falado do blues, a partir de histórias simples cantadas com entusiasmo. De uma vertente criou asas a pilantragem de Carlos Imperial e Wilson Simonal. A ala soul teve liderança de Tim Maia, Cassiano, Hyldon, e mais tarde, Sandra de Sá. Completava o time, seguidores fiéis que acompanhavam o ritmo, como o Trio Mocotó (formado por Nereu Gargalo, Fritz Escovão e João Parayba), Branca di Neve e Bebeto, além de eventuais flertes com artistas de searas amplas, como os tropicalistas da banda Mutantes, que em 1968, gravaram A Minha Menina, sucesso instantâneo de autoria de Jorge Bem Jor, o pai que sem assumir a cria (jamais aceitou o termo samba-rock) viu os frutos espalharem-se na música brasileira. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk6-QSsVb2QiYRzGXp8YTiVbBu2bgS21p7FsjaV0CRKOWRQzeUYKO1RigzHyPPNIZOsAbwEnnaAVTvMvB2C1M1JcnsSxTViuUq9iqqqoL1D23Fgbsfe-JoH2uwiip3RLiXkAz7O5dNpZk/s1600/jorge-ben-jor.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 275px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjk6-QSsVb2QiYRzGXp8YTiVbBu2bgS21p7FsjaV0CRKOWRQzeUYKO1RigzHyPPNIZOsAbwEnnaAVTvMvB2C1M1JcnsSxTViuUq9iqqqoL1D23Fgbsfe-JoH2uwiip3RLiXkAz7O5dNpZk/s320/jorge-ben-jor.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5588882627119018498" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Mas, que nada</span><br /><br />“Mas, que nada”, foi lançado num compacto simples de 1963, o primeiro de Jorge Ben, e dava o gosto da mistura que o artista iria experimentar, através dos versos “esse samba que é feito de maracatu, samba de preto velho, samba de preto tu...” <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Cadê, Teresa?</span><br /><br />A batida inventada por Jorge Benjor atingiu seu auge num dos melhores e mais populares álbuns de sua carreira. Lançado em 1969, o disco em que era acompanhado pelo Trio Mocotó trouxe vários sucessos, entre eles “Cadê, Teresa?”, música que traça uma história de amor tendo como pano de fundo o samba do morro. “Cadê, Teresa? Onde anda minha Teresa? Teresa foi no samba lá no morro e não me avisou, será que arrumou outro crioulo, pois ainda não voltou...” <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijiNTdcoxyiY59d60qL9VzFkOnY112otIOcPBrn5BGy1FLqqF9uy6itWDWYIwA0nSyyC14rAPCwHyo2zP-fhrb0T2NN159kZt-z6oSh6X0nfTapiqI7sScsEOU2Z04utnzrizFHBVrBkc/s1600/Wilson-Simonal-Um-Sorriso-Pra-Voce.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 318px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijiNTdcoxyiY59d60qL9VzFkOnY112otIOcPBrn5BGy1FLqqF9uy6itWDWYIwA0nSyyC14rAPCwHyo2zP-fhrb0T2NN159kZt-z6oSh6X0nfTapiqI7sScsEOU2Z04utnzrizFHBVrBkc/s320/Wilson-Simonal-Um-Sorriso-Pra-Voce.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5588884003859966930" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">País Tropical</span> <br /><br />“País Tropical” fez um sucesso tão grande que tornou-se prefixo musical do Brasil no mundo. Exaltando as belezas de sua terra, ao modo de Ary Barroso, Jorge Ben fez uso de sua vasta gama de influências para criar essa pepita do cancioneiro brasileiro. A idéia de não pronunciar a segunda parte das palavras no decorrer da música marcou mais uma vez a criatividade do artista. Wilson Simonal foi um dos que a regravou com maior êxito comercial. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Charles, anjo 45</span> <br /><br />“Charles, anjo 45” denota a clara influência do blues americano no modo de contar uma história musical, falando as palavras. Na letra, Jorge Ben enaltece as qualidades de um morador do morro que acabou preso, mas que voltará para rever os amigos, saudosos de seu “Robin Hood...rei da malandragem, protetor dos fracos e oprimidos”. O tom de tristeza e indignação é ressaltado também na gravação de Caetano Veloso. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXUhEu-WeVvhqs0vDoltTD4VJXZ7I-glcjXPInJJS5iUU1wW55rCjDiENImKxWurQ97pwBPWEoHwNc5d4vKNGaSOZ585_Bua5iIckz1AmKYTGV34jc7ql77tzOYCa9pcrZZfARL_LiUoA/s1600/Trio_Mocoto_1973-thumb.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 304px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXUhEu-WeVvhqs0vDoltTD4VJXZ7I-glcjXPInJJS5iUU1wW55rCjDiENImKxWurQ97pwBPWEoHwNc5d4vKNGaSOZ585_Bua5iIckz1AmKYTGV34jc7ql77tzOYCa9pcrZZfARL_LiUoA/s320/Trio_Mocoto_1973-thumb.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5588884309809409522" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Fio Maravilha</span><br /><br />“Fio Maravilha” ganhou o Festival da Canção da TV Globo em 1972. A música composta por Jorge Ben foi interpretada pela folclórica Maria Alcina. Outro personagem folclórico, o atacante João Batista de Sales, do Flamengo, time de coração do músico, era que dava nome ao sucesso. Ao contrário do que se esperava Fio não gostou da homenagem, e processou Jorge Ben, que teve que passar a cantar “Filho” no lugar do verdadeiro apelido. Anos depois, em 2007, Fio voltou atrás e concedeu para Jorge Ben o direito de cantar a música tal qual havia sido composta. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDYd8J_UdF-LvMb9zrV1F5yV1iIBq25cdHUm9VTwF3dAmIIhw5AnCnjQ67aboB4Js0QifhHFFnkVnpk3jTR6XGiJYs90Z2vmRLULYJYy6T1Q9XysslVBumpfuPl1d-wPuf357o72amaHQ/s1600/img.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 280px; height: 280px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDYd8J_UdF-LvMb9zrV1F5yV1iIBq25cdHUm9VTwF3dAmIIhw5AnCnjQ67aboB4Js0QifhHFFnkVnpk3jTR6XGiJYs90Z2vmRLULYJYy6T1Q9XysslVBumpfuPl1d-wPuf357o72amaHQ/s320/img.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5588883249071208818" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">W/Brasil [Chama o Síndico]</span><br /><br />Em 1989, Jorge Ben alterou o seu nome artístico para Jorge Benjor. Algumas especulações como a numerologia e a carreira internacional do artista, que não queria ser confundido com o músico norte-americano George Benson, foram levantadas. Certo é que no ano seguinte ele lançou uma música que seria estouro nas pistas de dança. “W/Brasil” fazia uma brincadeira com uma famosa agência de publicidade brasileira, e aproveitava a deixa para prestigiar o amigo Tim Maia, conhecido como “Síndico” da canção no Brasil.<br /><br />Raphael Vidigal Aroeira<br /><br />Lido na Rádio Itatiaia dia 27/03/2011.Raphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-8303840431105597532011-03-27T15:18:00.000-07:002011-03-27T15:19:56.987-07:00Tango Brasileiro<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmv7scYAtWjWToWY5bhq0XVAeDJqaj2cTzntk6zQBvC8gMdme7q52yyrTWpU0ccmtt39PyUAMl3TL0-_NQyE2S7kdQJN6m28xo8Sz8XB2gKFkfLMsRBHI89K11zccNKw5LlkllqGoC7lA/s1600/ErnestoNazareth70anos-749714.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 229px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmv7scYAtWjWToWY5bhq0XVAeDJqaj2cTzntk6zQBvC8gMdme7q52yyrTWpU0ccmtt39PyUAMl3TL0-_NQyE2S7kdQJN6m28xo8Sz8XB2gKFkfLMsRBHI89K11zccNKw5LlkllqGoC7lA/s320/ErnestoNazareth70anos-749714.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5588878718602098258" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=4c69213" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object> <br /><br />Quando o Brasil começou a fazer música brasileira e deixou de apenas importar contribuições externas, Ernesto Nazareth estava lá, com seu piano e sua humildade. Fã declarado de Chopin, o músico se notabilizou por não negar a qualidade musical que emergia de fora, mas inserir a esse contexto o que havia de mais Brasil e mais buliçoso em termos de musicalidade erudita e popular; ao mesmo tempo; sem barreiras limitantes. Muitos foram contra e a favor seu espaço em ambas as categorias, mas sua música ultrapassava ao conquistar unanimemente ouvidos e corações de figuras tão acaloradas quanto detentoras de status para certificar o real caráter de Nazareth, “a verdadeira encarnação da alma musical brasileira” para Villa-Lobos, com quem tocou, “um virtuoso do piano”, segundo Mário de Andrade, “genial” para tantos. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsgcpy4gYdbS1FjSXwPXJqAGZ7ilJYmz-wai60M1L798M7Bfjl4nWu_78epmyYW0dDh6Xr5jj49StGQrDOMvue5rG8scciem0IneNmARLyGeJ14igwanBC1f1zIsrxr5Fxqa3yjjA2soo/s1600/ernesto+nazareth.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 250px; height: 227px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsgcpy4gYdbS1FjSXwPXJqAGZ7ilJYmz-wai60M1L798M7Bfjl4nWu_78epmyYW0dDh6Xr5jj49StGQrDOMvue5rG8scciem0IneNmARLyGeJ14igwanBC1f1zIsrxr5Fxqa3yjjA2soo/s320/ernesto+nazareth.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5588879137775192466" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Odeon</span><br /><br />O menino Ernesto Nazareth teve com a mãe as primeiras lições de piano, instrumento que conferia luxo e glamour para quem o possuísse no Rio de Janeiro do século XIX. Após a morte prematura da primeira professora, Ernesto intensificou os estudos com profissionais da área e fez das teclas suas ferramentas de trabalho. Apresentando-se na sala de espera do tradicional cinema Odeon a partir de 1910, dedicou a ele o que ficou conhecido como um de seus mais famosos “tangos brasileiros”, uma mistura de suas influências populares como o choro e o maxixe, com o cancioneiro erudito. Letrada inicialmente por Ubaldo para Dircinha Batista cantar, a música recebeu nova poesia em 1968, de Vinicius de Moraes, para interpretação de Nara Leão.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6We_GxU4rNQXlWXD0iNwLDhMafq4WDAJnQZTDq58Iel9wXlfx9S_oQC-RsRyWnxUqVs_xsK2GWbHHR0a4rPGtOsAIs93QBqDb7IaX2cdAet4AfMLGB0Mf4G_f6sk3QE429o5DH4RQk6g/s1600/Ernesto_Nazareth.JPG"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 222px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6We_GxU4rNQXlWXD0iNwLDhMafq4WDAJnQZTDq58Iel9wXlfx9S_oQC-RsRyWnxUqVs_xsK2GWbHHR0a4rPGtOsAIs93QBqDb7IaX2cdAet4AfMLGB0Mf4G_f6sk3QE429o5DH4RQk6g/s320/Ernesto_Nazareth.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5588879312053126770" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Brejeiro </span><br /><br />Embora aclamado pelos mais renomados entendedores da área, que aplaudiam a obra de Ernesto Nazareth justamente pelo enlaço popular que ele produzia à sua técnica erudita, o próprio compositor não se orgulhava de tal feita. Insistia em rechaçar a influência do maxixe, considerada música pecaminosa à época, e em tocar composições do mestre Chopin em detrimento das suas, quando podia. Há inclusive relatos de que o pianista saíra chorando de uma apresentação de Guiomar Novaes, lamentando-se por não ter estudado na Europa. Seja como for, por querer ou não, ele produziu no ano de 1893 outra peça estupenda de seu largo repertório, também denominado “tango-brasileiro”, Brejeiro. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiUkEqgx9XREpEC67dQ9-shn6n-mHVqhZVuW86-8x-NLE-r5FI0Uz02OWEVqKfCkzVPHQ4IKrfvq_-hn18SbqneOYTphsRiwboMje4ZKA_F12mmPnIb3YWOdcP8-vvVTYRl-iwVGyLyEM/s1600/ernestonazarethadulto.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 227px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiUkEqgx9XREpEC67dQ9-shn6n-mHVqhZVuW86-8x-NLE-r5FI0Uz02OWEVqKfCkzVPHQ4IKrfvq_-hn18SbqneOYTphsRiwboMje4ZKA_F12mmPnIb3YWOdcP8-vvVTYRl-iwVGyLyEM/s320/ernestonazarethadulto.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5588879462566124642" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Ameno Resedá </span><br /><br />Outro gênero bastante acolhido por Ernesto Nazareth foram as polcas. Delas compôs uma estimada quantidade para a música brasileira. A vigésima sexta recebeu o nome de “Ameno Resedá”, escrita em 1912 em alusão ao mais famoso rancho carnavalesco da cidade do Rio de Janeiro, cidade da qual o pianista apenas se ausentou para receber emocionantes consagrações em São Paulo e apresentar-se no Rio Grande do Sul e Montevidéu, no Uruguai. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Apanhei-te cavaquinho </span><br /><br />Inicialmente designada como polca, “Apanhei-te cavaquinho” ganhou letra famosa de Darci de Oliveira e interpretação virtuosa da “Rainha do Choro”, Ademilde Fonseca, recebendo então, a nova designação. Tal feito ocorreu em 1943, tendo sido antes composta no longínquo 1915. A quantidade de regravações e exaltações feitas à referida música exemplificam o valor irrevogável da obra de Ernesto Nazareth. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyf1fuxvXsCAcR8oMfY0GKsZDiSUfKUZl25vMrcEDLXJExCCP0wmJ6oXFMk-N2BqQrmrbCjHA5O70OVESFhmbeFuva1NvDXnT7TK-g4dHC7d1yJiOaGqVl8PP9u8ibJrntE9OQ_i_Qhhg/s1600/nazareth.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 198px; height: 286px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyf1fuxvXsCAcR8oMfY0GKsZDiSUfKUZl25vMrcEDLXJExCCP0wmJ6oXFMk-N2BqQrmrbCjHA5O70OVESFhmbeFuva1NvDXnT7TK-g4dHC7d1yJiOaGqVl8PP9u8ibJrntE9OQ_i_Qhhg/s320/nazareth.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5588879666557790226" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Bambino</span><br /><br />Ernesto Nazareth começou a ter problemas de audição quando caiu de uma árvore, ainda criança. Desde então, eles passaram a acompanhá-lo tal qual o piano. Diagnosticado com sífilis em estado avançado e já praticamente surdo, teve que ser internado na colônia Juliano Moreira, dedicada a pessoas com certo grau de loucura. Não foram raras as vezes em que fugiu e foi encontrado tocando compulsivamente um piano. Até que não mais voltou e faleceu nas águas de uma represa, dizem, em posição de criar mais uma das obras clássicas brasileiras, a exemplo de “Bambino”, o tango brasileiro que recebeu em 1913 letra de Catulo da Paixão Cearense, e mais recentemente, no ano de 2002, novos versos de José Miguel Wisnik, e a interpretação arrebatadora de Elza Soares. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9d1QQh1FsjSOw4Ldoh5yBfZ5qySB7CsAZ2bpRA8p8VqpKg_Mhlvc6VhrYaDTzujuyFunI49mgrfunxr2tk96MM-FY6E0_EX3dguKaIA2Wk5KLxFp0V3Co90jGUfZlzXoa8K-b2TWJQMw/s1600/fotos_nazareth_titulos.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 201px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9d1QQh1FsjSOw4Ldoh5yBfZ5qySB7CsAZ2bpRA8p8VqpKg_Mhlvc6VhrYaDTzujuyFunI49mgrfunxr2tk96MM-FY6E0_EX3dguKaIA2Wk5KLxFp0V3Co90jGUfZlzXoa8K-b2TWJQMw/s320/fotos_nazareth_titulos.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5588879850397164418" /></a><br /><br />Raphael Vidigal Aroeira<br /><br />Lido na Rádio Itatiaia dia 27/03/2011.Raphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3446927943394325679.post-85151912238608805362011-03-21T08:44:00.000-07:002011-03-21T08:45:04.991-07:00100 anos de Assis Valente<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCTVsIPu6Voub2ZK2JMvCakRtksCWbkwqaFNmBhMDFc6rbe1HISbFKzC2NsYLwhRMOpHWvmNUic_pdyZSaijLI6ILBdAUCD6EV3l5skFlFgntqMmZR9iYel19XHUiFYmjV_nFQ8w7jnEQ/s1600/AssisValente.gif"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 133px; height: 181px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCTVsIPu6Voub2ZK2JMvCakRtksCWbkwqaFNmBhMDFc6rbe1HISbFKzC2NsYLwhRMOpHWvmNUic_pdyZSaijLI6ILBdAUCD6EV3l5skFlFgntqMmZR9iYel19XHUiFYmjV_nFQ8w7jnEQ/s320/AssisValente.gif" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586555274223531682" /></a><br /><object width="353" height="132"><embed src="http://www.goear.com/files/external.swf?file=e53866b" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" quality="high" width="353" height="132"></embed></object> <br /><br />Artista de circo é difícil de achar. Artista espontâneo, que não toca instrumento e sabe rimar letra com melodia. Artista que faz arte até de dentadura, e é desenhista de mão cheia, embora os bolsos permaneçam vazios. Artista de circo desequilibra na corda bamba, como quem disfarça estar em perfeito estado de alegria, acostumado com tristezas natalinas. Assis Valente teve coração de artista e na Praia do Russel morreu em público. O povo cantou sua travessia: “Brasil Pandeiro”, “Uva de Caminhão”, “Fez bobagem”, “Camisa listrada”, provam a eternidade do artista de circo. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Boas Festas </span><br /><br />A canção natalina de maior sucesso nacional em todos os tempos é a triste constatação da solidão feita por um melancólico Assis Valente. Nascido no interior da Bahia, o compositor morava no Rio de Janeiro no Natal de 1932 quando teve inspiração para compor a música. Gravada um ano depois por Carlos Galhardo, com acompanhamento da Orquestra Diabos do Céu, regida e arranjada por Pixinguinha, faria sucesso inúmeras vezes nas vozes de Maria Bethânia, Roberto Carlos, Luiz Melodia e mais recentemente o grupo mineiro Pato Fu. Em versos, Assis Valente declara seu pedido não atendido por Papai Noel, pois para ele a “felicidade é brinquedo que não tem”. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZfZcrBm9wzBmY_2GwU5EgBTHPeICLnMT-p4_DyDQeB0d9Zz8gJilPt7YuALhjR-P1-4iOpFPP-lgJ-1yfJEeiltXDz1c1fKZu8W95KQogtLKcVQwzW7PxoiNBnSSV1k_XvyE3GYEWzTQ/s1600/Boas-Festas-de-Assis-Valente.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 159px; height: 301px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZfZcrBm9wzBmY_2GwU5EgBTHPeICLnMT-p4_DyDQeB0d9Zz8gJilPt7YuALhjR-P1-4iOpFPP-lgJ-1yfJEeiltXDz1c1fKZu8W95KQogtLKcVQwzW7PxoiNBnSSV1k_XvyE3GYEWzTQ/s320/Boas-Festas-de-Assis-Valente.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586555944469582530" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Cai, cai balão </span><br /><br />As festas juninas brasileiras também tiveram a intervenção pontual de Assis Valente. Para a comemoração do mês de frio ele compôs a suave marcha “Cai, cai balão”, lançada por Francisco Alves e Aurora Miranda no ano de 1933. Os versos lançam enredo de uma sagaz sabedoria popular: “quem sobe muito, cai depressa sem sentir”, e expressam um teor implícito na personalidade de Assis: a desconfiança das glórias, que segundo o próprio, numa explicação a Ary Barroso de uma das tentativas de suicídio, não “resgatam letras”. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_HeFSbi6cq5wL6Vnztep1JcwGbsrbI3WfAAkDetcH7GB8qM9vVAwDT5L5xeoSHwq4-N89SSKQw2F-dIucTVFg6ZL5uY74tLuogEux64TqOvV5cmWNPR_V40Bpwtxt44tAA7QzpEKsxjQ/s1600/assis-valente2.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 213px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_HeFSbi6cq5wL6Vnztep1JcwGbsrbI3WfAAkDetcH7GB8qM9vVAwDT5L5xeoSHwq4-N89SSKQw2F-dIucTVFg6ZL5uY74tLuogEux64TqOvV5cmWNPR_V40Bpwtxt44tAA7QzpEKsxjQ/s320/assis-valente2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586556146301772626" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Maria Boa</span> <br /><br />O primeiro sucesso de Assis Valente registrado por um grupo vocal foi o samba “Maria Boa”. Lançado pelo “Bando da Lua” no carnaval de 1935 ele acompanhou os foliões com a mesma alegria que o grupo iria acompanhar Carmen Miranda, musa inspiradora para quem Assis dedicou vários versos posteriores. A letra esbanja a sorte do autor de ter se encontrado com a Maria do título, que segundo ele, não ia “com a cara do homem quem tem a falinha macia”. Em 2001, Ney Matogrosso a regravou no álbum “Batuque”. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC8ur5G-A5bE6KoQkleFvPj2C4n8A_ViQFKrT2HW-wUjmTH3LGUKEGPZ5P7mVdlPm7uvhSklH927LDzDP9G1o00kkP-DcyjoHaxu_diqynL6iZU-fhTOi_E6Rw_GRNpa1vqdqAWKrmNp0/s1600/assis-valente.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 238px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC8ur5G-A5bE6KoQkleFvPj2C4n8A_ViQFKrT2HW-wUjmTH3LGUKEGPZ5P7mVdlPm7uvhSklH927LDzDP9G1o00kkP-DcyjoHaxu_diqynL6iZU-fhTOi_E6Rw_GRNpa1vqdqAWKrmNp0/s320/assis-valente.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586556322990599426" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Camisa listrada </span><br /><br />A camisa presente nas passarelas de rua do carnaval de 1938 foi a listrada de Assis Valente. Nela é possível perceber o desespero da mulher que vê o seu homem desfilar na avenida vestindo suas roupas, sua saia e sua combinação. A música é uma combinação entre alegria e tristeza, e mostra de forma debochada e simples o contraste entre a fantasia do homem que sai para se divertir e a preocupação da mulher que assiste àquilo com ares de repreensão. A música retrata o descompasso do amor entre a mulher que sofre em vão e o homem que vai à folia do carnaval. É um apelo que a mulher faz para que seu homem não se fantasie. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0XH0rO6W1xfSbz6HxpFUkn1g1g-9kOCgfc_ncuTODFftfq5QYqDpNRFJgKAU-s6E_8YN0hjQeO1exIZRUI8AEVVlsMq-DVQ_yzVVnXNUkgqD92XA5xFpiCLeU3ugeyc0wWk-33GJOl78/s1600/26531.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 225px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0XH0rO6W1xfSbz6HxpFUkn1g1g-9kOCgfc_ncuTODFftfq5QYqDpNRFJgKAU-s6E_8YN0hjQeO1exIZRUI8AEVVlsMq-DVQ_yzVVnXNUkgqD92XA5xFpiCLeU3ugeyc0wWk-33GJOl78/s320/26531.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586556523437153714" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">...E o mundo não se acabou </span><br /><br />Depois do estouro de “Camisa listrada”, Carmen Miranda gravou outra jóia do repertório de Assis Valente, no mesmo ano de 1938. “E o mundo não se acabou” é um samba-choro que brinca com a possibilidade milenar do fim do mundo. Alardeado por boatos de nova guerra mundial e coalizão de cometas contra a Terra, o caso virou gostosa música que premeditava o arrependimento daqueles que acreditavam no fim, caso a confirmação não viesse: “beijei a boca de quem não devia, peguei na mão de quem não conhecia, e o tal do mundo não se acabou”. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Uva de caminhão </span><br /><br />A vida de Assis Valente foi cercada de polêmicas e contradições. Muitos especulam sobre provável homossexualidade reprimida e gastos com amantes que o levaram ao endividamento, inclusive pessoas próximas, como a cantora Marlene que gravou o primeiro LP só com músicas de Assis, e seus biógrafos Francisco Nunes Silva e Dulcinéa Nunes Gomes. Uma das músicas de seu repertório que desperta interpretações controversas é o samba-revista “Uva de caminhão”. Segundo o jornalista Moacyr Andrade, a iminente ingenuidade da recitação de sucessos carnavalescos como “Florisbela”, “Flauta de Bambu”, “Pirulito” e “A Pensão da Dona Estela”, escondem a intenção do autor de falar sobre gravidez e aborto. Já para o pesquisador musical Rodrigo Faour, a música explicita a confirmação dos desejos homossexuais do compositor. Lançada mais uma vez por Carmen Miranda, “Uva de Caminhão” foi o último sucesso da dupla antes da Pequena Notável embarcar para os Estados Unidos, em 1939.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjncFNtJClZEeLTEcaY8Zro6hKIHJTl7fTxoLPA0sMlQGn8u795X8M-MfWrODmsubUzdSgCUrfoJaDXJ-KrqIKIuFaPYIM9eLIPINTvFJPk_aLoKTlsFuujEQ4kWR2E9TgUhintGMJ4rQo/s1600/carmen109.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 265px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjncFNtJClZEeLTEcaY8Zro6hKIHJTl7fTxoLPA0sMlQGn8u795X8M-MfWrODmsubUzdSgCUrfoJaDXJ-KrqIKIuFaPYIM9eLIPINTvFJPk_aLoKTlsFuujEQ4kWR2E9TgUhintGMJ4rQo/s320/carmen109.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586556774874486322" /></a> <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Recenseamento </span><br /><br />A última música de Assis Valente gravada por Carmen Miranda foi o samba “Recenseamento”, em 1940. Nele a história verídica do censo geral determinado por Getúlio Vargas servia de mote para a crônica sentimental do compositor, que aproveitava o tema para dar o seu pitaco irreverente sobre a medida. E a favela, que já lhe prestara homenagens com o morro de Mangueira a cantar suas músicas, era o plano de fundo ideal, na voz da moradora que listava seus bens: céu azul, Pão de Açúcar sem farelo, e outros. <br /><br /><span style="font-weight:bold;">Brasil Pandeiro </span><br /><br />Acarajé, cuscuz e abará, todos esses pratos preparados com o molho da baiana, fazem com que o Tio Sam do samba de Assis Valente não resista ao sabor da comida e do samba brasileiro. Composto em 1941, “Brasil Pandeiro” dedica seus versos a cantar as delícias do Brasil, como seu samba, seu terreiro, sua gente bronzeada e sua rica culinária, que desperta até o interesse dos distantes norte-americanos. A música havia sido feita para Carmen Miranda, espécie de amor platônico de Assis Valente, que acabou recusando, supostamente por possuir versos que exaltavam a ela própria. Por conta disso, foi lançada pelos “Anjos do Inferno”, grupo vocal que emplacaria diversos êxitos da lavra do compositor, e mais tarde renovada na interpretação dos “Novos Baianos”, em 1972. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhU8HthEEwr0i-HMQ_4ep8gPjSlXBwz_BUgAMEmSykwtA2gHzxpTAqLXVa2W-ip8BKO80qhUuhYckcYG9k7QjGBT0QRhqx9Dgmnz-qjaZ2azTNPrqf7G6qJNwyfuJvDBV-7HF2_jXtbyc/s1600/images.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 100px; height: 137px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhU8HthEEwr0i-HMQ_4ep8gPjSlXBwz_BUgAMEmSykwtA2gHzxpTAqLXVa2W-ip8BKO80qhUuhYckcYG9k7QjGBT0QRhqx9Dgmnz-qjaZ2azTNPrqf7G6qJNwyfuJvDBV-7HF2_jXtbyc/s320/images.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586557145907490210" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Fez bobagem </span><br /><br />Um mês depois do lançamento de “Brasil Pandeiro”, Assis Valente atirou-se do Corcovado e ficou preso em uma árvore, o que salvou sua vida do suicídio. Naquele mesmo ano, em janeiro, havia nascido sua única filha, Nara, fruto do casamento com Nadyle da Silva, 15 anos mais nova. O casamento não durou muito tempo, ao contrário da relação com a filha, que teve o nome tatuado no corpo do pai, na época considerada uma subversão. Os desentendimentos amorosos foram mais uma vez retratados em música por Assis, no ano de 1942, em samba intitulado “Fez bobagem”, lançado por Aracy de Almeida. A letra escancarava o desacordo de um enciumado triângulo amoroso, e recebeu versões de Elza Soares, Teresa Cristina e Caetano Veloso. A dor trazida por Assis era dedilhada em versos: “dá vontade de chorar, e de morrer”. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPCIKbWMA1XiHaHGqFg6mPGEy4EyvqZXYelm7BwabjtI-CKztDMNe3bh76OUUnZvgptiPlRW9lh1dQxf7c4Qh9kYK75CFNK1GyREQUZAF11R93EmfdH0cfoIe2WYomS5btRkLYOND2EhQ/s1600/ASSIS+VALENTE.jpg"><img style="float:right; margin:0 0 10px 10px;cursor:pointer; cursor:hand;width: 204px; height: 159px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPCIKbWMA1XiHaHGqFg6mPGEy4EyvqZXYelm7BwabjtI-CKztDMNe3bh76OUUnZvgptiPlRW9lh1dQxf7c4Qh9kYK75CFNK1GyREQUZAF11R93EmfdH0cfoIe2WYomS5btRkLYOND2EhQ/s320/ASSIS+VALENTE.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586557303092046290" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">Boneca de pano </span><br /><br />O derradeiro sucesso popular de Assis Valente foi o samba “Boneca de pano”, gravado pelos “Quatro Ases e um Coringa”, em 1950. Ele que estava acostumado a portar sempre foto e caneta para distribuir autógrafos já não convivia com o sucesso de perto, devido à época que se abria para a bossa nova na canção brasileira. A música trazia o relato de uma vivência de Assis, como era por costume em suas letras, o encontro com uma moça da Lapa que tivera trágico final. Como viria a acontecer com o próprio autor, que deixou órfã de seu talento a arte brasileira de inventar melodias e versos, por decisão própria, diante do espanto admirado daqueles que presenciaram sua essência musical. 100 anos depois de seu nascimento, foi-se o espanto, permanece a admiração. <br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9oLlnJlWcQxVh3XnOEyyHYMKDWEgC2YGnU9mDYdReAzujnGsOq9ptTu1OBNwEUbm2PqiFsvaehIvWbiwAtKwHVZP0FIzt5tWt0XWetLpvrW5l0TOFMyC3bv4_TZlDMml5HVmh7AZDHMM/s1600/assis-valente05.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 138px; height: 176px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9oLlnJlWcQxVh3XnOEyyHYMKDWEgC2YGnU9mDYdReAzujnGsOq9ptTu1OBNwEUbm2PqiFsvaehIvWbiwAtKwHVZP0FIzt5tWt0XWetLpvrW5l0TOFMyC3bv4_TZlDMml5HVmh7AZDHMM/s320/assis-valente05.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586557569633491298" /></a><br /><br />Raphael Vidigal Aroeira<br /><br />Lido na Rádio Itatiaia dia 20/03/2011.Raphael Vidigalhttp://www.blogger.com/profile/11261094260704084333noreply@blogger.com1