domingo, 13 de junho de 2010




Bandeirinhas coloridas dançam uma quadrilha ao sabor do vento e da canjica.
A noiva veste branco, o padre sua bata preta e o noivo está amarelo de tanto medo!
Ao redor deles, os convidados completam a festa com roupas de todas as cores.
As mulheres com seus vestidos de chita e Maria Chiquinha no cabelo.
Os homens de camisa xadrez, calça remendada com panos coloridos e chapéu de palha.
Aquelas que ainda não encontraram um noivo fazem simpatias para Santo Antônio.
Aqueles que já encontraram uma noiva pedem a chave dos céus para São Pedro.
E aqueles que não querem uma coisa nem outra pulam a fogueira de São João!



“Pula a fogueira Iaiá,
Pula a fogueira Ioiô
Cuidado para não se queimar
Olha que a fogueira já queimou o meu amor”

Olha os fogos de artifício para acordar São João.
Os balões no céu para oferecer aos 3 santos festeiros.
Todos nesse arraial dançam o “Anarriê!”
Com direito a quentão, cocada, pé de moleque e arroz doce.
E claro, não pode faltar a maçã do amor.
Não pode faltar também a sanfona, que escorrega na mão do sanfoneiro mais do que um pau de sebo.
Escorrega na mão do sanfoneiro no ritmo da cabrocha que roda o vestido, segura a saia e dança graciosa de pé no chão.
Enquanto seu par tira o chapéu, bate o pé e leva a cabrocha bonita no ritmo da sanfona, do cavaquinho, o triângulo, o pandeiro, a zabumba e o violão.
Olha a cobra! É mentira!
E lá vem o balão caindo!
E lá vem São João!



“Chegou a hora da fogueira
É noite de São João
O céu fica todo iluminado
Fica o céu todo estrelado
Pintadinho de balão”

Resta saber agora quem vai ficar sozinho e quem vai arranjar um par.
É dia dos namorados e Santo Antônio fica muito atarefado.
Por isso não custa nada pedir uma ajudinha aos outros santos!

“Implorei a São João
Desse ao menos um cartão
Que eu levava a Santo Antônio
São João ficou zangado
São João só dá cartão
Com direito a batizado”

E claro, muito cuidado para Pedro não levar a filha de João e deixar Antônio chorando!

“Com a filha de João
Antônio ia se Casar
Mas Pedro fugiu com a noiva
Na hora de ir pro altar”



É festa de Lamartine Babo, Braguinha, Haroldo Lobo, Assis Valente, Luiz Gonzaga e Marinês!
É festa do povo, da gente!
É o mês de junho e seu frio.
O calor da festa junina!
A criançada que solta bombinha rojão, explodindo em alegria!
Barraquinhas oferecem jogos: acerte a boca do palhaço, ganhe na pescaria!
Se proteja em volta da fogueira contra os maus espíritos.
Dance o forró, o xote, o baião, o arrasta-pé e o reizado!
Aproveite todas as delícias nordestinas!



“Olha pro céu, meu amor
Vê como ele está lindo
Olha praquele balão multicor
Como no céu vai sumindo
Foi numa noite, igual a esta
Que tu me deste o teu coração
O céu estava, assim em festa
Pois era noite de São João”

Quando o som da sanfona for aos poucos ficando mais baixo, as bandeirinhas forem se retirando e o fogo for lentamente recolhendo-se ao vento, ficará pregado nos ouvidos, barbantes e lenhas o cheiro do quentão, o gosto de canjica e as orações para os santos dançadas na forma de canção, de forró e de baião. Ficará pregado como melado no pau de sebo, como o frio que congela os dedos, o sabor da festa nordestina, a festa brasileira, nossa querida Festa Junina!

“Noite fria, tão fria de junho
Os balões para o céu, vão subindo
Entre as nuvens aos poucos, sumindo
Envoltos num tênue véu
Os balões devem ser, com certeza
As estrelas daqui deste mundo
Que as estrelas do espaço profundo
São os balões lá no céu”



Raphael Vidigal Aroeira

Lido na Rádio Itatiaia dia 13/06/2010.

2 comentários:

Alessandra disse...

Mto boa a relação da festa junina com os santos aclamados, com a comida e brincadeiras!

diego disse...

Não gosto e nunca gostei da festa junina. Talvez por ser a manifestação mais brasileira de todas, e eu, um tupiniquim de araque, que sonha com o sonho americano e o sangue azul europeu não me enxergue de xadrez e chapéu de palha.
Apesar das nossas diferenças, sempre respeitei essa que para mim é a maior manifestação da espontaneidade do povo brasileiro. Vamos simular um casamento, dançar e comemorar a vida, porque é isso que nos prende a este mundo. Os doces, as comidas típicas e a bebida é um detalhe em meio a consagração de que viver é bom demais da conta só.

Abraçossss

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