domingo, 27 de março de 2011




Um balanço ritmado por cuíca e guitarra. Nos embalos de sábado à noite e nas manhãs de carnaval nasceu na periferia de São Paulo uma dança trazida ao gosto popular por Jorge Ben, garoto do Beco das Garrafas que na metade da década de 60 mostrou ao mundo seu “sacundin sacunden”. Virou samba-rock a adesão de batidas elétricas a temas acústicos e universos distintos, como a bossa de João Gilberto e o canto falado do blues, a partir de histórias simples cantadas com entusiasmo. De uma vertente criou asas a pilantragem de Carlos Imperial e Wilson Simonal. A ala soul teve liderança de Tim Maia, Cassiano, Hyldon, e mais tarde, Sandra de Sá. Completava o time, seguidores fiéis que acompanhavam o ritmo, como o Trio Mocotó (formado por Nereu Gargalo, Fritz Escovão e João Parayba), Branca di Neve e Bebeto, além de eventuais flertes com artistas de searas amplas, como os tropicalistas da banda Mutantes, que em 1968, gravaram A Minha Menina, sucesso instantâneo de autoria de Jorge Bem Jor, o pai que sem assumir a cria (jamais aceitou o termo samba-rock) viu os frutos espalharem-se na música brasileira.



Mas, que nada

“Mas, que nada”, foi lançado num compacto simples de 1963, o primeiro de Jorge Ben, e dava o gosto da mistura que o artista iria experimentar, através dos versos “esse samba que é feito de maracatu, samba de preto velho, samba de preto tu...”

Cadê, Teresa?

A batida inventada por Jorge Benjor atingiu seu auge num dos melhores e mais populares álbuns de sua carreira. Lançado em 1969, o disco em que era acompanhado pelo Trio Mocotó trouxe vários sucessos, entre eles “Cadê, Teresa?”, música que traça uma história de amor tendo como pano de fundo o samba do morro. “Cadê, Teresa? Onde anda minha Teresa? Teresa foi no samba lá no morro e não me avisou, será que arrumou outro crioulo, pois ainda não voltou...”



País Tropical

“País Tropical” fez um sucesso tão grande que tornou-se prefixo musical do Brasil no mundo. Exaltando as belezas de sua terra, ao modo de Ary Barroso, Jorge Ben fez uso de sua vasta gama de influências para criar essa pepita do cancioneiro brasileiro. A idéia de não pronunciar a segunda parte das palavras no decorrer da música marcou mais uma vez a criatividade do artista. Wilson Simonal foi um dos que a regravou com maior êxito comercial.

Charles, anjo 45

“Charles, anjo 45” denota a clara influência do blues americano no modo de contar uma história musical, falando as palavras. Na letra, Jorge Ben enaltece as qualidades de um morador do morro que acabou preso, mas que voltará para rever os amigos, saudosos de seu “Robin Hood...rei da malandragem, protetor dos fracos e oprimidos”. O tom de tristeza e indignação é ressaltado também na gravação de Caetano Veloso.



Fio Maravilha

“Fio Maravilha” ganhou o Festival da Canção da TV Globo em 1972. A música composta por Jorge Ben foi interpretada pela folclórica Maria Alcina. Outro personagem folclórico, o atacante João Batista de Sales, do Flamengo, time de coração do músico, era que dava nome ao sucesso. Ao contrário do que se esperava Fio não gostou da homenagem, e processou Jorge Ben, que teve que passar a cantar “Filho” no lugar do verdadeiro apelido. Anos depois, em 2007, Fio voltou atrás e concedeu para Jorge Ben o direito de cantar a música tal qual havia sido composta.



W/Brasil [Chama o Síndico]

Em 1989, Jorge Ben alterou o seu nome artístico para Jorge Benjor. Algumas especulações como a numerologia e a carreira internacional do artista, que não queria ser confundido com o músico norte-americano George Benson, foram levantadas. Certo é que no ano seguinte ele lançou uma música que seria estouro nas pistas de dança. “W/Brasil” fazia uma brincadeira com uma famosa agência de publicidade brasileira, e aproveitava a deixa para prestigiar o amigo Tim Maia, conhecido como “Síndico” da canção no Brasil.

Raphael Vidigal Aroeira

Lido na Rádio Itatiaia dia 27/03/2011.

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