domingo, 13 de fevereiro de 2011




Cauby Peixoto veste as músicas que canta com a grandeza de sua voz. De pérolas, brilhantes e cristais. Tal qual um estilista da canção, ele recheia de jazz e suingue próprio os ritmos mais brasileiros. Cauby desenha palavras adornando o límpido de sua voz, que ele apresenta no palco sob cortina exuberante. A cortina é sua figura, sua presença tão sobressaída quanto o motivo dos gritos da platéia: a voz de um cantor da geração de ouro do rádio brasileiro que segue abrasadora em tempos indistintos.



Conceição

É impossível não ligar “Conceição” ao nome de Cauby Peixoto. Ela é resultado da inspiração de dois compositores para tratarem o tema e do poder que um intérprete pode exercer sobre a música. Se não é possível afirmar que todos sabem o nome dos autores Jair Amorim e Dunga, é provável apostar que Cauby tornou-se mais dono da canção que quem a germinou. Isso porque a verdadeira germinação popular deu-se quando ela atravessou sua voz extensa. Não à toa Cauby cantando “Conceição” tornou-se um verdadeiro espetáculo à parte. Com direito a todas as pompas que o cantor sempre adorou.



Começaria tudo outra vez

Ao som de bolero, samba, baião ou toada. Assim Gonzaguinha escreveu seu nome na canção brasileira. Um nome que já tinha peso antes mesmo dele nascer, e que foi aos poucos penetrando nos ouvidos das pessoas com aquele diminutivo. O menino esguio que falava de dramas, amores e problemas sociais, cresceu. Gonzaguinha no palco era solto, espontâneo, como se estivesse em casa, mas ao escrever era incisivo, agudo, dando a medida que lhe cabia da força dos relacionamentos humanos em sua vida. Não imaginava ele que em 1976, só estava no começo, mas ainda assim decidia: “Começaria tudo outra vez, se preciso fosse, meu amor...”, nas vozes marcantes de Cauby Peixoto e Ângela Maria, um bolero inesquecível.

Bastidores

Chico Buarque escreveu para Cauby Peixoto uma das pérolas mais elegantes de seu repertório. “Bastidores” visualiza o veludo da voz de Cauby quando ele retornava à mídia depois de um tempo afastado, em que seu estilo foi considerado ultrapassado. Em 1980 não apenas Chico, mas vários compositores da música brasileira que surgia como Caetano Veloso, Eduardo Dussek e Joanna dedicaram canções ao ídolo de gerações. “Bastidores” é o carro-chefe que transporta a espetacular voz de Cauby Peixoto com todas as suas jóias.



Raphael Vidigal Aroeira

Lido na Rádio Itatiaia dia 13/02/2011.

0 comentários:

Postar um comentário

Copyright 2010 A Força Que Nunca Seca *Template e layout layla*