segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011




“Vamos voltar à pilantragem!” anuncia a voz cheia de bossa e suingue estonteante do porte de um negro com bandana na cabeça e reverência à Martin Luther King. Ele rege o coro da platéia enquanto sua presença move multidões com “Meu limão, meu limoeiro”. Que poder é esse do homem chamado Simonal? É o poder da música. Do canto belo. Simonal é pura música, canto belo.



Sá Marina

A música brasileira procurava juntar influências no meio da década de 60, e foi com essa idéia que Antônio Adolfo compôs com Tibério Gaspar a “toada-moderna”, segundo ele, “Sá Marina”, estouro na voz de Wilson Simonal em 1968, ficando com o posto de primeiro lugar nas paradas por 19 semanas seguidas. A união de bossa nova, toada e iê iê iê surtiu o efeito esperado, Sá Marina subiu a ladeira para não descer mais.



Mamãe passou açúcar em mim

Sem vergonha de utilizar métodos artificiais para promover seus objetivos, o Gordo, apelido de Carlos Imperial por sua postura corpulenta e despachada no comando de seus programas de TV ou no cinema, teve fundamental importância na criação do chamado rock jovem na música brasileira, que mais tarde ele rebatizaria de “pilantragem”. Depois de tentar lançar sem sucesso o ícone da Jovem Guarda que viria a ser Roberto Carlos e de participar da produção do primeiro álbum de Elis Regina, posta para rivalizar com Celly Campelo, Imperial viu no mulato Wilson Simonal sua mina de ouro descoberta. Foi pensando nele que o apresentador, cantor e agitador cultural mais aplaudido e vaiado nos anos 60, compôs a convencida “Mamãe passou açúcar em mim”, em 1966: “Eu era neném, não tinha talco, mamãe passou açúcar em mim, mamãe passou açúcar em mim”

Vesti azul

Wilson Simonal era segundo Luís Carlos Mielle, “o maior cantor do Brasil”, e isso na década de 60 era inegável de se contestar. Não à toa ele comandava programas de TV, a exemplo do “Show em Si Monal” na Record e era frequentemente líder de vendas de discos. Foi por essa época, em 1968, que ele gravou uma canção de Nonato Buzar chamada “Vesti Azul”, cantada no mesmo ano com o nome de “Anjo Azul” pela cantora mirim Adriana, de apenas 14 anos. A versão de Simonal, como não poderia deixar de ser, chamou bem mais atenção.



Raphael Vidigal Aroeira

Lido na Rádio Itatiaia dia 27/02/2011.

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