segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011




Miltinho é a voz do poema das mãos, da lágrima, da menina moça e da mulher de trinta. A voz que conta as estrelas do céu, as fases da lua e as gotas de água do mar. Na voz de Miltinho, o mundo ganha novas medidas, deixando um cheiro de saudade a cada instante.

“Nas minhas mãos a despedida
Nas tuas mãos a minha vida”


Miltinho divide os sambas com a destreza de quem esculpe uma pedra. Sambando com elegância por entre as notas. Juntando corações numa única batida de frases.



Mulher de trinta

Um dos primeiros sucessos da carreira de Miltinho foi o samba-bossa “Mulher de trinta”, que ele cantou em 1960 depois de passar pelos conjuntos vocais Cancioneiros do Luar, Namorados da Lua e Quatro Ases e um Coringa, como cantor e pandeirista. A música de Luís Antônio era um convite feito para uma mulher que já passou por muitas experiências, com a promessa de que ainda existem trilhas a serem percorridas, quem sabe ao lado do cantor da canção.

Menina moça

No mesmo ano que cantou “Mulher de trinta”, Miltinho lançou outro sucesso de Luís Antônio, com título que era justamente o oposto da outra música. “Menina moça” é um samba-bossa que reflete a beleza “mais menina que mulher” em comparações com a flor, o sol, a lua e o mar. O tempo é o grande tema da música de Luís Antônio.



Palhaçada

Miltinho é, sem dúvida, o grande intérprete de “Palhaçada”, samba de Luiz Reis e Haroldo Barbosa lançado em 1961. Sua voz anasalada e metálica cai como uma luva para vestir os trejeitos do homem que compreende as necessidades de sua amada e se submete a vestir-se tal qual o grande artista do circo: “cara de palhaço, roupa de palhaço, até o fim”.

Meu nome é ninguém

Outra grande canção da parceria Haroldo Barbosa e Luiz Reis gravada por Miltinho foi o samba “Meu nome é ninguém”, lançado pelo cantor em 1962. “Foi assim, a lâmpada apagou, a vista escureceu, um beijo então se deu”. Os sintomáticos versos iniciais da canção prenunciam o clima romântico e de conquista, mas surpreende por seu gran finale trágico, encerrando o caso sem mais delongas: “meu nome é ninguém, e o seu nome também...ninguém.”



Poema do olhar

Evaldo Gouveia e Jair Amorim deram a Miltinho uma das mais bonitas músicas de seu repertório. O samba-canção “Poema do olhar”, interpretado pelo cantor em 1962, contorna os simbolismos de uma relação baseada na entrega tão imensa que possibilita enxergar a si nos olhos da amada. Até que ela resolve fechar os olhos e não mais receber essa luz.

Lembranças

Miltinho se envolve com as “Lembranças” de um triste Raul Sampaio ao entoar a parceria do compositor capixaba com Benil Santos, lançada em 1962. “Lembro um olhar, lembro um lugar, teu vulto amado, lembro um sorriso e o paraíso, que tive ao teu lado.”



Raphael Vidigal Aroeira

Lido na Rádio Itatiaia dia 20/02/2011.

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