segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011




O bom compositor não se faz pelo nome, mas pelo conteúdo. Pedro Caetano nunca foi compositor, pelo menos era isso o que a formalidade lhe falava, pois manteve seu lar com o dinheiro dos calçados e vestidos que vendia por toda a vida, só aparecendo de corpo e cara para gravar um disco próprio aos 64 anos. Mas a essa altura suas músicas já eram cantadas por muitos outros, populares e profissionais, sempre com popularidade e qualidade elevadas. Ciro Monteiro, Orlando Silva, Sílvio Caldas colocaram na boca suas músicas. Noel Rosa, Pixinguinha, Claudionor Cruz, apertaram com instrumento e lápis suas composições. Era o conteúdo que fazia de Pedro Caetano compositor, e dos bons, hoje aos 100 anos comemorados na última terça-feira.



Caprichos do destino

O primeiro sucesso de Pedro Caetano foi a valsa “Caprichos do destino”, lançada por Orlando Silva em seu auge, no ano de 1938. A valsa em parceria com Claudionor Cruz conta a história de um homem que se vê desenganado pelo destino tortuoso que lhe coube, e pensa em desistir.

Botões de Laranjeira

Maria Madalena dos anzóis Pereira só não existiu porque o seu nome era na verdade Maria Madalena de Assunção Pereira, mas a censura obrigou o compositor Pedro Caetano, por sugestão do radialista César Ladeira, a trocar o nome da menina que o pediu que fizesse a música. Para preservar a privacidade das pessoas, nomes próprios por extenso eram proibidos. E assim nasceu a canção lançada por Ciro Monteiro no ano de 1942, em ritmo de samba-choro.



O que se leva dessa vida

Ciro Monteiro tornou célebre outra composição de Pedro Caetano, o samba “O que se leva dessa vida”, lançado por ele em 1946 com acompanhamento do regional de Benedito Lacerda e do clarinetista Caximbinho. A música tornou-se um dos standarts da carreira de Ciro e imortalizou os versos leves e nobres da composição bem humorada de Pedro Caetano sobre as possíveis asperezas da vida.

Onde estão os tamborins?

O sumiço do sambista Cartola, fundador da Estação Primeira de Mangueira, deixou a escola quieta e sem o brilho verde e rosa que costumava ofuscar as outras. Foi essa fase pouco inspirada que levou o compositor Pedro Caetano a reclamar publicamente, em forma de samba lançado no carnaval de 1947 pelo conjunto vocal Quatro Ases e um Coringa, com grande sucesso de público que cantou na avenida: “Mangueira, onde é que estão os tamborins, ô nêga?”



É com esse que eu vou

“É com esse que eu vou” conclama o espírito carnavalesco a pisar na avenida sem menores distinções de raça ou classe. O importante é ir no embalo do samba que alegra o carnaval brasileiro. Uma festa que começou no caderninho de Pedro Caetano durante uma viagem de trem de Vitória para Belo Horizonte, passou pelas vozes dos Quatro Ases e um Coringa e chegou até Elis Regina, regravando-a 25 anos depois de lançada em 1948.



Raphael Vidigal Aroeira

Lido na Rádio Itatiaia dia 06/02/2011.

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